Selfie: Reflexão Além da Vaidade

Selfie: Reflexão Além da Vaidade
Material para catequese
Material para catequese

A prática de tirar uma selfie pode parecer apenas uma expressão da cultura moderna ou um reflexo da vaidade. No entanto, esse simples ato vai além da superfície, sendo capaz de revelar facetas importantes da nossa identidade e servir como uma poderosa ferramenta de autoconhecimento.

Um paciente de 70 anos me disse recentemente: “Agora que vou completar 70 anos, percebi que tenho que me cuidar.” Ele estava certo. Incentivei-o a tirar selfies. Embora a prática possa parecer parte da cultura do narcisismo ou reflexo da vaidade moderna, as selfies podem revelar muito sobre nossa identidade e individualidade.

A palavra “selfie” deriva de “si mesmo”, remetendo à reflexão sobre quem somos. Assim como os pintores que criam autorretratos, tirar uma selfie exige pensar sobre como nos vemos e como queremos ser vistos. Imagine tirar várias selfies ao longo de um dia: ao acordar, após se arrumar, durante o trabalho, ou ao chegar em casa. Cada imagem retrata um estado de espírito e reflete diferentes facetas do nosso eu.

A selfie e a busca pela identidade

Já se surpreendeu ao ouvir sua voz gravada ou ao se assistir em vídeo? Essa estranheza também pode surgir ao rever selfies. Proponho aqui uma ideia: um aplicativo chamado “Selfie Power” que captura, além da imagem, emoções, pensamentos, postura e linguagem corporal. A partir desse material, seria possível refletir sobre o que sentimos, como agimos, e como nos relacionamos com os outros.

Tirar selfies não precisa estar ligado à vaidade. Muitas vezes, elas representam a busca por uma identidade. Não é uma expressão narcisista como a do vaidoso de O Pequeno Príncipe, que dizia: “Admirar é reconhecer que sou o homem mais bonito, o mais bem vestido e o mais inteligente do planeta.” Em vez disso, as selfies podem ser um exercício de autoconhecimento.

A reflexão como prática constante

O ato de se observar, por meio de selfies, desperta a função reflexiva: “Quem sou eu neste momento? O que me trouxe até aqui? Como interajo com os outros e o que deles se conecta comigo?” Essas perguntas ajudam a direcionar nossas ações, substituindo respostas automáticas por escolhas conscientes. Assim, podemos transformar a selfie estática em registros mais profundos, como “Intraselfie” (reflexão interna), “Selfie dinâmica” (mudanças de estado) ou até “Selfie panorâmica” (uma visão ampla de nossa história).

As conexões entre eu e o mundo

Uma amiga me contou que, ao visitar a Praça do Vaticano, o que mais chamou sua atenção foram os postes de luz. Pode parecer um detalhe, mas revela algo mais profundo: o que naquela praça conectou-se diretamente com ela? Da mesma forma, em nossas relações, podemos nos perguntar: “Que parte de mim se conecta com que parte do outro?” Essas reflexões trazem insights sobre quem somos e como o mundo nos influencia.

Conclusão: a selfie como espelho da alma

Refletir regularmente sobre nós mesmos, usando as selfies como ferramenta, permite entender melhor nossos estados emocionais e comportamentais. Assim, nos aproximamos do conselho do Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Com essa prática, desenvolvemos uma maior propriedade sobre nosso íntimo e aprendemos a responder ao mundo de forma mais autêntica e consciente. Afinal, você é.