Amizade Verdadeira: Um Tesouro Que Vale Mais Que Ouro

A amizade verdadeira, duas amigas se abraçando.
Material para catequese
Material para catequese

Uma das cenas mais belas da Bíblia ocorre no Evangelho de São João. Pedro e os apóstolos, exaustos após uma noite de pesca frustrada, ouvem uma voz familiar da margem: “Rapazes, vocês pegaram alguma coisa?”. O que se segue é um milagre, mas o mais comovente é a reação de Pedro. João resume em três palavras: “É o Senhor!”. Três palavras que o impulsionam a saltar do barco, um gesto impensado, movido por algo muito forte: a amizade verdadeira que nutria por Jesus Cristo.

Mas afinal, o que é a amizade verdadeira? Como podemos cultivá-la em nossas vidas e qual a sua importância?

Aristóteles e os Tipos de Amizade:

Aristóteles, em sua obra “Ética a Nicômaco”, define três tipos de amizade:

  1. Amizade por interesse: Baseada na utilidade mútua, comum em relações profissionais.
  2. Amizade por prazer: Motivada pela diversão e bem-estar que a companhia do outro proporciona.
  3. Amizade verdadeira: Fundamentada na virtude e bondade do outro, na busca conjunta por uma vida virtuosa.

Amizade Verdadeira: Um Dom de Deus:

Contudo, falta algo na definição de Aristóteles, algo que C.S. Lewis capta com maestria: a amizade como um presente divino. Não escolhemos nossos amigos verdadeiros por cálculo ou conveniência, mas sim porque Deus, em Sua infinita sabedoria, os coloca em nosso caminho, revelando através deles belezas e reflexos de Si mesmo.

Jesus, em Seu infinito amor, nos presenteia com o mandamento do amor fraterno: “Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). A doação, o sacrifício, a entrega desinteressada, este é o termômetro da amizade verdadeira.

Amizade nos Momentos Difíceis:

amizade verdadeira se revela, sobretudo, nos momentos difíceis. É quando um amigo se torna “um escudo poderoso”, um tesouro inestimável, como afirma o livro do Eclesiástico (6,14). A lealdade inabalável, a capacidade de amar e aceitar as falhas do outro, a disposição em doar-se sem esperar nada em troca, são características intrínsecas da amizade verdadeira.

J.R.R. Tolkien, em “O Senhor dos Anéis”, retrata de forma emocionante a amizade entre Sam e Frodo, um elo inquebrável capaz de resistir às maiores adversidades.

Sam observa a luz que emana de Frodo, mesmo em meio às sombras, e declara: “Eu o amo muito. Ele é assim, e às vezes, por algum motivo, a luz brilha… Mas seja transparente ou não, eu quero”. Uma frase que encapsula a essência da amizade verdadeira: amar incondicionalmente, apesar das fragilidades e imperfeições.

A atitude de Pedro, lançando-se ao mar ao ouvir a voz de Jesus, só se explica pela força da amizade verdadeira, um amor que transcende a lógica e a razão. É este amor que nos impulsiona, que dá sentido à nossa vida, que nos torna mais fortes e completos. A amizade verdadeira é um presente divino, um tesouro que devemos cultivar com carinho e dedicação.