É difícil encontrar uma resposta absoluta de “sim” ou “não” diante da pergunta sobre se católicos podem praticar ioga e outras formas de terapias alternativas. A dificuldade surge, em parte, devido à variedade de intenções que uma pessoa pode ter ao praticar uma dessas terapias. Por isso, a Igreja deixa claro alguns princípios que devem ser levados em consideração para tentar responder a essa pergunta.
Um primeiro princípio importante é que Deus, numa compreensão cristã, é Pai, Filho e Espírito Santo, é um Deus pessoal que criou todo o universo e quer comunicar sua vida para todos os seres humanos.
Deus não é uma espécie de energia impessoal ou uma extensão do cosmos, e, por mais que Deus seja o Criador do mundo e das coisas, Ele mesmo não se identifica com as coisas (o mar não é Deus; as árvores não são Deus; etc.). Esse princípio é importante afirmar porque a ioga e outras formas de terapias alternativas às vezes têm uma base religiosa ou espiritualista que procura ajudar a pessoa a entrar em contato com uma espécie de ‘energia positiva’ dentro dela mesma.
Uma consequência desse princípio é que, para um católico, é problemático praticar uma terapia alternativa com a intenção de procurar uma experiência religiosa, ou de praticar uma terapia que explicitamente use métodos religiosos contrários à fé católica. O problema que a Igreja tem com essas terapias não é com as terapias médicas em si mesmas, mas com suas raízes espiritualistas ou filosóficas, que podem estar em contraste com a fé católica. Quando a acupuntura, por exemplo, é usada com uma finalidade medicinal, sem a inserção de práticas religiosas cuja visão de Deus e do homem é contrária à fé, a Igreja não está contra e, assim, ela pode ser praticada.
Um segundo princípio destacado pela Igreja é sobre a natureza da oração. Segundo um documento escrito pela Congregação para a Doutrina da Fé, em 1989, chamado Cartas aos Bispos da Igreja Católica acerca de alguns aspectos da meditação cristã*, a oração, como um “diálogo pessoal, íntimo e profundo, entre o homem e Deus” (no 3), tem a finalidade de levar o homem a uma comunhão com Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. “Por esta razão, recusa técnicas impessoais ou centradas sobre o eu, as quais tendem a produzir automatismos nos quais o orante cai prisioneiro dum espiritualismo intimista, incapaz duma livre abertura para o Deus transcendente” (no 3).
Com esse princípio, fica claro que uma experiência religiosa autêntica para um católico deve abrir espaço para um encontro entre a pessoa humana com as Pessoas Divinas. Qualquer prática ou terapia alternativa que procura oferecer uma experiência religiosa que não leva em conta isso será uma experiência reduzida, incompleta e distorcida. É melhor, nesse caso, evitar.
Craig Kinneberg
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