O mês de agosto é um mês especial para a Igreja, pois é o mês dedicado às vocações. Ao longo desse mês, a Igreja não lembra somente das vocações sacerdotais e religiosas, mas de todas as vocações que cada batizado é chamado a exercer na Igreja. Do mesmo modo que Jesus conta a parábola dos talentos, que devemos descobrir qual o talento que Deus nos dá, de igual modo devemos descobrir para qual vocação Deus nos chama. A vocação é dom de Deus, um chamado do alto e cabe a nós respondermos a esse chamado.
A maneira ideal de responder a esse chamado e descobrir a qual vocação Deus nos chama é por meio da oração, pedindo a iluminação do Espírito Santo. À medida que vamos rezando, Deus vai falando em nosso coração. Dependendo de qual vocação Deus nos chama, podemos participar da Pastoral Vocacional que tem na paróquia ou da Pastoral Vocacional Arquidiocesana.
Deus pode chamar alguns a serem sacerdotes, religiosos ou religiosas, ou a assumirem algum outro ministério dentro da Igreja, como por exemplo, ministro extraordinário da Sagrada Comunhão Eucaristia, catequista, ministério de música ou ministério do leitor. Como cristãos católicos, não podemos apenas ir à Igreja participar da missa e ir embora, mas temos que nos colocar a serviço e de alguma forma servir a Igreja e ao próximo.
Ao longo do mês de agosto, a Igreja recorda em cada semana uma vocação específica. No primeiro domingo do mês, recorda a vocação ao sacerdócio e ministério ordenado; no segundo domingo, recordamos a vocação à família e à paternidade; no terceiro domingo, recordamos a vocação à vida religiosa e consagrada; e no quarto domingo, recordamos a vocação dos serviços e ministérios e no último domingo a do catequista, que exerce uma função importante, diria, fundamental, um verdadeiro ministério dentro da Igreja.
Esse ano o mês vocacional tem um sentido especial. Desde novembro do ano passado, estamos vivendo o terceiro ano vocacional com o tema: “Vocação, graça e missão”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24, 32-33).
O tema desse ano vocacional chama a atenção, pois de fato a vocação é uma graça e dom de Deus e, a partir da resposta afirmativa à vocação que Deus nos chama, somos impulsionados a sair em missão. O lema também chama a atenção, pois quando nos identificamos com a vocação, o nosso coração arde e fica alegre por estarmos no caminho do serviço ao Senhor e ao próximo.
Rezemos por todas as vocações, mas sobretudo peçamos ao Senhor operários para a messe, pois a messe é grande e os operários são poucos. Que sobretudo os jovens se sintam atraídos por Deus e respondam com alegria ao chamado do Senhor. Em cada semana desse mês vocacional, peçamos ao Senhor bons padres, bons pais de família, bons religiosos e religiosas e bons leigos a serviço do Reino de Deus.
Cristo é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Temos que estar intimamente ligados à cabeça, por isso, cada um tem que escolher uma vocação com a qual se identifica na Igreja. Desde o nosso batismo, somos chamados a ser, além de testemunhas de Cristo, sal na terra e luz no mundo, e concretizaremos isso assumindo uma vocação.
Ao celebrar o mês vocacional, a Igreja lembra de todas as vocações e, também, de que todos têm o seu lugar na Igreja. Nenhum grupo ou pastoral é fechado na Igreja, mas todos devem estar abertos para acolher novos membros. Todos os fiéis podem ajudar a edificar o Reino de Deus. O vocacionado deve ser alegre e transmitir essa alegria aos demais, pois quem serve a Cristo é feliz.
Os demais membros da comunidade, vendo a alegria do vocacionado, vão se interessar em servir ao Senhor, também. Não pode ser sacerdote, religioso ou religiosa, catequista ou pai de família de maneira triste e fazer as coisas com raiva, tem que abraçar a vocação com amor, além de desejar aquela vocação.
Como qualquer coisa na vida, não podemos assumir uma vocação de maneira obrigada, ou porque outros querem que assumamos tal vocação, mas temos que assumir a vocação porque queremos, por vontade própria.
Se assumirmos uma vocação de maneira obrigada, ou porque outros querem, o risco de não dar certo será grande, além de ser infeliz na escolha. Outra questão fundamental para abraçar uma vocação é a maturidade e a certeza do passo que está dando. É uma responsabilidade muito grande a escolha pelo sacerdócio, vida religiosa ou a escolha para constituir família. Pensemos sempre nisso e quem é vocacionado repense a sua vocação, se está nela por amor ou porque alguém mandou.
Por fim, como fruto do mês vocacional, podemos promover em nossas paróquias o Serviço de Animação Vocacional (SAV), se ainda não existe, ou se já existe, procurar aperfeiçoar esse serviço, sempre com plantões de atendimento para acolher quem queira tirar as dúvidas sobre a vocação. Por meio do serviço de animação vocacional paroquial, é possível encaminhar os jovens para uma conversa com o padre da paróquia e depois o possível encaminhamento para o serviço de animação vocacional arquidiocesano.
Que Deus nos abençoe e a Virgem Maria, mãe das vocações, direcione os passos de todos os vocacionados, para que possam fazer a escolha certa. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ