Após a Festa do Batismo do Senhor, iniciamos um novo tempo na Liturgia da Igreja, o Tempo Comum. Embora a palavra “comum” possar soar como algo simples e normal, o Tempo Comum é uma das escolas mais importantes para vivenciar a compreensão das Sagradas Escrituras, através da vivência da Palavra de Deus no dia a dia, bem como o peso da conversão intrínseca/explícita, além das ações dadas por Jesus Cristo na sua missão de Evangelização e de Amor, visto em todo o percorrer deste Tempo Litúrgico. Tudo isto, visando a Revelação do Amor de Deus pelo Plano de Salvação instaurado no meio de nós pelo Evangelho de Jesus Cristo.
O cerne da Liturgia deste Domingo encontramos o casamento como a relação que exprime a privilegiada relação de amor de Deus com o seu Povo, o Noivo e a Noiva respectivamente. Em que o amor se transforma em alegria, onde há cumplicidade e respeito; amor que é imensurável e traz a verdadeira vida.
A Primeira Leitura, retirada do Livro do Profeta Isaías (Is 62,1-5), o profeta demonstra o Amor de Deus pelo seu Povo, que não cala ou tampouco esmorece em trazer a verdadeira Luz e Justiça para sua amada, a qual nunca mais será abandonada. Portanto, “as nações verão a tua justiça, todos os reis verão a tua glória; serás chamada com um nome novo, que a boca do Senhor há de designar. Não mais te chamarão Abandonada, e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será desposada” (cf. Is 62,2.4).
No Evangelho de João (Jo 2,1-11), somos inseridos no contexto das Bodas de Caná, tão conhecida em nosso meio cristão como a transformação da “água em vinho”. Ora, mais do que este milagre vivenciado, o simbolismo do vinho é o sinal da alegria e da abundância, logo através da intercessão da Virgem Maria, Jesus inicia a sua missão, trazendo nada menos que a Alegria para a festa, em que o sabor deste Vinho é diferente, onde até o próprio mestre-sala exclama: “Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” (cf. Jo 2,10c), pois o sabor da verdadeira alegria sobressai sobre as alegrias passageiras. Assim, “este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele” (cf. Jo 2,11).
A Segunda Leitura extraída da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 12,4-11), o apóstolo fala sobre os carismas que são a manifestação do Amor de Deus para a humanidade. Onde todos estes dons são destinados para o bem de todos, sendo usado para o bem comum e não somente para si, pois se for, seria ato egoísta e contrapõe a vida da comunidade. Portanto, como tantos carismas, dons, ministérios e diversidade de atividades, somos unidos num mesmo Espírito e Senhor, sendo partes integrantes de um mesmo Corpo, sendo Jesus Cristo a cabeça. Com isto, “a cada um é dada a manifestação do Espírito
em vista do bem comum. Todas estas coisas as realizam um e o mesmo Espírito,
que distribui a cada um conforme quer” (cf. 1Cor 23,7.11).
Que ao iniciar o Tempo Comum em nossa Igreja, possamos estar atentos aos sinais do Amor de Deus em seu Evangelho, no nosso cotidiano e em nossa vida. Aguardando fielmente e na esperança do retorno do Noivo, Jesus Cristo, para o encontro da sua Noiva, a Igreja, para que finalmente possamos adorá-Lo eternamente.
Saudações em Cristo!