Celebramos no primeiro dia do ano do calendário civil, 1º de janeiro de 2022, o Dia Mundial da Paz, concluindo a Oitava de Natal. É um momento propício para falarmos de amorosidade e boas novas, pois acabamos de celebrar o Santo Natal, a festa da Sagrada Família e reafirmamos toda nossa devoção ao Menino Jesus que nasceu humilde para concretizar a humanidade do amor de Deus por nós.
Para esta 55ª celebração do Dia Mundial da Paz, o Santo Padre escolheu como tema: “Diálogo entre gerações, educação e trabalho:
instrumentos para construir uma paz duradoura”. A paz é fruto de esforços de todos os povos, de justiça social e da presença de Deus entre nós. Só haverá paz em nossos lares, no nosso trabalho, no seio da nossa família e na sociedade como um todo se assumirmos um compromisso inegociável com os ensinamentos de Cristo. Somos imperfeitos, vivemos em tempos difíceis e violentos, especialmente, quando nos afastamos de nossas origens e deixamos os valores materiais mundanos dominar as nossas vidas.
As palavras do profeta Isaías ainda ecoam e confortam os corações mais endurecidos: “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Is 52,7). Cuidemos para que todas as palavram que saem das nossas bocas sejam verdadeiramente guiadas pelo Espírito Santo e mensageiras da paz e do amor que Deus tem conosco.
No mundo todo, no dia 1º de janeiro, muita gente gosta de usar roupas brancas para simbolizar a paz. Precisamos construir uma paz genuína, capaz de transformar a vida do nosso irmão e irmã que está ao nosso lado e não consegue ter paz, muitas vezes, porque não tem um trabalho digno, falta o pão na mesa e a violência e as drogas impedem o lar de progredir e de uma convivência harmoniosa. Devemos nos perguntar, nesse Dia Mundial da Paz, como Jesus agiria para restaurar a paz em tempos com tantas pessoas machucadas. O que cada um de nós pode fazer hoje para consolar e ser instrumento da paz no mundo?
Na Santa Missa, sempre repetimos as palavras de Jesus: “a Paz do Senhor esteja convosco”. Essa é a paz que devemos perseguir diariamente, não apenas no primeiro dia do ano, mas em todas as horas, situações e lugares que estivermos. E completando a frase de Jesus: “Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Jesus escolheu seus seguidores com a missão precípua de levar a paz a todos os povos.
O Papa Francisco apontou alguns caminhos concretos para alcançarmos a paz e justiça social em sua Mensagem para a Celebração do 55º Dia Mundial da Paz: “Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar ‘possível a criação dum pacto social’, sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz”
Em mais um ano marcado pela pandemia da Covid-19, que afetou a saúde, a economia e a dignidade humana de várias formas, enlutando milhares de famílias em todos os cantos do mundo, somos chamados a transmitir a força do amor e da paz que só quem vive em Cristo pode sentir. Aproveitemos o início do ano de 2022, para renovarmos, também, nossas ações, estando mais próximos dos nossos familiares, especialmente, dos idosos e das crianças, sendo presença e testemunha viva do amor de Cristo e da comunhão com Deus.
Em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, quero agradecer a cada um que colabora diariamente para ser instrumento da paz, doando seu tempo em ações pastorais, compartilhando o alimento, vestimentas, saúde, emprego, ajudando a transformar a dura realidade do povo do Rio de Janeiro. Vivemos o ano da Comunhão. O presépio, que contemplamos durante o Natal, nos ensina a comunicar a comunhão a todos os homens e mulheres, construindo a paz.
Vamos nos unir em uma intensa corrente de oração, junto com o Santo Padre, pedindo pela paz em todo o mundo, lembrando os governantes de suas responsabilidades, animando pastores e lideranças pastorais, formando uma corrente de paz e de esperança!
Sejamos construtores da paz! Vivamos a paz que o presépio nos inspira no seguimento do Deus Menino!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ