Texto referencial: Com espinhos, trançaram uma coroa que lhe puseram sobre a cabeça (…) ajoelhando-se diante Dele, caçoavam Dele, dizendo: Salve Rei dos judeus (…) A seguir, eles o levaram para o crucificar (Mt 26, 29-31).
1º A Igreja abre a grande semana Santa, narrando a Paixão e morte do Senhor. (versão de Mateus). Ela quer mostrar que Jesus é o servo de Javé, do qual fala Isaías (Is. 42,1-9; 49,1-7; 50,4-11; 52,13- 53,12), mas que é também o Filho de Deus, cumprindo sua difícil missão salvífica. Ele é fiel. Entra triunfal em Jerusalém, mas não como poderoso, para subjugar: sua autoridade, está no servir e amar. Jesus é condenado pelos judeus, por blasfêmia, (Filho de Deus), pelos romanos, que só reconheciam o imperador, como chefe supremo, era visto como alguém politicamente perigoso. Jesus era diferente: sua missão, era ir ao encontro dos necessitados e servi-los, salvando-os.
2º Chegou a hora de Jesus: pela qual viera, pela qual peregrinara evangelizando e que teria no calvário (cruz) e na Ressurreição seu momento maior (Jo. 2.4; 7.30; 8.20; 12.27; 16.32). Toda vida de Jesus, ou seja, sua evangelização, missão e obediência visavam esta hora: dar glória ao Pai, pois como Filho assumira, glorificá-Lo sem desfalecer jamais diante do sofrimento. A cruz, nós o sabemos, era o pior instrumento de tortura, mas, através dela, nos veio a salvação. A hora tinha um significado especial, para Jesus. Por ela esperou, filialmente e a venceu, porque procurou ser sempre fiel.
3º A hora se realiza, ainda, através de 3 momentos muito significativos: 3.1 Entrada de Jesus em Jerusalém, como Rei e Messias, cumprindo as promessas dos profetas; avistando a cidade, Ele chorou sobre ela (Lc. 19, 41)3.2 Purifica o templo de Jerusalém, para torná-lo lugar de culto e não de negócios. O Pai deve ser amado e cultuado em espírito e verdade. 3.3 Amaldiçoa a figueira, mesmo não sendo, tempo de frutos (…) Ela era, no fundo, Israel, que não produzia os frutos almejados. Sou inimigo de Israel? Não. Hoje, a Figueira somos todos: eu, você, nós… Cuidemos, pois, Jesus espera muitos e bons frutos de todos nós. Ele, ainda, reforça suas profecias, afirmando: “de teus muros, não ficará pedra, sobre pedra” (cf. Lc. 19, 44), pois, não quiseste reconhecer a hora de sua visitação. Não sou apocalíptico, mas o que está acontecendo, no mundo atual: enchentes, tornados e guerras, não seriam porventura um sinal? Não estamos abusando do uso de nossa liberdade: afastamento de Deus, separações de famílias, abortos, homicídios, suicídios e o gigantesco uso de drogas?
4º A semana Santa, não poderia tornar-se, ocasião de uma profunda introspecção? Como vivemos nós cristãos, esta semana tão significativa? É preciso voltar a Cristo de todo o coração, inteligência e vontade. Não estão surgindo, novas denominações religiosas, quais cogumelos, ou então, como verdadeiros supermercados de artigos religiosos? Não é preciso refletir mais? Não se propuseram vender até “terreninhos” no céu, para os mais apressadinhos? Como fica então com as escrituras? Pergunto eu! Quem vai passá-las? Quantos problemas novos…
+ Dom Carmo João Rhoden – SCJ
Bispo Emérito de Taubaté –SPPresidente da Pró Saúde.