Celebramos, no dia 9 de junho, a memória litúrgica de São José de Anchieta, o santo missionário e apóstolo do Brasil. Ele atuou incansavelmente por essas terras brasileiras com grande ardor missionário. Nasceu na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, na Espanha, José de Anchieta chega ao Brasil por volta do ano de 1553. Anchieta chegou aqui com outros seis companheiros de missão, todos jesuítas. O trabalho de evangelização se deu, sobretudo, com os indígenas. São José de Anchieta viveu 43 anos no Brasil e ajudou na fundação de escolas, igrejas e cidades importantes.
São José de Anchieta ingressou ne universidade de Coimbra para estudar Letras e Filosofia. Foi na universidade que ele teve o primeiro contato com a Companhia de Jesus e com o testemunho de São Francisco Xavier. Quando Anchieta estava com 17 anos, fez uma promessa diante da imagem de Nossa Senhora, de abandonar tudo e servir a Deus.
Anchieta entra para a Companhia de Jesus em 1551, após um período de noviciado exigente e mesmo com a saúde frágil, fez os seus votos de pobreza, castidade e obediência, em 1553. Nesse mesmo ano, foi enviado ao Brasil, chegando à terra de Santa Cruz, ele começou a evangelizar. Anchieta era fiel à doutrina e a sua congregação, mas acima de tudo era fiel ao Espírito Santo.
São José de Anchieta tornou-se, além de catequista, dramaturgo, poeta, gramático, linguista e historiador. Vale ressaltar que ele é o autor da primeira gramática brasileira. Apesar de toda a sua história de vida, Anchieta demorou para ser canonizado pela Igreja. O relatório final para sua canonização só ficou pronto em 24 de abril de 2014.
Em janeiro de 1554, ele participou da missa da inauguração do Colégio São Paulo de Piratininga, e assim surgiu a cidade de São Paulo e o local da inauguração ficou conhecida até aos dias de hoje como “Páteo do Colégio”. A partir da fundação da cidade de São Paulo, Anchieta e seus companheiros iniciaram a sua missão na cidade. Um grande companheiro de missão de Anchieta era o padre Manoel da Nóbrega, SJ.
Entre as características da evangelização de Anchieta e seus companheiros, está a catequese, ou seja, eles anunciavam a pessoa de Jesus Cristo aos indígenas e aquilo que continha a palavra de Deus. Eles disseminavam os preceitos cristãos, sempre respeitando a cultura local. Do mesmo modo que os demais jesuítas, Anchieta se opunha fortemente aos abusos dos portugueses aos povos indígenas. Anchieta e seus companheiros defendiam o povo indígena e respeitavam a sua cultura.
Por volta do ano de 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos tamoios se rebelou contra a colonização portuguesa. Anchieta e Manoel da Nóbrega resolveram viajar para ajudar a conter a revolta, eles foram até a aldeia de Iperoig (nos dias de hoje é Ubatuba, litoral norte de São Paulo). Anchieta se ofereceu como refém e Manoel da Nóbrega foi buscar as tratativas de paz. Anchieta permaneceu no cativeiro por cinco meses e fez uma promessa a Nossa Senhora que lhe escreveria um poema em sua homenagem. Com versos escritos na areia, ele deu vida ao poema em honra a Virgem Maria.
No ano de 1566, Anchieta foi ordenado sacerdote, e, três anos após a sua ordenação, fundou o povoado de Reritiba, no Espírito Santo. Em 1577, foi nomeado provincial da Congregação dos Jesuítas no Brasil, função que desempenhou muito bem até 1585. Em 1595, Anchieta retirou-se para Reritiba, e ali permaneceu até o seu falecimento, aos 63 anos de idade, em 9 de junho de 1597.
José de Anchieta, desde muito jovem, gostava de escrever poemas e era um amante da arte. Tinha até um apelido de “canarinho” dado por seus companheiros, devido ao gosto em declamar poesias. Escreveu diversos autos e poemas sobre a vida de Cristo. Anchieta viveu em um tempo que tudo era difícil.
Apesar de tudo isso que relatamos sobre a vida de Anchieta, o decreto de sua canonização só foi escrito 417 anos depois de sua morte, no dia 24 de abril de 2014, pelo Papa Francisco em Roma. No relatório final para a aprovação de sua canonização, havia o registro de 5.350 histórias de pessoas que alcançaram graças rezando à São Jose de Anchieta.
José de Anchieta é considerado o “apóstolo do Brasil”, mesmo antes de sua beatificação e posterior canonização. Ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 22 de junho de 1980 e canonizado em 3 de abril de 2014, através de um decreto assinado pelo Papa Francisco.
São José de Anchieta é um exemplo para todos os missionários, ele nos ensina a sair de nossas casas, das igrejas e comunidades e ir ao encontro do próximo. A Palavra de Deus precisa ser espalhada no mundo. É preciso também testemunhar com amor a nossa fé e defender aquilo que nós cremos até as últimas consequências. O Espírito Santo como protagonista da missão e que acompanhou Anchieta em todos os momentos de sua vida, nos acompanhará também. Em qualquer lugar que estivermos é possível anunciar Jesus Cristo.
Celebremos com alegria a festa de São José de Anchieta neste dia 9 de junho e peçamos a intercessão do Santo para que tenhamos o mesmo ardor missionário que ele tinha.
São José de Anchieta, rogai por nós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ