Na próxima Segunda-Feira, dia 8 de janeiro de 2024, termina o tempo litúrgico do Natal com a festa do Batismo do Senhor e na Terça-Feira, dia 9, inicia-se o Tempo Comum. O período é o mais extenso do calendário litúrgico, são 34 semanas culminando com a Solenidade de Cristo Rei. Com a celebração da Solenidade de Cristo Rei entra-se na última semana do ano litúrgico, e na semana seguinte inicia-se o tempo do advento e novo ano litúrgico.
O tempo comum é dividido em duas partes, com a primeira iniciando agora nesta Terça-feira, dia 9, e durando até terça-feira de Carnaval. A partir da Quarta-feira, com a celebração das cinzas, entra-se no tempo da Quaresma e, posteriormente, no tempo pascal. O tempo comum retorna após a festa de Pentecostes e vai, como dito acima, até a festa de Cristo Rei.
A Igreja divide dessa forma o ano litúrgico, pois se observamos bem, um tempo litúrgico está intimamente ligado com o outro, ou seja, essa primeira parte do tempo comum acontece logo após a festa do batismo do Senhor, quando é revelada por Deus Pai a missão do filho de Deus. Jesus é a anunciado ao mundo e depois do batismo dá início à sua vida pública, que é o que celebramos no tempo comum. Quando o tempo comum dá uma pausa, se inicia o tempo da Quaresma, que é a partir das tentações que Jesus sofre. A celebração da paixão, morte e ressurreição de Jesus é o centro do calendário litúrgico.
O tempo comum retorna após a festa de Pentecostes, que é quando Jesus envia o Espírito Santo sobre os apóstolos e consequentemente sobre toda a Igreja, é também o que celebramos no tempo comum, a missão da Igreja em anunciar o Reino de Deus. Temos que viver o Reino de Deus aqui na terra para contemplá-lo de maneira definitiva no céu. O final do tempo comum ocorre com a solenidade de Cristo Rei que é podemos dizer o “cume” do Tempo Comum, quando Jesus entra em Jerusalém.
Algumas celebrações e solenidades importantes acontecem ao longo do tempo comum e marcam a vida da Igreja. Como por exemplo: Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus e Corpus Christi. No mês de agosto celebramos o mês vocacional, em setembro o mês da bíblia, e em outubro o mês missionário e do rosário, recordamos que cada batizado é chamado por Deus a construir o Reino de Deus aqui na terra e chamado para uma vocação especifica e ajudar a sua comunidade a crescer no discipulado de Jesus.
Devemos viver e participar com fé e alegria das celebrações ao longo de todo ano litúrgico, pois em cada tempo litúrgico contemplamos uma parte da vida e ministério de Jesus. Ao passar por todo ano litúrgico contemplamos ainda em todos os momentos o mistério central da nossa fé que é a paixão, morte e ressurreição de Jesus.
A cor litúrgica predominante usada ao longo do tempo comum é a verde, que significa esperança, ou seja, a esperança na vinda do reino de Deus. Ao longo do tempo comum acompanhamos Jesus em sua vida pública anunciando o reino de Deus. Durante o tempo comum “caminhamos” de fato com Jesus, até Ele entrar em Jerusalém na festa de Cristo Rei. Percorremos junto com Jesus o caminho que Ele faz por toda a Judéia, anunciando, sobretudo, o amor de Deus. Quando Ele vê “terminada” a sua missão, Ele entra em Jerusalém. Todos o aclamam como rei, mas mesmo assim, esse povo que o aclamou o condena à morte.
Durante o tempo comum, Jesus nos envia em missão para anunciar o Reino de Deus, do mesmo modo que Ele enviou os apóstolos. Somos chamados a conduzir ao batismo aqueles que ainda não são batizados, a anunciar entre os vizinhos e os amigos a Palavra de Deus. Somos chamados a ser Sal na terra e luz no mundo e iluminar a vida daqueles que andam nas trevas. Ao final de cada Missa quando o padre diz: “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”, termina a missa e inicia a nossa missão de edificar o Reino de Deus aqui na terra, que é o que celebramos ao longo do tempo comum.
O tempo comum nos ajuda a ter um senso de comunidade, ou seja, ninguém constrói o Reino de Deus sozinho, mas com a ajuda do próximo. Jesus não enviou um discípulo sozinho para edificar o reino, mas enviou doze. O próprio Jesus não evangelizava sozinho, mas o grupo dos discípulos ia junto com ele. Da mesma forma hoje, Jesus não nos envia sozinhos para a missão, mas junto com a comunidade. Aproveitemos esse tempo comum para nutrir em nosso coração o desejo de ser discípulos e missionários do Senhor.
Durante esse tempo comum rezemos pelas necessidades da Igreja, pelo Papa Francisco, por nosso bispo diocesano, padres, diáconos e seminaristas. Rezemos para que nunca faltem pessoas dispostas para levar a diante a mensagem do Evangelho. Que a Igreja conduzida pelo Santo Padre Francisco continue sendo sinal de salvação para todos.
Celebramos o mistério da palavra de Deus encarnada ao longo desse tempo comum e peçamos que Deus nos guie na missão de discípulos e missionários de Jesus. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ