Celebramos neste domingo o vigésimo segundo desse Tempo Comum. Aos poucos vamos nos aproximando do final do tempo litúrgico e o Senhor espera que nós possamos anunciar o Reino de Deus aqui na Terra, entre os nossos irmãos. Precisamos levar a esperança para esse mundo, tão marcado pelo ódio, violência, fome e tantas outras coisas. Cabe a nós, como discípulos de Cristo, anunciarmos a alegria que vem do Evangelho.
Neste domingo, chegamos ao final das celebrações do mês vocacional, recordando a vocação dos ministérios e serviços na comunidade e também a dos catequistas. Os catequistas são o braço direito do padre e a voz do padre no meio da comunidade. O primeiro catequista da paróquia é o padre, mas devido as atividades pastorais, o padre não consegue estar nas turmas de catequese e delega pessoas leigas da comunidade para serem catequistas e falarem em nome dele e da mãe Igreja, transmitindo a fé católica.
Os catequistas são pessoas leigas, que exercem de maneira voluntária esse trabalho — deixam marido, filhos, pai e mãe em casa para se dedicar a catequese. O trabalho do catequista não é remunerado. É uma missão decorrendo de uma vocação, de um chamado de Deus. A remuneração que o catequista recebe é o carinho e o amor dos catequizandos e o amor de Deus. Toda comunidade paroquial deve agradecer o trabalho dos catequistas, pois é muito importante e é o que faremos na liturgia deste domingo.
Como acompanhamos durante esse mês agosto, a Igreja reza por todas as vocações. Se a Igreja reza por aqueles que se consagram a Deus de maneira definitiva, reza também pelos leigos que cooperam junto com os ministros ordenados para a construção do Reino de Deus.
Podemos, nesta Eucaristia, lembrar dos nossos catequistas e agradecer a Deus por eles terem passado por nossas vidas. Se eles ainda estão vivos e têm contato com você, parabenize-os nessa data. Se já faleceram ou estão sem contato, reze por eles. Agradeçamos também aos nossos pais — eles são os nossos primeiros catequistas, que nos apontam o caminho para Deus.
A primeira leitura desse domingo é do livro do Eclesiástico (Eclo 3, 19-21.30-31). O Senhor fala que devemos realizar o nosso trabalho com humildade e mansidão. O Senhor pode estar dirigindo essa palavra aos catequistas no dia de hoje. Quem é escolhido para ser catequista não deve se vangloriar desse trabalho ou se achar melhor que os outros, mas deve realizar esse serviço com mansidão e humildade. Sendo humildes, serão grandes diante de Deus e Ele os abençoará.
O salmo responsorial é o 67 (68), que diz em seu refrão: “Com carinho preparastes uma mesa para o pobre”. O Senhor acolhe aquele que é humilde e justo e aquele que não esbanja os bens que tem. O Senhor tem preferência para com os pobres. Muitas vezes não é tanto a pobreza material, mas a pobreza de espírito. Temos que ter o coração de pobre para amar a Deus e aos irmãos.
A segunda leitura desse domingo é da carta aos Hebreus (Hb 12, 18-19.22-24a). O autor salienta que a comunidade, ao se aproximar de Jerusalém, se aproxima do local onde muitas pessoas já passaram e derramaram o seu sangue defendendo a sua fé e o nome de Deus. Quem se aproxima da Jerusalém terrestre, já pode contemplar a Jerusalém celeste — viver aqui na Terra aquilo que contemplará eternamente no céu. A nossa fé exige uma entrega total a Deus, até as últimas consequências.
O Evangelho desse domingo é de Lucas (Lc 14, 1.7-14). O Evangelho continua o tema que envolve a liturgia de hoje, Jesus fala sobre a humildade. Tudo o que realizamos na Igreja não devemos fazer esperando status, mas devemos fazer para agradar a Deus. Até mesmo em outras áreas da nossa vida, não devemos trabalhar esperando uma promoção ou para agradar o chefe, pelo contrário, devemos trabalhar com humildade e, na hora certa, a promoção virá.
Os pais têm que ensinar aos filhos a não menosprezarem os outros e, se tirarem notas boas, não esnobarem aqueles que porventura tenham tirado notas menores. Ensinar as novas gerações a importância de partilhar, seja o alimento, roupas, calçados etc. Ensinar a serem pobres de espírito e ricos diante de Deus.
Se trilharmos o caminho da humildade, Deus nos recompensará com coisas boas para nós. Se ajudarmos alguém que precisa, quando precisarmos, virá em dobro para nós. Se exercermos o nosso trabalho com humildade, poderemos receber a recompensa da promoção. As nossas atitudes dirão se seremos ou não merecedores de coisas boas.
Rezemos uma vez mais por todos os catequistas para que, na humildade, exerçam o seu trabalho de ensinar as coisas de Deus para os catequizandos. Estamos próximos de celebrar o mês da Bíblia. Que a Palavra de Deus seja livro de cabeceira de todos os catequistas. Os catequistas têm que estar em constante formação, sempre se aperfeiçoando para poder ensinar os catequizandos. Que na humildade os catequistas aceitem que precisam de formação.
Que o Espírito Santo nos ilumine e nos guie no caminho do bem e da humildade, amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ