Nós temos a graça de celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. A espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, nos faz adentrar ainda mais no mistério D’aquele que possui um coração puro, humilde e que se compadece da fragilidade humana.
Para este dia todo especial o Papa Francisco, como acontece desde o Papa São João Paulo II, convoca a Igreja para rezar pela santificação dos padres. Aqui em nossa Arquidiocese, no dia que antecede a solenidade, nós nos reunimos com os padres para um tempo de oração, espiritualidade e vida fraterna. Rezemos para que Deus de a nós a graça de sempre amar o Senhor com total afinco. Neste ano o tema está inserido nas 7 homilias pronunciadas pelo Papa Francisco por ocasião das Missas do Crisma desde o início do seu pontificado até este ano. As reflexões do Papa Francisco continuam as que os últimos pontífices falaram sobre o sacerdócio. São João XXIII – Encíclica sobre o Centenário de morte do Cura de Ars: “Falar de São João Maria Vianney‚ evocar a figura de um padre excepcionalmente mortificado que, por amor de Deus e pela conversão dos pecadores, se privava de alimento e sono, se impunha rudes penitências e, sobretudo, levava a renúncia de si mesmo a um grau heróico. Se é certo que comumente não é pedido a todos os féis que sigam este caminho, a divina Providência dispôs que nunca faltem no mundo pastores de almas que, levados pelo Espírito Santo, não hesitem em encaminhar-se por estas vias, porque tais homens operam com este exemplo o regresso de muitos, que se convertem da sedução dos erros e dos vícios para o bom caminho e a prática da vida cristã! A todos, o exemplo admirável de renúncia do cura de Ars, “severo para consigo e bondoso para com os outros”, lembra de forma eloquente e urgente o lugar primordial da ascese na vida sacerdotal.
São João Paulo II: “A vocação não é realidade estática: possui uma dinâmica própria. Queridos Irmãos no sacerdócio, nós confirmamos e realizamos cada vez mais a nossa vocação, na medida em que vivemos fielmente o “mysterium” da aliança de Deus com o homem e, de modo particular, o “mysterium” da Eucaristia; realizamos a vocação, na medida em que, com crescente intensidade, amamos o sacerdócio e o ministério sacerdotal, que somos chamados a desempenhar. Descobrimos então que é no ser sacerdotes que nos “realizamos” a nós mesmos, corroborando a autenticidade da nossa vocação, segundo o desígnio singular e eterno de Deus para cada um de nós. Este projeto divino concretiza-se na medida em que é reconhecido e assumido por nós, como nosso projeto e programa de vida”.
Papa Bento XVI: “se é verdade que o convite de Jesus a “permanecer em seu amor” (cf. João 15, 9) se dirige a todo batizado, na festa do Sagrado Coração de Jesus, Dia de Santificação Sacerdotal, este convite ressoa com maior força para nós, sacerdotes, em particular nesta tarde, solene início do Ano Sacerdotal, que convoquei por ocasião do 150º aniversário da morte do Santo Cura de Ars. Vem-me imediatamente à mente uma bela e comovedora afirmação, referida no Catecismo da Igreja Católica: “O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus” (n. 1589). Como não recordar com comoção que diretamente desse Coração manou o dom do nosso ministério sacerdotal? Como esquecer que nós, presbíteros, fomos consagrados para servir, humilde e autorizadamente, ao sacerdócio comum dos fiéis? Nossa missão é indispensável para a Igreja e para o mundo, que exige fidelidade plena a Cristo e uma incessante união com Ele; isto é, exige que busquemos constantemente a santidade, como fez São João Maria Vianney. Na carta que vos dirigi por ocasião deste ano jubilar especial, queridos sacerdotes, eu quis sublinhar alguns aspectos que qualificam nosso ministério, fazendo referência ao exemplo e ao ensinamento do Santo Cura de Ars, modelo e protetor de todos os sacerdotes, em particular dos párocos. Espero que este meu texto vos sirva de ajuda e estímulo para fazer deste ano uma ocasião propícia para crescer na intimidade com Jesus, que conta conosco, seus ministros, para difundir e consolidar seu Reino, para difundir seu amor, sua verdade. E, portanto, “a exemplo do Santo Cura de Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis, também vós, no mundo de hoje, mensageiros de esperança, reconciliação e paz”. (Homilia do Papa emérito Bento XVI na abertura do Ano Sacerdotal.
Papa Francisco reiterando a importância da formação humana afirmou que um padre em paz consigo mesmo saberá “difundir serenidade” até mesmo nos momentos mais difíceis, “transmitindo a beleza do encontro com o Senhor”. “Não é normal que um padre seja frequentemente triste, nervoso ou duro de caráter; não está bem e não faz bem, nem ao padre, nem a seu povo. Nós, sacerdotes, somos apóstolos da alegria, anunciamos o Evangelho, a ‘boa nova’”.
Neste tempo de tantas dificuldades, mas também de muitas alegrias e esperanças convido-vos a rezar pelos padres, não somente nesta sexta-feira, mas, sempre. Precisamos de muitas orações e a oração é o nosso sustendo. Rezemos para que o Senhor nos dê a graça de sempre amá-lO e servi-lO com todo ardor. Rezemos pelas vocações sacerdotais em nossa Arquidiocese, particularmente neste Ano Vocacional. Para que o Senhor, dono da messe, envie inúmeras e santas vocações.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ