“Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29)
Terminado o Tempo do Natal, com a Festa do Batismo do Senhor, iniciamos o Tempo Comum. A liturgia dos domingos do Tempo Comum é dividida em duas partes: a primeira parte iniciou terça-feira passada e vai até a terça-feira de Carnaval, e a segunda parte retoma após a Solenidade de Pentecostes e continua até as vésperas do advento.
O Tempo Comum é predominado pela cor litúrgica verde, que significa a esperança na chegada do Reino de Deus pregada por Jesus. Durante o Tempo Comum, acompanhamos Jesus operando milagres, realizando curas, pregando e anunciando o Reino de Deus. Jesus percorre Israel até entrar em Jerusalém e ser aclamado como Rei e depois sofrer a paixão, morte e ressurreição. Até por isso, a Igreja sabiamente coloca o Tempo Comum antes e após a Quaresma, pois os fatos da vida de Jesus têm total ligação.
O Tempo Comum, como já dissemos, inicia após a Festa do Batismo do Senhor e, inclusive, o evangelho do segundo domingo retrata o batismo de Jesus feito por João Batista. Após o batismo, Jesus, movido pelo Espírito Santo que desce sobre Ele, vai para o deserto e sofre as tentações. Depois de vencer as tentações, tem início a sua vida pública. O batismo pregado por João era um batismo de conversão e somente com água. Jesus instaura um novo batismo, que era o batismo no Espírito Santo.
Somos convidados a cada domingo a nos reunirmos em torno da mesa da palavra e da Eucaristia, junto com a nossa família, para ouvirmos o que o Senhor tem a nos falar, e comungar do seu Corpo e Sangue. Família que reza unida permanece unida. Que ao longo do ano possamos acompanhar os mistérios da vida de Jesus.
A primeira leitura da missa desse domingo é do profeta Isaías (Is 49, 3. 5-6). O profeta diz que em determinado momento de oração, o Senhor falou em seu íntimo, que Ele foi o escolhido por Deus para reconduzir o povo de Israel para a sua terra e dar um novo ânimo para aquele povo. Desde o ventre materno, Deus o escolheu para ser o seu servo e luz para todas as nações, o povo que andava na escuridão veria uma grande luz.
Essa leitura do profeta Isaías vai ao encontro com o Evangelho deste domingo, do mesmo modo que Deus escolheu o profeta desde o ventre materno para ser o seu servo, Ele escolheu o seu filho Jesus para ser luz para todas as nações. O Espírito Santo movia o profeta e do mesmo modo depois moveu Jesus para anunciar o reino de Deus.
O salmo responsorial é o 39 (40), que diz em seu refrão: “Eu disse: Eis que venho, Senhor, com prazer faço a vossa vontade”. Esse refrão é como se fosse a resposta do profeta ao chamado do Senhor e, também, deve ser a nossa resposta ao chamado de Deus. Esperemos sempre no Senhor que Ele fará o melhor.
A segunda leitura é do início da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 1, 1-3). Paulo diz que ele foi chamado por Deus e aceitou por vocação esse chamado. Todos nós somos chamados a sermos santos a partir do nosso batismo e devemos trilhar a nossa vida segundo o Espírito Santo de Deus e ouvir menos a voz da carne.
O Evangelho deste domingo é de João (Jo 1, 29-34). Esse trecho do retrata o batismo de Jesus feito por João Batista no rio Jordão. João, ao ver Jesus vindo de longe, diz aos que estavam ao redor: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. João preparou o caminho para a chegada de Jesus, por isso o batismo que ele pregava era de conversão, para preparar as pessoas para o encontro com o Messias.
Jesus veio depois, mas passaria à frente, pois era o Messias. João batizava com água e, a partir de Jesus, surge um novo batismo, na água e no Espírito Santo. O mesmo Espírito Santo que desceu sobre Jesus na hora do batismo, o levou para deserto e, depois, o acompanhou em sua vida pública, acompanha a vida da Igreja nos dias de hoje e acompanha cada um de nós. É por meio desse mesmo Espírito Santo que surgem a cada dia novos fiéis e que a Igreja todo dia celebra a Eucaristia.
Celebremos com alegria esse segundo domingo do Tempo Comum, recordemos a data em que fomos batizados e, ainda, recordemos que somos todos missionários do Senhor e chamados e enviados por Deus a anunciar o Evangelho. Pautemos a nossa vida segundo o Espírito Santo e trilhemos uma vida de santidade.
Participemos em família, sobretudo, das missas dominicais e sejamos gratos ao Senhor por nos dar a oportunidade de a cada ano celebrar o mistério da paixão, morte e ressureição de Jesus.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ