Celebramos nesse domingo o 25º desse Tempo Comum. Mais uma vez somos convidados a nos reunirmos em torno do altar para escutar o que o Senhor tem a nos falar. Estamos no mês da Bíblia, mês em que a Palavra de Deus merece destaque e toda a nossa atenção.
Ao aproximarmo-nos da última parte desse Tempo Comum, Jesus começa a dizer aquilo que viria a acontecer com Ele, ou seja, sua Paixão, Morte e Ressurreição. Pois o Tempo Comum retrata a vida pública de Jesus e o seu caminho até entrar em Jerusalém para se entregar na Cruz. Os discípulos ainda não compreendiam muito bem aquilo que deveria acontecer com Jesus, e pensavam com o pensamento humano e não o pensamento divino.
Que todos nós possamos compreender a entrega de Jesus na Cruz. Essa entrega d’Ele na Cruz foi antes de tudo para nos salvar e nos mostrar que devemos sempre fazer a vontade de Deus e servir aos irmãos na alegria e no amor. Jesus ensina que ninguém deve se considerar maior ou melhor do que o outro, mas todos estão juntos na construção do Reino de Deus. E que como irmãos devem se colocar a serviço uns dos outros.
Na Primeira Leitura (Sb 2,12.17-20) somos convidados a trilharmos o caminho da justiça, ou seja, andarmos ao lado de Deus, praticando a justiça, o amor e a misericórdia. O caminho do injusto não é feliz, pois não anda ao lado de Deus e quer prejudicar a vida daquele que anda ao lado de Deus.
A maior raiva do injusto é receber a correção fraterna daquele que é justo, pois eles não querem andar no caminho da justiça e preferem continuar fazendo maldades. O caminho do justo é sempre reto e receberá o consolo da vida eterna. Já o injusto receberá a condenação eterna, devido às suas maldades.
O Salmo Responsorial é o 53 (54) que traz como refrão “É o Senhor quem sustenta minha vida”. É o Senhor que conduz o caminho do justo e sustenta a sua vida. Quem faz o bem sempre colherá o bem. Quem nos ampara e protege é o Senhor e nos livra daqueles que insurgem contra nós.
Na Segunda Leitura (Tg 3,16-4,3) Tiago alerta a sua comunidade e serve para nós nos dias de hoje que não se deve haver entre os cristãos qualquer tipo de rivalidade ou inveja, pois delas nascem as desordens. Por outro lado, a sabedoria que vem de Deus é conciliadora e pacificadora. As guerras e conflitos nascem das paixões e desejos humanos, pois um quer competir e ser melhor do que os outros. Saibamos pedir ao Senhor aquilo que é o nosso desejo e não esbanjemos as nossas vontades nos prazeres mundanos.
No Evangelho (Mc 9,30-37) Jesus e seus discípulos estavam atravessando o mar da Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse que Ele estava ali, pois estava ensinando os seus discípulos. Jesus estava dizendo aos discípulos tudo aquilo que deveria acontecer com Ele, que seria entregue nas mãos dos homens e sofreria a Paixão e morte e, depois, ressuscitaria ao terceiro dia.
Os discípulos não compreenderam num primeiro momento, pois pensavam como homens, ou seja, não pensavam como Deus. Era necessário que tudo aquilo acontecesse com Jesus para que, por meio dessa entrega total na Cruz, Ele salvasse a humanidade. E através de sua morte na cruz, Jesus nos mostra o amor incondicional de Deus por todos nós.
Ao chegarem em Cafarnaum, entrando em casa, Jesus pergunta aos discípulos o que eles iam discutindo pelo caminho. Eles, porém, ficaram calados, pois no caminho discutiam qual deles era o maior. Jesus ao perceber que era sobre isso que conversavam, chamou os discípulos e disse que se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último e aquele que serve a todos.
Jesus ainda pega uma criança e põe no meio deles e diz que quem acolher em nome d’Ele uma daquelas crianças é a Ele que está escolhendo. E quem recebe Jesus, recebe aquele que lhe enviou.
Sejamos como crianças para podermos entrar no Reino de Deus, ou seja, sejamos inocentes como as crianças e não disputemos o primeiro lugar com ninguém, mas antes de tudo, sejamos humildes servidores do Reino de Deus. Pratiquemos antes de tudo a caridade e o amor, porque o amor vem de Deus e brota no coração humano.
Aproveitemos ainda o mês de setembro para nos debruçarmos na Palavra de Deus e com o auxílio dela edificar o Reino de Deus.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ