Celebramos, no dia 3 de fevereiro de 2023, a memória litúrgica de São Brás, “protetor da garganta”. É uma das memórias facultativas desse dia (Santo Oscar é a outra memória facultativa). No Brasil temos a tradição arraigada no coração de nosso povo de celebrar esse dia de modo especial com a bênção das gargantas. No dia da missa de São Brás, acontece a benção da garganta, usando duas velas cruzadas, abençoadas no dia anterior, na missa da festa da Apresentação do Senhor. Recebendo a benção da garganta, os fiéis acreditam que por intercessão de São Brás ficarão livres de toda a doença referente a garganta ao longo do ano.
Por isso, se possível, participemos da missa de São Brás no próximo dia 3 de fevereiro, e recebamos a benção da garganta. Que por intercessão do mártir São Brás sejamos protegidos de todos os males da garganta. Se não for possível participar da missa devido ao trabalho ou estudo, pode ser dada a benção da garganta após a missa ou no dia seguinte.
Conforme dados da tradição e que se encontram nas mídias digitais, São Brás era médico e viveu no século III da era cristã. Certa vez, entrou numa crise, pois não se sentia totalmente realizado. Essa crise que São Brás vivia não era por conta de sua profissão de médico, mas uma crise existencial. Ele sentia no coração que poderia fazer algo mais.
São Brás buscou a Deus e viveu uma experiência com Ele, e sua vida tomou um outro rumo e deu uma guinada. A mudança não foi somente no âmbito da religião, mas em todos os sentidos de sua vida. No âmbito profissional, melhorou bastante e muitas pessoas procuravam o médico, que além de ajudar no tratamento das doenças, também evangelizava. As pessoas notavam que aquele médico vivia o caminho da santidade.
São Brás sentia a necessidade de que precisava de penitência e oração, e de vez em quando ele se retirava para rezar. São Brás se retirava ao monte Argeu e, através da penitencia e oração, rezava por todo o povo e pela Igreja. Ele rezava para que todos encontrassem a felicidade. E do mesmo modo que Ele, que todos encontrassem a verdadeira felicidade que advém de Jesus Cristo.
São Brás foi ordenado sacerdote por vontade popular, nem tanto por sua vontade, mas por obediência. Após o falecimento do bispo de Sebaste, na Armênia, o povo foi busca-lo para ser seu pastor. Ele aceitou o pedido do povo, e primeiro foi ordenado padre e depois bispo. Ele vivia em constante renúncia e penitência e por isso, se tornou um grande pastor, amado e respeitado por todos. Foi fiel a Igreja, era um homem corajoso, cuidava dos fiéis em sua totalidade e evangelizava com o seu testemunho.
São Brás viveu num tempo em que a Igreja era muito perseguida, no oriente. Onde ele vivia era perseguida pelo imperador Licínio, que era cunhado do imperador do ocidente, Constantino. Licínio começou a perseguir os cristãos por motivos de ódio e política, pois sabia que Constantino era a favor dos cristãos. O prefeito de Sebaste, dentro desse contexto e querendo agradar ao imperador, mandou soldados para o monte Argeu, lugar onde São Brás fez a sua casa episcopal, dali ele governava a Igreja, embora não ficasse somente ali.
São Brás foi preso e queriam fazer de tudo para que ele renunciasse a fé, mas por amor a Cristo e à Igreja, preferiu renunciar à própria vida e, em 316, foi degolado. Conta-se a história que quando São Brás estava sendo conduzido ao martírio, uma mãe apresentou-lhe o seu filho, que era uma criança de colo, que estava quase morrendo por causa de uma espinha de peixe na garganta. São Brás atendeu aquela mãe, parou, olhou para o céu, orou, e Nosso Senhor curou aquela criança. São Brás também é padroeiro dos veterinários, operários de construção, pedreiros e escultores.
A fama de santidade de São Brás chegou a muitos lugares e, por isso, é venerado em quase todas as partes do mundo. O milagre da garganta é recordado no dia 3 de fevereiro e, ao final da missa, aquele que preside a celebração profere a oração e a benção da garganta, usando velas cruzadas.
O sacerdote profere a seguinte oração: “Por intercessão de São Brás, bispo e mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém”.
Celebremos com alegria e muita fé a memória litúrgica de São Brás, sejamos zelosos com as coisas de Deus e firmes na fé. Que por intercessão desse santo, sejamos livres de todos os males da garganta e possamos proclamar as maravilhas que Deus faz em nossa vida.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ