Celebramos na Noite Santa do Natal do Senhor, a noite em que todos os corações se voltam para a manjedoura (local de alimentos) em Belém (a Casa do Pão) e contemplam o nascimento do Menino Deus. Somos convidados a nos guiarmos pela luz da estrela e nos curvarmos diante de Jesus para adorá-lo. Jesus é a luz e Ele vem iluminar essa noite “Santa”.
A festa do Natal nos aponta para o mistério central da nossa fé, que é a Páscoa. Hoje, celebramos a “vigília do Natal”. As vigílias sempre antecedem grandes celebrações da Igreja, temos a “mãe” de todas as vigílias que é a vigília da Páscoa. Temos também outras como a vigília de Pentecostes e outras. A vigília do Natal nos prepara para o grande mistério do Natal de Jesus. Da mesma forma que ele ressuscita na noite da Páscoa, Celebramos seu nascimento na Noite de Natal.
A missa da “Noite de Natal” pode ser celebrada por volta da meia-noite, e é conhecida como a “missa do galo”, pois Cristo é a luz de Deus que nos ilumina em cada amanhecer. Ele veio iluminar a Noite escura e dar um novo sentido a nossa vida. Mas, devido à segurança e várias razões pastorais as paróquias antecipam a celebração da Noite de Natal para mais cedo conforme as várias situações. Porém, algumas paróquias, mosteiros e catedrais ainda celebram à meia-noite.
A liturgia da noite de Natal é uma e do dia de Natal é outra, ou seja, sendo liturgias diferentes devemos participar da celebração na noite e no dia de Natal. Temos 4 formulários litúrgicos: para a tarde (véspera), para a noite (“missa do galo”), para a autora (ao amanhecer) e para o dia (a mais utilizada no dia). A noite de Natal é a vigília, ou seja, nos prepara para celebrar com alegria e fé o dia de Natal.
Muitas famílias, após a celebração da noite de Natal, se reúnem em casa para confraternizar. É importante lembrar que nessa noite recordamos o nascimento de Jesus. À meia-noite, antes de se confraternizar e entregar presentes, seria importante fazer um momento de oração e a criança mais nova da família, colocar o menino Jesus na manjedoura do presépio que deve estar montado em nossa casa.
Na primeira leitura da missa da noite de Natal (Is 9,1-6) Isaías que é um profeta muito marcante durante o tempo do advento e na história da salvação profetiza a vinda do Messias e tempos de paz e luz para todo o povo. Na leitura dessa noite, o profeta fala do povo de Israel, que era um povo que andava na escuridão e de repente viram uma grande luz. E para os que habitavam na sombra da morte, uma luz resplandeceu. Os injustiçados se tornariam justificados diante de Deus e dos homens. Enfim, segundo o profeta, com a chegada do Messias mudaria a história e chegaria tempos de paz e de felicidade. Da mesma forma nos dias de hoje, aguardamos ansiosos a segunda vinda de Cristo e esperamos tempos de paz e felicidade e aqueles que se encontram nas trevas do pecado, que encontrem caminhos de luz.
No Salmo Responsorial 95 (96), um tempo novo surge com o nascimento do Messias, os justos alcançarão misericórdia e os injustos serão julgados de acordo com aquilo que praticaram. O Messias veio para ensinar o caminho do amor e da salvação.
Na segunda leitura (Tt 2,11-14) São Paulo diz a Tito que a graça de Deus se manifestou na humanidade, por meio do nascimento de Jesus. A humanidade é convidada a abandonar o pecado e as paixões mundanas e se abandonar na misericórdia de Deus. A graça de Deus se manifestou a toda humanidade por meio do nascimento de Jesus, e por meio dessa graça somos convidados a viver uma vida reta, longe do pecado. Somos os eleitos do Senhor, pela graça que recebemos no batismo.
O evangelho (Lc 2,1-14) nos fala que César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de toda a terra. Todos deviam registrar-se, cada um em sua cidade natal, e Maria e José foram até Jerusalém para o recenseamento. E aconteceu que enquanto estavam em Belém completou-se os dias do parto de Maria. Não havendo lugar para eles na hospedaria, Maria o enfaixou e o colocou na manjedoura. Como naquela região havia pastores, o anjo apareceu a alguns deles e disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontra- reis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. (Cf Lc 2, 11-12). De repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste e entoavam “Glória a Deus”.
Somos convidados nessa “Noite Santa” a entoarmos louvores a Deus e agradecê-Lo por nos ter dado o maior presente que poderíamos receber: Jesus Cristo. Que o nascimento do Menino Deus nos traga a paz e a cura de todo o mal. Principalmente, o mal da violência, das injustiças e das guerras.
Façamos o esforço para participar da celebração Eucarística, lembremos do verdadeiro sentido do Natal, que é a proximidade do Deus conosco (O Emanuel) no nascimento de Jesus Cristo. Olhemos para o céu e contemplemos a luz que nos aponta o nascimento de Jesus. Que através desse nascimento, todas as brigas desfaçam e tenhamos um mundo com mais paz. Assim deve ser esse ano com o nascimento de Jesus nesse Natal: acreditar num tempo novo que possa estar chegando, cheio de paz e de esperança na vida.
Depois de termos participado da Novena de Natal em que refletimos “Um Deus que se faz comunhão!”, neste ano da Comunhão, possamos refletir muito, dentro das alegrias natalinas, para que como Igreja Arquidiocesana, sejamos perseverantes na comunhão fraterna!
Que possamos participar da celebração eucarística na Noite de Natal cheios de alegria e entusiasmo e que assim como os reis magos, possamos nos curvar diante da manjedoura e adorar o Menino Deus. E que, de fato, seja uma Noite Feliz para todos e possamos trazer em nosso coração a esperança da construção de um mundo novo.
Vivamos intensamente, na família e nas nossas comunidades, a comunhão fraterna! Que esta noite de Natal seja de renovação, saúde e paz! Feliz Natal a todos, que Deus nos abençoe!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ