No dia 23 de junho, a partir da tarde celebra-se a Vigília de São João Batista com leituras próprias. A vigília nos prepara para celebrarmos a grande festa do dia seguinte. Celebramos tendo o coração preenchido pela luz do Espírito Santo nos preparando para o grande dia. As vigílias vêm da tradição judaica, os judeus faziam vigílias se preparando para as grandes festas.
João Batista foi o precursor, ou seja, aquele que preparou o caminho para a vinda do Senhor, era primo de Jesus. Recebeu com fidelidade a missão dada a ele por Deus e realizava um batismo para a conversão dos pecadores, apontando aquele que seria o Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo, que era Jesus. São João era discreto e sabia o seu lugar, em nenhum momento se dizia que era o Messias, mas que estava preparando a sua chegada.
São João se encontra no centro das festas juninas, que são marcadas pela alegria e pela certeza de que Deus é misericordioso com os mais pobres e humildes. Além do mais, Deus não chama os justos, mas sim, os pecadores para estar junto com Ele.
A Primeira Leitura dessa vigília (Jr 1, 4-10): O profeta diz que Deus o chamou desde o ventre materno e desde o ventre materno, Deus o conhecia. Antes de sair do ventre de sua mãe, Deus o fez profeta das nações e o consagrou. De fato, essa passagem do profeta Jeremias muito se assemelha com João Batista, pois quando Maria foi visitar sua prima Isabel, João Batista pula de alegria no ventre de sua mãe. E Isabel era considerada estéril, e João Batista foi um milagre de Deus na vida de Isabel e Zacarias.
João Batista desde pequeno foi chamado e escolhido por Deus e abraçou a missão e mesmo sendo novo, não hesitou em anunciar as maravilhas de Deus, pois Deus estava com ele. João denunciava as injustiças e anunciava, acima de tudo, a justiça de Deus.
O Salmo Responsorial 70 (71) nos diz em seu refrão: “Desde o seio maternal, sois meu amparo”, ou seja, Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida, desde a concepção até a partida para a vida eterna. Ele é nosso refúgio e salvação e junto d’Ele, nada podemos temer.
Na Segunda Leitura (1 Pedro 1,8-12), Pedro diz que mesmo sem ver o Senhor, nós acreditamos n’Ele, isso nos advém por meio da fé. Nós não precisamos ver o Jesus Ressuscitado para crer que Ele ressuscitou, mas o Espírito Santo suscita isso em nós.
No Evangelho (Lc 1, 5-17), São Lucas apresenta a cena da aparição do anjo a Zacarias, que cuidava com zelo do templo do Senhor, pois era sacerdote e era a vez do seu grupo cuidar do templo. Ele foi sorteado para entrar no santuário e fazer a oferta do incenso. Toda a assembleia ficou do lado de fora rezando enquanto ele fazia a oferta. Ao lado do altar, aparece o anjo de pé e começa a conversar com Zacarias que se enche de temor. O anjo diz para Zacarias não temer e que o pedido de sua esposa Isabel havia sido atendido e ela conceberia um filho, no qual ele poria o nome de João. E ainda, o anjo diz qual seria a missão de João aqui na terra.
Na Primeira Leitura e no Salmo de hoje, observamos que o Senhor escolheu João desde a concepção e o ungiu como profeta. João Batista ficará cheio do Espírito Santo, o mesmo Espírito Santo que ele viu descer sobre Jesus, após a realização do batismo.
Ele reconduzirá o povo de Israel que andava sob as trevas do pecado para a luz da salvação de Deus, isso ele realizará por meio do batismo, que era um batismo de conversão. Ele preparará esse povo para a chegada do Messias, deixando-os bem-dispostos para o ensinamento do mestre.
Celebremos com alegria a vigília e a festa de São João Batista, pedindo em nosso coração, que assim como ele, possamos abraçar com amor a missão de anunciar a justiça e a paz nesse mundo. Que assim como São João, possamos conduzir muitas pessoas ao batismo do Espírito Santo e suas vidas possam ser transformadas. Que o Senhor nos dê a cada dia essa coragem, de sermos sal na terra e luz no mundo.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.