Serão maus os teus olhos, por que eu (Deus) sou bom? (Cf. Mt 20,16).
Trata-se aqui, de uma parábola, que Jesus criou, para responder aos fariseus, doutores da lei e outros adversários seus. É preciso, entendê-la bem.
Jesus não age, como um patrão, mas como o Messias, pois, veio para evangelizar e cumprir sua missão: salvar-nos. Quer participação nossa na obra da salvação. Não podemos ser omissos. Ademais, quer a inclusão de todos: o povo de Israel, pagãos, pecadores, publicanos, marginalizados e esquecidos. Simplesmente todos.
Não veio para criar um sindicato trabalhista, ou simplesmente, resolver os problemas sociais. É claro que desejava justiça, condenava os abusos e, defendendo os direitos, lembrava os deveres. O que é injusto vai contra o Reino de Deus, que é amor, justiça, fraternidade e salvação eterna.
Deus é boníssimo e criou-nos por amor, para amar. Confiou-nos tudo, o que é seu: terra para habitar, luz para iluminar-nos, água para viver, noite para dormir e dia para trabalhar. No entanto, proibiu toda a maldade, injustiças e abusos no conviver. Foi além. Quis no passado e quer no presente, nossa colaboração, pois fez-nos inteligentes para entender, deu-nos sentimentos para nos compadecer, deu-nos também limites, para agirmos com responsabilidade. Lembrou que o pecado é a pior das maldades, causadora de todas as outras injustiças, crueldades, mortes e guerras.
Contudo, perdoa amorosamente nossos pecados, pois quer nossa conversão. Dá-nos para isso tempo, no entanto, fez mais ainda. Enviou-nos seu próprio filho Jesus, para viver conosco e oferecer sua vida, para nossa salvação. Quer-nos ainda, eternamente, na pátria celeste. Todos somos, porém, livres. Sofreu para tornar-nos felizes, mesmo que parcialmente na vida terrena e plenamente naquela celeste.
Deu-nos o essencial, gratuitamente, para ninguém poder queixar-se. Fez-se, ainda, um dos nossos, para que pudéssemos experienciar seu amor. Ninguém pode queixar-se de ter sido esquecido, pois, deu a todos incontáveis chances. Finalmente, a recompensa final é a visão beatífica da Trindade. Constatamos, infelizmente, que uns trabalham pouco, com sua graça, felizmente outros mais e ainda, alguns, muitíssimo. Uns vieram, antes, para a vinha (o Reino de Deus), outros mais tarde. Não importa, pois, o céu é a recompensa, e merecida para todos…
Conclusão. Basta entender o projeto, aceitá-lo e realizá-lo com Sua Graça e nossa participação. Repito: a recompensa está acima de qualquer questionamento ou de possíveis acusações a Deus. Pois ele é Pai. Santíssimo. Inquestionável, no seu agir. Infelizmente, ainda, há os que não querem entendê-lo. Deus paternalmente, espera pela sua conversão e o Santos, também.
+ DOM CARMO JOÃO RODHEN-SCJ.
Bispo Emérito de Taubaté- SP.