Curso 03 Aula 06 – A Salvação de Deus: A Graça

A Graça de Deus: O Caminho para a Justificação e a Santidade
Material para catequese
Material para catequese

A graça de Deus tem um papel central na justificação do ser humano. Primeiramente, ela nos purifica dos pecados e concede a justiça de Deus, conforme descrito em Romanos 3,22: ‘a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo’ chega a nós por meio do Batismo. Além disso, pela ação do Espírito Santo, a graça de Deus nos integra à Paixão de Cristo, morrendo para o pecado e renascendo para uma nova vida. Assim também, tornamo-nos membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja.

De acordo com o Evangelho de Mateus (Mt 4,17), a conversão é a primeira obra da graça na vida do cristão: “Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos céus”. Nesse contexto, a graça conduz o homem a afastar-se do pecado e aproximar-se de Deus. Dessa forma, a justificação alcança três grandes objetivos: remissão dos pecados, santificação e renovação interior.

A Obra da Justificação

A justificação, de acordo com o Concílio de Trento, vai além da purificação do coração; ela implica a aceitação da justiça divina por meio da fé em Jesus Cristo. É essencial recordar que a Paixão de Cristo mereceu essa justificação para nós, sendo ela inicialmente comunicada pelo Batismo.

Sobretudo, a justificação demonstra uma colaboração entre a graça divina e a liberdade humana. É uma obra maravilhosa do amor de Deus, que respeita nossa liberdade e nos convida a responder ao seu chamado.

A Graça de Deus: Dom Sobrenatural

A graça de Deus é um dom gratuito que nos permite responder ao chamado divino de tornarmo-nos seus filhos. Ela nos transforma em participantes da natureza divina e da vida eterna. Assim sendo, quem recebe e conserva a graça pode clamar a Deus como Pai, pois é considerado filho adotivo.

Além disso, a vocação para a vida eterna é sobrenatural e depende exclusivamente da iniciativa divina. Apenas Deus pode conceder essa participação na vida trinitária. Por isso, a graça é definida como o dom gratuito que cura a alma e nos liberta do pecado.

Tipos de Graça

É importante diferenciar os tipos de graça. A graça santificante é habitual e permanece na alma, enquanto as graças atuais são intervenções divinas transitórias que nos auxiliam em momentos específicos. Ambas são indispensáveis para a vivência cristã.

Ademais, a graça santificante é responsável por infundir em nossa alma os dons do Espírito Santo, tornando-nos capazes de colaborar na salvação própria e alheia. Por consequência, isso fortalece o Corpo de Cristo, que é a Igreja.

Graças Sacramentais e Carismas

A graça de Deus inclui também as chamadas graças sacramentais, que são dons específicos conferidos pelos sacramentos. Além disso, há as graças especiais, conhecidas como carismas, que São Paulo descreveu como “dons gratuitos” em Romanos 12,6-8. Esses carismas, quando bem usados, promovem o bem comum e fortalecem a comunidade cristã.

Assim como os sacramentos edificam a Igreja, os carismas, mesmo extraordinários como o dom de línguas ou milagres, têm por objetivo principal o serviço aos outros e a glória de Deus.

O Mérito na Vida Cristã

Diante de Deus, o conceito de mérito adquire um significado particular. Em geral, mérito refere-se à retribuição pelas ações de um indivíduo. Contudo, no âmbito da graça, não há mérito humano que preceda o amor divino. A iniciativa parte sempre de Deus. Mesmo assim, a caridade infundida em nossos corações pelo Espírito Santo constitui um mérito que nos permite colaborar com o plano de Deus.

A Santidade Cristã

Deus chama todos os fiéis à santidade. Como ensina o Evangelho de Mateus (Mt 5,48): “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. A santidade cristã é um convite à plenitude da vida em Cristo e à prática da caridade. Segundo a encíclica Lumen Gentium, todos devem buscar a santidade com todas as forças, cumprindo a vontade do Pai e servindo ao próximo.

O Caminho da Santidade

O caminho da santidade é marcado por renúncias e desafios espirituais. Não existe santidade sem o combate contra as tentações e a busca constante de viver as bem-aventuranças. A ascese e a mortificação conduzem à verdadeira alegria espiritual.

Além disso, como pertence à ordem sobrenatural, a graça só se compreende pela fé. Sentimentos ou obras humanas não a medem nem a provam. Como disse Santa Joana D’Arc: “Se não estou na Graça de Deus, que Deus me coloque nela; se estou, que Deus nela me conserve”.

Conclusão

Em síntese, a salvação é uma obra conjunta da graça divina e da liberdade humana. A graça é o dom gratuito que nos conduz à vida eterna, permitindo-nos participar da natureza divina. A busca pela santidade, embora desafiadora, é essencial para todos os cristãos, que, com a ajuda da graça, são chamados a viver em plenitude a vida em Cristo. Afinal, como nos ensina a tradição da Igreja, só pela graça podemos alcançar a verdadeira união com Deus e o serviço amoroso ao próximo.