Celebramos no primeiro dia de janeiro a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e, também, o 55º Dia Mundial da Paz, que neste ano tem como tema: “Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura”. Peçamos à Virgem Maria que conceda a paz para todos os povos e todos os filhos de Deus, que de igual modo são filhos prediletos de Nossa Senhora, e que busquem a paz.
O ano está começando e no início desse ano, diante de tantos desafios que teremos que enfrentar, nada melhor do que pedir a intercessão da Virgem Maria para que nos acompanhe durante todos os dias desse ano. Que a Virgem Maria nos apresente o Menino Jesus e possamos caminhar juntos durante esse ano de 2022.
O título de Mãe de Deus dedicado à Nossa Senhora é um dos quatro dogmas marianos dedicados à Virgem Maria. O dogma é uma verdade de fé que a Igreja apresenta aos fiéis para que eles creiam, não é nada imposto, mas o Magistério da Igreja se reúne e, se caso for através de um Concílio, proclama o dogma.
Isso ocorreu com o dogma da Mãe de Deus. Ele é o mais antigo dos dogmas e foi proclamado durante o Concílio de Éfeso, em 431. O dogma também serve para combater as heresias, ou seja, pessoas que duvidavam da fé católica. Haviam pessoas que estavam colocando em dúvida a divindade de Jesus, afirmando que ele era somente humano, logo, que Maria era mãe só do homem. Mas se Jesus era o filho de Deus e foi gerado em Maria, Ela é a Mãe de Deus e foi intitulada como Theotókos, que significa Mãe de Deus.
Os outros dogmas que se referem a Nossa Senhora são: Virgindade perpétua, Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora. Como cristãos católicos, aceitamos essas verdades de fé e cremos em Nossa Senhora como nossa advogada e intercessora junto a Jesus. Aonde está o filho, a mãe está presente. Por isso, iniciemos esse ano de 2022 pedindo a intercessão da Mãe de Deus e na certeza de que ela trará o seu filho Jesus junto com Ela.
A primeira leitura da missa é do livro dos Números (Num 6, 22 – 27). O Senhor fala a Moisés para que ele falasse a Aarão e aos seus filhos. Moisés transmite a ele a vontade de Deus e de como ele deve abençoar os filhos de Israel. Essa benção é utilizada ao final de algumas missas, sobretudo, nas missas dominicais. De fato, ao iniciar esse ano, precisamos muito dessa benção de Deus, para que ela nos acompanhe durante todo esse ano.
Antigamente, os filhos pediam bênçãos aos seus pais, os afilhados aos padrinhos, os netos aos avós, enfim. Pediam, também, a bênção para o padre e o bispo. Digo antigamente, porque não se vê mais este piedoso costume sacramental nas famílias, mas é muito importante e significativo a benção dos pais para os filhos, como a benção de Deus para os seus filhos.
O salmo responsorial é o 66 (67) e o refrão nos diz: “que Deus nos dê a sua graça e a sua benção”. De fato, é o que precisamos ao iniciar esse ano, que Deus nos conceda a sua graça e a sua benção e a sua misericórdia nos envolva.
A segunda leitura da missa de hoje é da carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 4, 4 – 7), Paulo explica a comunidade dos Gálatas, que em determinado momento da história da salvação Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito a lei, a fim de resgatar aqueles que estavam sujeitos a lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. Deus nos criou para a liberdade, para que na liberdade possamos amar e servir aos nossos irmãos. Nós nos tornamos filhos de Deus pelo batismo e através do espírito que recebemos no batismo nos tornamos herdeiros da vida eterna, assim como o próprio Jesus que adentrou na vida eterna ao morrer na cruz e depois ressuscitar.
O evangelho é de São Lucas (Lc 2, 16 – 21), os pastores chegam a Belém e encontram Maria, José e o menino. Eles contam tudo o que havia sido dito sobre o menino e todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Maria guardava e conservava tudo em seu coração. Desde quando o anjo apareceu e ela disse o Sim, Maria guardava e meditava tudo em seu coração, pois sabia a missão na qual estava assumindo. Os pastores voltaram alegres e felizes, glorificando e louvando a Deus por tudo. Quando se completou os dias para a circuncisão do menino deram-lhe o nome de Jesus, da mesma forma como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
Que possamos aprender de Nossa Senhora a guardar e meditar tudo em nosso coração e se conformar com a vontade de Deus em nossa vida. Todos nós temos nossas “cruzes” diárias, de lutas e com situações difíceis de resolver. Peçamos o auxílio do espírito Santo para que possamos superar esses momentos e viver com alegria e esperança todos os dias do ano.
Participemos com o coração cheio de alegria e entusiasmo da celebração desse dia 1º de janeiro, pedindo que Nossa Senhora nos abençoe e junto com o seu filho nos livre de todo o perigo.
Que Nossa Senhora, a Rainha da Paz, derrame sobre nós todas as bênçãos do céu. E que Deus nos dê a sua graça e sua benção salvadora. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ