A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI
(Itens 1949 a 1995 do Catecismo da Igreja Católica)
A lei moral -: criado para a felicidade, mas ferido pelo pecado, o ser humano precisa da salvação de Deus. Essa salvação lhe é dada em Jesus Cristo pela lei que o dirige e pela Graça que o sustenta. A lei moral vem de Deus e da sua sabedoria. Trata-se de uma instrução divina que dá aos homens os caminhos, as regras de comportamento que os levam à felicidade, ao mesmo tempo em que elimina os caminhos do mal que desviam de Deus e de seu amor.
Do ponto de vista humano, a lei é uma regra de comportamento criada pela autoridade competente em vista do bem comum. Porém, toda lei humana deve encontrar na lei divina a sua verdadeira essência. As expressões da lei moral variam muito, mas todas devem estar coordenadas entre si: a lei eterna, oriunda de Deus e fonte de todas as leis; a lei natural e a lei revelada, compreendendo a lei antiga (judaica) e a lei evangélica. A lei moral encontra em Cristo a sua plenitude e a sua unidade, “porque a finalidade da lei é Cristo, para a justificação de todo aquele que crê” (Rm 10, 4).
A lei moral natural -: esta lei moral natural exprime o sentido moral original, que permite ao homem discernir, pela sua razão, o que é o bem e o que é o mal, o que é verdade e o que é mentira. Ela se encontra gravada na alma de todos, ali colocada por Deus. Esta lei está exposta, em seus principais conceitos, nos Dez Mandamentos.
A lei moral natural é imutável e permanente através da história, quaisquer que sejam os tempos e os costumes humanos. No entanto, os preceitos da lei moral natural não são percebidos por todos de maneira clara e imediata. São necessárias a graça de Deus e a Revelação para que as verdades morais e religiosas possam ser conhecidas.
A lei revelada antiga -: Deus escolheu Israel como seu povo e lhe revelou sua Lei, preparando assim a vinda de Cristo. A lei judaica, conhecida por Israel através de Moisés, compreende diversas verdades e são autenticadas na Aliança da Salvação. Essa lei antiga é o primeiro estágio da Lei revelada, e suas prescrições morais se acham resumidas nos Dez Mandamentos. Santo Agostinho nos ensinou que “Deus escreveu nas tábuas da Lei aquilo que os homens não conseguiam ler nos seus corações”. Mas, segundo as tradições cristãs, essa lei ainda é imperfeita, pois ela mostra o que se deve fazer, mas não dá a força e a graça para cumpri-la. No entanto, permanece essa lei como primeira etapa no caminho do Reino de Deus, uma preparação para a perfeita lei evangélica.
A nova lei revelada (ou lei evangélica) -: trata-se da perfeição, na terra, da lei moral natural divina. Ela é obra de Jesus Cristo e se exprime, particularmente, no Sermão da montanha. É também obra do Espírito Santo. “Concluirei com a casa de Israel uma nova Aliança. (…) Colocarei minhas leis na sua mente e as inscreverei no seu coração; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Hb 8, 8 – 10).
A nova lei é a graça do Espírito Santo dada aos fiéis pela fé em Cristo. Serve-se do Sermão da montanha para nos ensinar o que é preciso fazer, e dos Sacramentos para nos dar a graça de fazê-lo. A lei evangélica dá pleno cumprimento à antiga lei. O Sermão da montanha, longe de abolir ou desvalorizar a lei antiga, tira dela virtudes ocultas e faz surgir novas exigências. O Evangelho, deste modo, leva a antiga lei à plenitude, através do perdão aos inimigos e a oração pelos perseguidores, segundo o modelo da generosidade de Deus. Nas bem-aventuranças, a nova lei realiza plenamente as promessas divinas. Dirige-se àqueles que se mostram dispostos a acolher com fé esta esperança nova: os pobres, os humildes, os aflitos, os de coração puro, os pacíficos, os perseguidos por causa de Cristo, traçando assimos caminhos do Reino dos Céus. A nova lei pratica os atos da religião: a esmola, a oração e o jejum. A sua oração principal é o Pai Nosso. Em resumo, toda a nova lei se fundamenta no mandamento novo de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.
Além dos preceitos, a nova lei evangélica comporta também os conselhos evangélicos. Os preceitos se destinam a afastar tudo aquilo que é incompatível com a caridade; os conselhos tem como meta afastar aquilo que, mesmo sem ser contrário, pode constituir-se em obstáculo para o desenvolvimento da caridade.