A maturidade pode parecer um conceito simples, ligado à idade ou à experiência de vida. No entanto, seu verdadeiro significado vai além disso. No contexto cristão não se resume apenas ao conhecimento intelectual, mas à vivência dos valores do Evangelho de maneira autêntica. Assim como uma árvore que só atinge sua plenitude ao crescer e dar frutos, o ser humano amadurece ao integrar fé, razão e virtudes em sua vida cotidiana.
O Que é a Maturidade e Como Alcançá-la
Quem segue sua consciência encontrou a porta para uma vida autêntica. Como diz William Kilpatrick:
“A moralidade não consiste meramente em aprender as regras do certo e do errado; é uma retificação total de nós mesmos.”
A maturidade não se resume apenas a idade ou experiência, mas à integração de valores humanos em um todo harmônico. De fato, muitas pessoas passam a vida sem desenvolver essa verdadeira maturidade, essencial para viver de forma plena e responsável.
O Verdadeiro Significado
A maturidade é um valor universal. Todos desejam ser reconhecidos como pessoas maduras, mas nem todos compreendem seu real significado. Muitos associam à idade, acreditando que quanto mais velho alguém for, mais maduro será. No entanto, essa ideia é equivocada. Existem jovens de catorze anos com grande responsabilidade, enquanto alguns adultos demonstram atitudes infantis.
Olhando para nossa sociedade, percebemos que a falta de maturidade é um problema evidente. Um exemplo clássico é o de um homem que abandona sua família por uma vida de prazeres momentâneos. Longe de demonstrar maturidade, ele age como um adolescente em busca de diversão, sem considerar as consequências de seus atos.
Mitos Sobre a Maturidade
A cultura moderna perpetua algumas ideias equivocadas sobre maturidade. Entre elas, destacam-se três mitos:
1. Não é Invulnerabilidade
Muitas pessoas acreditam que ser maduro significa estar acima do bem e do mal, como se a moralidade fosse uma questão apenas infantil. No entanto, uma pessoa madura não precisa de supervisão para fazer o bem e evitar o mal. Ela segue sua consciência e age conforme seus princípios.
2. Não é Infalibilidade
Ser maduro não significa ter todas as respostas. Pelo contrário, está na humildade de reconhecer as próprias limitações. Como dizia Santa Teresa de Ávila:
“A humildade é a verdade.”
A pessoa madura aceita que pode errar e busca constantemente aprender.
3. Não é Inflexibilidade
Alguns acreditam que ser maduro é ser rígido e sério o tempo todo. No entanto, envolve equilíbrio. Saber quando rir e quando ser sério faz parte da sabedoria de uma pessoa realmente madura.
No livro do Eclesiastes, encontramos um belo ensinamento sobre esse equilíbrio:
“Há tempo de chorar e tempo de rir, tempo de estar em silêncio e tempo de falar.” (Ecl 3,1-8)
A maturidade consiste em discernir esses momentos e agir de forma adequada em cada situação.
Características de uma Pessoa Madura
Agora que entendemos o que a maturidade não é, podemos definir seus aspectos essenciais. Ela pode ser vista sob três perspectivas:
1. Como Plenitude da Natureza Humana
Maturidade significa alcançar a plenitude do que fomos criados para ser. Assim como uma árvore só atinge seu potencial ao crescer plenamente, o ser humano deve desenvolver todas as suas faculdades: física, emocional, psicológica e espiritual.
2. Como Internalização de Princípios
Uma criança obedece regras porque lhe são impostas. Uma pessoa madura, por outro lado, transforma essas regras externas em convicções internas, guiando suas ações pelo que acredita ser correto, independentemente da opinião alheia.
3. Como Harmonia Interior
A maturidade envolve a integração de todas as dimensões da pessoa humana. Ela se reflete na fidelidade aos compromissos assumidos e na coerência entre o que se diz e o que se faz.
A Sociedade “Light” e a Falta de Maturidade
O psiquiatra espanhol Enrique Rojas, no livro El Hombre Light, descreve a sociedade moderna como superficial, focada apenas no prazer imediato e desprovida de valores profundos. Esse “homem light” vive sem compromissos e sem princípios sólidos.
Em oposição a isso, surge o “homem sólido”, aquele que busca ideais elevados, tem firmeza moral e vive uma vida autêntica. Esse é o verdadeiro modelo de maturidade.
Os Dez Contrastes Entre Imaturidade e Maturidade
Para compreender melhor o que significa ser maduro, podemos comparar dez aspectos que diferenciam uma pessoa infantil de uma pessoa madura:
- Superficialidade vs. Profundidade – A pessoa madura busca compreender a essência das coisas.
- Impulsividade vs. Reflexão – Maturidade envolve pensar antes de agir.
- Instabilidade vs. Constância – Quem é maduro mantém seus compromissos mesmo diante das dificuldades.
- Sentimentalismo vs. Caráter – O maduro não se deixa guiar apenas pelas emoções, mas por princípios.
- Gratificação Imediata vs. Capacidade de Sacrifício – A maturidade envolve renúncia e esforço.
- Autoestima Inflada vs. Humildade – O maduro reconhece seus limites e valoriza os outros.
- Subjetivismo vs. Objetividade – Ele analisa as coisas de maneira justa, sem julgamentos precipitados.
- Extremismo vs. Equilíbrio – A maturidade está no meio-termo entre exagero e indiferença.
- Egoísmo vs. Abertura ao Outro – O maduro se preocupa genuinamente com os outros.
- Dependência vs. Independência – Ele age conforme sua consciência, sem precisar de aprovação externa.
Cristo: O Modelo Supremo de Maturidade
Os cristãos não precisam procurar muito para encontrar um exemplo perfeito de maturidade: Jesus Cristo. Ele sabia exatamente quem era e qual era sua missão. Em todos os momentos de sua vida, manteve-se fiel à vontade do Pai.
Quando as multidões quiseram proclamá-lo rei, ele se retirou. Quando chegou o momento do sofrimento, ele aceitou a cruz com coragem. Nenhum exemplo de maturidade é maior que o de Cristo.
Conclusão: O Caminho Para a Maturidade Verdadeira
A sociedade moderna valoriza mais o ter do que o ser. No entanto, é urgente resgatar o verdadeiro sentido da maturidade. Viver segundo a verdade do nosso ser nos leva à felicidade autêntica.
Que possamos olhar para Cristo como nosso modelo e buscar essa maturidade verdadeira em nossas vidas. Afinal, como nos ensinou São Paulo:
“Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de criança.” (1 Cor 13,11)
