Até os grandes profetas sentem o peso da vocação-missão (1ºReis 19,4-8). Experimentam desânimo, às vezes, até a vontade de morrer. Algo semelhante nos pode acontecer. Precisamos, então, reagir: retomar o verdadeiro sentido da vida e da missão. Continuar sendo fiéis, ao nosso ideal, até o fim, como o profeta Elias. O caminho será longo? Não o sabemos. Uma coisa, porém, sabemos: deve ser fielmente trilhado.
Paulo está apresentando aos Efésios (Ef4,30-52) e, hoje, a nós como sermos fiéis a Cristo, para vivermos a espiritualidade e a moral do evangelho, ou seja, o discipulado de Jesus Cristo. Como? Sendo sensíveis à presença e ação do Espírito Santo em nós. Somos seus templos.
Logo, não podemos nem devemos viver rotineiramente. Pelo batismo-crisma, nos tornamos criaturas renovadas. Não devemos entristecer o Espírito Santo em nós presente, nem os outros, que são nossos irmãos e irmãs. Formamos o povo de Deus, ou seja, a Igreja de Cristo.
O Evangelho nos apresenta a continuidade do riquíssimo capítulo sexto de João (Jo6,41-51). Convém lê-lo e aprofundá-lo em família: pois é uma preciosidade. Deve ser mais bem conhecido, amado e vivido. Não basta não murmurar contra Cristo e os outros, nossos irmãos e irmãs, como fizeram outrora. É preciso ter fé esclarecida, esperança vivificante e amor à toda prova.
Jesus é solução, não problema. Ele veio ao nosso encontro. É preciso deixar-nos instruir pelo Pai. Ele nos atrai para o discipulado de seu filho, Jesus Cristo. Deus é Pai: nosso Pai. Ele quer sua família mais unida, não só reunida. Mais dócil e amorosa. Mais responsável e formadora de novos cristãos, não só de novos batizados.
Jesus se apresenta como o grande profeta, que devemos ouvir e seguir. Ele é o pão que sacia nossa fome: sua palavra transforma, nos alegra e nos torna seu povo. Temos consciência de tudo isso? Não estamos, às vezes, murmurando como o povo de outrora? Não entristeçais o Espírito Santo em vós presente, afirma São Paulo, e eu o repito. A vida cristã é relação de amor, de fraternidade, de justiça e paz. É renovação.
Também, hoje, celebramos o domingo dos pais. Felizes as famílias onde os pais assumem sua bela missão. Gerar vidas não é difícil. Nós o constatamos todos os dias. Mas formar pessoas, cidadãos responsáveis, gente bem inserida na comunidade, isso requer amor, ideal, presença e vocação. Ser pai é vocação e missão. É graça e participação. Lembro, por isso, a família de Nazaré: Jesus, Maria e José.
Aos que vivem sua paternidade responsavelmente, parabenizo; a ninguém condeno, mas por todos rezo. Lembro, ainda, que também eu sou filho: octogenário, mas que se orgulha de seu pai. Não sei o que eu seria sem a presença amorosa dele, que hoje está junto do Pai Celeste.
Um lembrete amoroso: esposas e filhos, não ficaria bem um almoço bem caloroso e familiar nesse dia especialmente dedicado aos pais? Parabéns aos pais.
Carmo João Rhoden, scj
Bispo Emérito de Taubaté, SP
Presidente da Pró-Saúde