Tu és o meu Filho

batism do senhor
Material para catequese
Material para catequese

Com a festa do Batismo do Senhor, encerra-se o ciclo do Natal, tempo em que celebramos com alegria a vinda do Senhor Jesus ao nosso meio. Na segunda-feira após esta festa, iniciaremos o Tempo Comum, que embora receba esse termo, não é um tempo de menor importância, mas sim um tempo de contemplarmos a totalidade do mistério de Cristo nas realidades do dia a dia, diferente dos tempos fortes em que nos centramos em alguns aspectos específicos do mistério de Cristo.

Logo após a vivência dos dias do tempo de Natal e do Início do Ano Novo, onde tivemos a oportunidade de ser fortalecidos pela notícia da presença de Deus que nos ama em nosso meio, somos convidados pelo Senhor a ingressar na Igreja pela porta da fé e tornar-se comunicador de seu Reino, sendo portadores da Boa Nova que dá vida ao mundo. Sem este anúncio, não saberíamos que Deus, por amor infinito, nos enviou seu Filho para que nós, apesar dos nossos pecados, encontrássemos o caminho de regresso à eterna comunhão com Deus.

Nesta festa, celebramos a manifestação de Jesus como o Filho Amado, cheio do Espírito Santo, que veio para salvar a todos, e o início de sua vida pública. Isso acontece logo após o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão, conforme nos conta S. Lucas (Lc 3, 15-16.21-22): Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”.

Batizar significa mergulhar. No seu batismo, Jesus mergulhou simbolicamente na história do pecado de toda a humanidade já que não tinha mancha alguma para purificar. Para nos redimir dos nossos pecados, Ele seria um dia totalmente mergulhado na morte; porém, através do poder de seu Pai seria novamente despertado para a vida.

Às margens do Jordão, Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, Aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, Ele irá começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão ele começou desde que  se fez homem por nós; agora, no entanto, vai manifestar-se publicamente a Israel e a toda a humanidade.

É na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará seus milagres, expulsará Satanás e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao Pai e doação aos irmãos até a morte, e morte de cruz, como bem nos lembra o livro dos Atos dos Apóstolos (At 10, 34-38): Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa-nova da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele”.

O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e tarefa dada pelo Senhor no dia da Ascensão.

Ao ser batizado no Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão. Esta unção será plena na ressurreição, quando o Pai derramará sobre Ele o Espírito como vida da sua vida. Então Ele, pleno do Espírito Santo que O ressuscitou, derramará este Espírito, que será também seu Espírito, sobre nós, dando-nos uma nova vida!

Os cristãos são batizados na água e no Espírito (cf. Jo 3,5; 7,37-39). Ao sermos batizados, recebemos o Espírito Santo de Jesus e, por isso, somos participantes de Sua missão de viver, testemunhar e anunciar o Reino de Deus, a Vida eterna, a Vida no amor a Deus e aos irmãos, que Jesus veio anunciar ao Se fazer homem igual a nós! O testemunho é dado na simplicidade, na pobreza e na humildade do dia a dia!

Nesta festa, temos então o chamado a relembrar a nossa identidade cristã, renovar a fé que professamos e colocarmo-nos em atitude de prontidão ao que o Senhor tem a fazer em nós e através de nós.  A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, o Novo Povo de Deus e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. O Batismo é a porta por onde se entra na Igreja. Em virtude do Batismo, somos chamados a ser mensageiros e servidores da Esperança. Em meio a um início de ano já marcado por algumas notícias que podem nos causar certa apreensão, o cristão é chamado a fortalecer no Senhor a sua esperança e ser sinal vivo dela em meio aos homens.

Que o Senhor, pela ação do seu Espírito em nós, nos fortaleça, nos santifique e nos dê a cada dia mais um coração de Filhos, disponíveis a abraçar com amor o que o Senhor tem planejado para nós ao início deste novo ano. Na sexta iniciamos nossa Trezena em preparação à festa de nosso padroeiro, São

Que possamos viver com fé e esperança esses dias de grande renovação espiritual em nossa Arquidiocese, para que muitos possam ser alcançados pela Graça de Deus, por intercessão de São Sebastião.  Deus abençoe e guarde a todos.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ