Tempo de esperança

ano novo
Material para catequese
Material para catequese

Estamos entrando no ano de 2022! Tivemos um ano de 2021 marcado por dificuldades, mas também por muitos recomeços, sinais de esperança e oportunidades. Recomeçamos agora um novo ano e o desejo de que o ano de 2022 seja melhor só vai acontecer quanto mais unirmos nossa vontade à vontade de Deus e assim construirmos um mundo melhor, mais justo, mais humano, mais fraterno. Damos graças pelos dons recebidos e pedimos as graças necessárias neste ano que se inicia.

Passamos, mais uma vez, o ano de 2021 fugindo de um vírus, lidando com suas novas variantes e procurando erradicá-lo por meio da vacinação e do cumprimento de todos os protocolos sanitários recomendados pelas autoridades. Mas acabamos identificando que temos muitos outros vírus que necessitam ser urgentemente e constantemente erradicados de nosso meio: vírus de egoísmos, divisões, de maldade, de violência, de maledicência em nossos corações. O início de um novo ano, sob a proteção da Virgem Maria surge como grande oportunidade de fugir de todos esses vírus que nos dividem, nos separam, nos deixam intolerantes, nos fazem insatisfeitos cada um consigo mesmo e com os outros.

Neste primeiro dia do ano civil, temos três motivos de celebração: A celebração de Santa Maria Mãe de Deus encerrando a oitava de Natal, o dia mundial da paz e o dia da fraternidade Universal.

A Igreja celebra a Solenidade da Virgem Maria, Mãe de Deus, título mariano de grande importância para nós cristãos. Neste dia a Igreja volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus feito homem. Nós somos chamados a ingressar na escola de Maria, a discípula perfeita, a primeira missionária do Pai. Nesta solenidade, vemos o sentido do “sim” de Maria, a abertura para Deus que a coloca numa disponibilidade ao horizonte da fé voltado para a ação da Graça em sua vida.

Recordando as palavras do Papa Francisco proferidas nesta solenidade, assim refletimos: “Maria traz-nos, assim, a bênção de Deus. Onde estiver Ela, chega Jesus. Por isso, a solenidade de hoje nos convida a acolher Maria, como Santa Isabel que, imediatamente depois de a fazer entrar em casa, A reconhece como uma bênção, dizendo: «Bendita és Tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1, 42). São as palavras que repetimos na Ave Maria. Ao dar espaço a Maria, não só ficamos abençoados, mas aprendemos também a abençoar. Com efeito, Nossa Senhora ensina que a bênção se recebe para a dar. Ela, a bendita, foi uma bênção para todas as pessoas que encontrou: para Isabel, para os esposos em Caná, para os Apóstolos no Cenáculo… Também nós somos chamados a abençoar, a bendizer em nome de Deus. O mundo está gravemente poluído pelo dizer mal e pensar mal dos outros, da sociedade, de nós mesmos. Peçamos à Mãe de Deus a graça de sermos jubilosos portadores da bênção de Deus para os outros, como Ela o é para nós. (Homilia na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, 1º de Janeiro de 2021).

Há um segundo aspecto deste dia de hoje. O primeiro dia do ano é também chamado de Dia da Confraternização Universal. A ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da confraternização entre os povos, nações, culturas. Que seja uma rica oportunidade de refletir e considerar o fato de que somos a grande família humana, a grande família dos Filhos e Filhas de Deus, e que todos os problemas que acontecem com a sociedade, são também meus, pois somos seres sociais e sociáveis. A fraternidade sempre foi um dos mais marcantes distintivos dos cristãos no mundo, conforme já nos recordava o livro dos Atos dos Apóstolos. Que o olhar atento para o outro seja meta para iniciarmos este ano de 2022.

Celebramos neste dia o 55º dia mundial da paz. Ao iniciar mais um novo ano, renovamos nosso compromisso com a busca e manutenção da paz entre todos os homens, pedindo que o Senhor faça de nós instrumentos de sua paz. O dia mundial da paz deste ano tem como tema: “Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura”. Na mensagem que o papa envia todos os anos por esta ocasião, o Papa Francisco assim nos diz: “Em cada época, a paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto dum empenho compartilhado. De fato, há uma arquitetura da paz, onde intervêm as várias instituições da sociedade, e existe um artesanato da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós. Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados” (Papa Francisco, Mensagem pelo dia mundial da Paz 2022).O Santo Padre, em sua mensagem, propõe ainda 3 caminhos concretos para que possamos alcançar uma paz duradoura: Dialogar entre gerações para construir a paz; A instrução e a educação como motores da paz; Promover e assegurar o trabalho constrói a paz. Procuremos unir os esforços para sair da pandemia, renovando nosso apoio a quantos se empenharam e continuam a dedicar-se, com generosidade e responsabilidade, para garantir a instrução, a segurança e tutela dos direitos, fornecer os cuidados médicos, facilitar o encontro entre familiares e doentes, garantir apoio econômico às pessoas necessitadas ou desempregadas.

Eis que uma página em branco é colocada à nossa frente, símbolo deste novo ano. Vamos escrevê-la bem, guiados pela vontade do Senhor, construindo um ano cheio de esperança e de fé. Seja 2022 um ano de muita fé e paz, apesar das tantas dificuldades que nos cercam, mas com Deus as venceremos! O Novo Ano será bom se procurarmos corresponder ao plano de Deus a cada dia. Em meio ao caos do mundo de hoje, os cristãos são chamados a serem sinais de esperança, pois estamos alicerçados na fé em Cristo que morreu e ressuscitou e está vivo entre nós.  Paz a todos os homens e mulheres de boa vontade! Iniciemos este novo ano iluminados pelo Senhor e abertos para contagiarmos, com a paz e a esperança, este novo tempo cronológico que está à nossa frente. Um feliz ano para todos e que Deus os abençoe hoje e sempre.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ