Como parte do Mês das Vocações, celebrado pela Igreja no Brasil em agosto, a segunda semana, que começa com o Dia dos Pais, será a Semana Nacional da Família. Este ano, será realizada de 8 a 14 de agosto e terá como tema “Alegria do amor na família”.
Com o tema, a igreja pretende celebrar o ano da alegria do amor, a partir do dia de São José (19 de março), por ocasião do 5º aniversário de publicação da exortação apostólica Amoris Laetitia, fruto de dois sínodos sobre a família.
A Hora da Família nasceu aqui no Rio de Janeiro, no âmbito do Encontro Mundial das Famílias por feliz inspiração de nosso amado predecessor, o Cardeal Eugenio Araujo Sales, com a colaboração de seu então bispo auxiliar, Dom Rafael Lhano Cinfuentes. Depois, a Hora da Família transformou-se em um subsídio nacional da CNBB. A Semana Nacional da Família é um projeto integrado que acontece no mês da vocação e lembra que ser família é uma vocação. A cada ano, este tema enfatiza o que a Igreja salienta e incentiva as famílias a aprofundar seus aspectos bíblicos, doutrinários e sociais.
Aproveitando o fato de o Papa Francisco iniciar o Ano da Alegria do Amor na Família em 2021, a Comissão Nacional de Pastoral da Família quis criar um tema a partir da exortação e o lema: “Dá e recebe e alegra a ti mesmo”. Assim, como sugere o Papa Francisco, tudo se enquadra no contexto do movimento eclesial, através de várias atividades de caráter espiritual, pastoral e cultural nas paróquias, colégios e instituições destinadas às famílias. No Brasil, a Semana Nacional da Família será um veículo valioso e solidário para levar a todos a experiência de que o evangelho da família é uma alegria que enche o coração e preenche todas as vidas. (AL, n.200).
O mundo moderno se pergunta: será que existe a família perfeita? Nós, nas condições de cristãos batizados e enviados, temos sim que defender a ideia de família que se aperfeiçoa cada dia, a partir da nossa própria experiência familiar. A família que perdoa, que busca a unidade, que tem Cristo no centro de sua casa existe, sim: é aquela que protege, cuida, entende e aceita os seus como eles são. Crescer com esses nutrientes fortalece a nossa identidade e, também, nos faz sentir seguros e capazes de criar a vida que desejamos em liberdade.
O amor familiar é o alimento que sustenta tudo. Crescer, ser educado e fazer parte deste primeiro cenário favorável, cheio de emoções, valores e segurança é certamente um impulso particular para o bem-estar psicológico de todos. Faz parte de quem somos agora muitas vezes é a primeira experiência e apego para nossos pais.
Estudiosos afirmam que, em todas as culturas, é a família que transmite sua identidade a seus membros. Ela faz isso de duas maneiras contrastantes: nos dá um sentimento de pertencimento e, por outro lado, um desejo de nos afastarmos dela. Pode parecer inconsistente, mas contém explicações e lições valiosas.
Todos fazemos parte da herança familiar e do pequeno núcleo social das nossas raízes. Não importa o quanto amemos ou não nossa família, o objetivo de todos os filhos é deixar os pais em algum momento. Criar a própria vida e construir a própria realidade com os outros define o que se espera, o que é necessário e, em última instância, o desenvolvimento humano.
Em qualquer caso, o afeto é a espinha dorsal de um bom relacionamento. Mas só o amor não é suficiente. Você deve amar esta família para ser saudável e ativa.
O papel da família em nossa sociedade no cuidado, educação e amparo das crianças é inegável. Afinal, eles são a base do desenvolvimento humano e os pilares da mudança social. Portanto, não é apenas o núcleo central que é prestado em termos de recursos de saúde e financeiros. Um pilar que não podemos ignorar é certamente psicológico.
O amor familiar é sempre uma necessidade. É uma grande família que vive sob o mesmo teto: filhos, pais, avós superam as dificuldades e educam os filhos juntos. O Papa Francisco lembrou dos imensos desafios que devemos enfrentar confiantes e confirmados em nossa fé. “Neste tempo de pandemia, no meio de tantas dificuldades psicológicas, bem como econômicas e de saúde, tudo isto se tornou evidente: os laços familiares foram e continuam a ser duramente provados mas, ao mesmo tempo, permanecem o ponto de referência mais firme, o apoio mais forte, o guardião insubstituível para a estabilidade de toda a comunidade humana e social. Portanto, apoiemos a família! Defendamo-la contra tudo o que puder comprometer a sua beleza. Abordemos este mistério de amor com admiração, discrição e ternura. E comprometamo-nos na salvaguarda dos seus laços preciosos e delicados: filhos, pais, avós…. Precisamos destes laços para viver e para viver bem, para tornar a humanidade mais fraterna
O amor familiar é saudável e você precisa ter certeza de que cada membro está crescendo e apoiá-los na tomada de suas próprias decisões, sabendo que eles são respeitados.
Não tenhamos medo de constituir uma família. Uma família aberta para muitos filhos que demonstra a riqueza da paternidade e da maternidade. Afinal, nada é mais importante do que o amor à família, que sabe proteger e ao mesmo tempo dar. Compreender de onde vêm nossas raízes cria a vida de liberdade que desejamos e é a direção da felicidade divina.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ