Beato Padre Donizetti Tavares de Lima

Beato Padre Donizetti Tavares de Lima
Material para catequese
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De maneira sintética o Cardeal Angelo Becciu anunciou a Beatificação do Padre Donizetti: “Pe. Donizetti Tavares de Lima será beatificado. Durante o encontro, o Santo Padre autorizou a promulgação de alguns decretos, reconhecendo o milagre por intercessão do Venerável Servo de Deus Pe. Donizetti Tavares de Lima que será beatificado. O sacerdote diocesano brasileiro nasceu em 3 de janeiro de 1882, em Cássia (MG), e faleceu em 16 de junho de 1961, em Tambaú (SP). Padre Donizetti espalhou por Tambaú diversas obras sociais, dentre as quais a fundação do asilo São Vicente de Paulo e a Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Tambaú. Criou também a Congregação Mariana, a Irmandade das Filhas de Maria e o Círculo Operário Tambauense. Suas obras sociais continuam ainda hoje, em Tambaú, sendo testemunhas de seu zelo social. Tinha grande devoção a Nossa Senhora Aparecida. Em sua época, contam-se vários sinais milagrosos da multidão que ia a Tambaú para receber a bênção do pe. Donizetti”.

O Eminentíssimo Senhor Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, o Cardeal Angelo Becciu presidirá, em nome de Sua Santidade, o Papa Francisco, no dia 23 de novembro de 2019, às 9hs, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Tambaú, SP, a beatificação do Padre Donizetti.

Sinto-me particularmente unido à Igreja Diocesana de São João da Boa Vista, pois naquela região nasci, fui batizado, crismado, recebi a primeira Eucaristia, entrei para a vida religiosa e professei meus votos na Ordem Cisterciense, bem como, trabalhei como Vigário Paroquial, Pároco, Prior, Abade e Coordenador de Pastoral da Diocese de São João da Boa Vista. Vivi nessa região e pude constatar o carinho que o povo nutria pelo Pe., Donizete, inclusive, com muitos jovens que levavam o seu nome.

As peregrinações a Tambaú eram contadas pelas pessoas junto com as graças que recebiam. Depois de tantos anos em que pude ali viver e testemunhar esse exemplo fico muito feliz com esse passo tão importante que serve como exemplo de um simples pastor de uma pequena cidade do interiro de São Paulo que dedicou toda a sua vida a favor do povo de Deus. De sua pequena Tambaú, como sempre acontece com os sinais divinos, suas bênçãos atravessaram o estado e o pais. Simplesmente um padre que reza e abençoa a povo. Ao mesmo tempo cuida de sua paróquia, realiza obras sociais para os necessitados e é obediente à Igreja. Alegro-me em poder testemunhar esse momento significativo para a vida da minha Diocese de origem e mesmo de toda a Igreja no Brasil, já que de todos os cantos e recantos chegam a Tambaú, peregrinos para pedir a sua intercessão junto de Deus.

Destacar alguns da vida iluminada do Padre Donizetti, que é um exemplo de sacerdote diocesano, que doou a sua vida em favor do povo de Deus, retirada das mídias de divulgação da vida do padre:

1.     Amor a Deus e a Nossa Senhora: o Padre Donizetti pregava a Nosso Senhor Jesus Cristo e atribuía toda a sua ação evangelizadora à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, cuja réplica ele carregava consigo. Tudo que ele pedia para a Mãe de Deus, o Redentor escutava e ele sempre dizia que tudo o que fazia era em nome de Deus e da Virgem Maria. “Assim que assumiu a paróquia, padre Donizetti encomendou a réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida para colocar na Igreja Matriz de Santo Antônio. Em 1929, um incêndio provocado por um curto circuito destruiu completamente a igreja. Das 23 imagens que havia no local restou intacta apenas a imagem da padroeira do Brasil, retirada do incêndio pelo padre Donizetti. Diante do fato o padre prometeu construir um santuário para a Virgem Santíssima. Seu desejo, porém, só foi concretizado após sua morte, aos 79 anos.”

2.     Homem de fé: o Padre Donizetti era um homem de muita fé. Ele abençoava o povo em nome de Deus que concedia o dom de vários milagres, que, levava como consequência que as pessoas tivessem uma conversão radical e uma mudança de vida conforme a vontade de Deus e o que pedem os Santos Evangelhos.

3.     Homem de oração: Padre Donizetti dedicava muitas horas de seu dia à oração. Até mesmo nos momentos em que atendia às confissões dos fiéis, o fazia em espírito de penitência, de renúncia, de sacrifício e de profunda oração.

4.     Humilde: pelas fotos que ficaram da história do Padre Donizetti podemos constatar que ele viveu a humildade em grau heroico. Suas roupas eram simples e muito gastas o que bem demonstrava o seu desapego para as coisas do mundo. A sua casa paroquial era modesta e ele se alimentava muito frugalmente.

5.     Pobreza: o estilo de vida do Padre Donizetti era de uma austeridade muito grande. “O religioso fez voto de pobreza desde sua ordenação sacerdotal e a única coisa que dizia possuir eram livros.  Para ele, a evangelização só alcançava seus frutos através da penitência. Exerceu seu sacerdócio como Jesus, a serviço dos pobres, dos desprotegidos e dos doentes. Viveu de maneira simples e humilde, sempre à disposição do povo.”

6.     Caridade: Suas obras, testemunham ainda nos dias de hoje seu desapego e a sua compaixão: “Padre Donizetti espalhou por Tambaú diversas obras sociais, entre elas destacam-se a fundação do asilo São Vicente de Paulo e da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Tambaú. Criou também a Congregação Mariana, a Irmandade das Filhas de Maria e o Círculo Operário Tambauense.”

7.     Coragem: “Seu cuidado com o povo era permanente. Em tempos que a saúde pública era precaríssima, padre Donizetti, letrado como era, entrou em contato com o Instituto Butantã, em São Paulo, para que lhe mandassem soro antiofídico; em troca, ele lhes enviaria as cobras. E o soro chegava a Tambaú e salvava a vida de várias pessoas que eram picadas pelas cobras (o próprio sacerdote aplicava em quem precisava). Entre injeções, defesa dos mais humildes, atenção às crianças, moral ilibada, liderança comunitária, estudos e leitura cotidianos, música e canto, engajamento político, crescia a percepção de que ali estava bem mais que um simples pároco de aldeia. Mas a marca do padre que colocaria Tambaú, efetivamente, no mapa-múndi, estava por vir.”

8.     Destemor: O Padre Donizetti viveu corajosamente seu ministério e não se intimidava diante das autoridades e das pessoas que queriam impedir a sua ação evangelizadora. Lutou muito para que os direitos dos trabalhadores fossem respeitados. Não pregou a si, mas pregou a obediência a Deus e o amor para com a Virgem Maria.

9.     Depositava toda a sua esperança em Deus e em Nossa Senhora: conseguia êxito em suas ações apostólicas porque nunca confiou em sua humanidade, mas na graça da Santíssima Trindade e na assistência de Nossa Senhora em sua vida. Eles nunca lhe faltaram!

10. Obediente à Igreja: Padre Donizetti, como todo santo, foi obediente às autoridades eclesiásticas. Eis o motivo: “Na pequena Tambaú (cuja população à época era de quinze mil habitantes), alguns moradores já haviam tido a experiência de receber uma cura pela imposição das mãos e pela bênção do padre. Entre os relatos, estava a cura da gagueira do jornalista Joelmir Betting (1936-2012), então coroinha; também havia relatos de levitação do sacerdote. Mas tudo ficava restrito ao povo do local. Porém, em 1954, o senhor Marcassa, um comerciante de vinhos de outra cidade, foi curado de uma dor no joelho. Posteriormente, ele espalhou a notícia do “padre milagroso”, e os romeiros começaram a afluir. Entre 1954 e 1955, a multidão de romeiros de vários lugares do País era cotidiana, em busca de curar-se de diversas enfermidades, do corpo e do espírito; todos aguardavam, ansiosos, a bênção pública dada pelo padre. Com isso, Tambaú transformou-se, porém tudo funcionando com precárias condições de higiene. Jornalistas, estudiosos, curiosos, marreteiros religiosos entupiram as ruas no caminho por onde passavam aqueles que chegavam, à cidade dos milagres de carro, em caminhões pau de arara, de trem, a cavalo, a pé, de bicicleta e até em pequenos aviões para livrar-se de seus males. Muitos alcançavam o que buscavam; multidões, porém, retornavam a seus lugares de origem sem a cura de seus males, mas amparadas pelo vigor daquele homem de voz poderosa.

Como era de se esperar, não tardou para que os problemas começassem, envolvendo questões eclesiais, econômicas e políticas. Obedecendo ao pedido do Bispo de São João da Boa Vista, padre Donizetti anunciou que sua última bênção e os atendimentos públicos aconteceriam no dia 30 de maio de 1955. E assim foi. Isso ocorreu com uma chuva de pétalas de rosas, organizada pelo radialista Pedro Geraldo Costa (1920-1990), da Rádio Nacional, que transmitia as orações e as bênçãos do padre a milhares de espectadores. Diante da Capela São José, em palanque na praça, um emocionado sacerdote mineiro deu a derradeira bênção pública às 20 horas. No outro dia, após um longo ano, Tambaú, milagrosamente, amanheceu vazia, sem nenhum romeiro. Assim como o papa emérito Bento XVI (1927-), padre Donizetti recolheu-se em uma vida mais reclusa, lutando como podia para construir um santuário para Nossa Senhora Aparecida, a quem ele atribuía a graça dos milagres que aconteceram. Em 16 de junho de 1961, faleceu o taumaturgo de Tambaú, sem ver o sonho do santuário concretizado.”

O milagre que leva o sacerdote diocesano à categoria de beato é o seguinte: “O milagre aconteceu em Casa Branca, SP, cidade que fica a 36 quilômetros de Tambaú, onde o Pe. Donizetti trabalhava.  Depois de alguns dias do nascimento de Bruno, em 2006, a mãe dele,  Margarete Arruda de Oliveira, percebeu que os pés do bebê eram tortos. Logo, os médicos constataram a anormalidade de difícil tratamento, com a possibilidade do uso de gessos, bota ortopédica e realização de cirurgia, podendo ainda acarretar sequelas.

O site dedicado ao Pe. Donizetti narra que Bruno, ao começar a ficar de pé, não conseguia encostar as solas na superfície; ele pisava com os lados dos pés e tinha as perninhas arqueadas.  Em uma noite, a mãe colocou Bruno de pé sobre a mesa da cozinha e tentou desentortar os pezinhos dele e fazer com que ficassem retos, mas seus esforços foram em vão. Então ela começou a chorar e clamou ao Pe Donizetti:  “Por favor, Santo Pe. Donizetti, tenha piedade desta vossa filha que vos clama, me ajude: cure o meu filho, cura os pés dele…Sei que terei um caminho difícil pela frente com esse tratamento…Intercede por mim junto a Nossa Senhora Aparecida, sei que Ela não negará um pedido do senhor padre, pois Ela o ama muito, peça a Ela, por favor, que interceda ao filho Jesus, tal qual nas bodas de Canãa. Pe. Donizetti, se o senhor atender o meu pedido, prometo ir até a sua casa em Tambaú e levar o sapatinho do meu filho Bruno, para que dê o testemunho do seu poder junto à Nossa Senhora e Jesus, para que outros que sofrem, possam também pedir ajuda a vós. Obrigada, essa é minha vontade, mas que seja feita a vontade de Deus sobre todas as vontades…Amém!” 

Depois disso, a mãe fez o bebê dormir. No outro dia, resolveu colocá-lo de pé sobre a mesa novamente. E foi aí que teve a grata surpresa:  “Meu filho pisou com os pés retos e as solas dos pés tocavam a mesa! Suas pernas ainda continuavam arqueadas, mas, os pés estavam pisando certo. Chegou o dia da consulta com o ortopedista. Levei meu filho juntamente com o Raio-X e o Laudo e o Dr. José Elias, olhava o laudo e examinava os pés do Bruno e depois de algum tempo, me disse: –  Você acredita em Deus? Eu disse que sim e ele me disse:  – Então agradece, porque foi Ele, seu filho não tem nada nos pés, está normal! Saí de lá com lágrimas nos olhos e tão agradecida ao Padre Donizetti, Nossa Senhora Aparecida e a Deus, por terem curado os pés do meu filho”, relatou Margarete.  O garoto não ficou com nenhum tipo de sequelas” O miraculado Bruno Henrique Arruda de Oliveira e sua família participaram do anúncio do decreto da beatificação no santuário em Tambaú. 

Em tempos que, infelizmente, a mídia apenas coloca em evidência momentos difíceis e complexos da vida da igreja, o clero e o povo católico brasileiro tem como luminoso exemplo a vida e a obra de um padre diocesano: o Beato Padre Donizetti Tavares de Lima viveu uma vida totalmente doada em favor dos seus paroquianos, em uma pequena paróquia do interior de São Paulo, onde se santificou e santificou não só seus paroquianos, mas gente vinda de todo o Brasil. Qual era a receita de sua santidade: confiança absoluta em Deus e na intercessão de Nossa Senhora Aparecida. A sua vida pode ser resumida neste ponto: Padre Donizete se distinguia por uma vida simples e austera. Seu desejo era servir a Deus sobre todas as coisas servindo ao povo que lhe foi confiado. Distinguiu-se pelo acolhimento em todos os níveis.

Beato Padre Donizetti velai pelos nossos sacerdotes e nos ajudem a servir a Deus sobre todas as coisas, sempre servindo ao povo de Deus em primeiro lugar para irmos ao encontro do Senhor Ressuscitado, Amém!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ