Nas bodas de Caná, Maria intercede a nosso favor

Jesus quer estar presente, na minha e na tua vida, nas famílias, nas comunidades e na sociedade. Maria também. Ela quer interceder em nosso favor. Aceitamos? Leiamos: (Jo2,1-11).

bodas de caná
Material para catequese
Material para catequese

Uma promessa. A primeira leitura (Is62,1-5) mostra, que a seu tempo, Deus intervirá. Israel sofreu porque foi infiel. Conseguiram fazer da vivência religiosa um peso. Dos dez mandamentos, chegaram a 613 preceitos. Ofereceram um culto insípido a Deus: muito sangue de animais sacrificados e pouco amor de filhos e filhas. Na aliança nova, (definitiva) haverá as verdadeiras núpcias, entre Javé (Senhor) e Israel. O culto será, então, o amor vivido, a fé cultivada e a esperança de novos sinais, crescerá. Israel sentirá os afagos do senhor e não será mais desprezada (Lm1,1).

Em Corinto, Paulo precisa intervir. A comunidade ficou azeda: há discussões, invejas e desunião. Os carismas, em vez de serem vistos, como dons do Senhor e serviço prestado aos irmãos, são vividos com orgulho e inveja. Não entenderam nada da vocação e missão recebidas. Nossas comunidades, hoje, não são um pouco semelhantes, àquela de Corinto? Rivalidades, desamor e vanglória? Onde ficam, então o amor cristão, a glória de Deus e a solidariedade entre os irmãos?

O evangelho não é uma mera narrativa históricas: são verdadeiras catequeses. Os autores sagrados, querem formar novas comunidades, a partir de Jesus Cristo, do seu amor, no espírito da Nova Aliança. Não relatam, simplesmente, ensinamentos, atitudes ou milagres do Mestre. Não são também biografias. Pretendem, isso sim, apresentar o Reino de Deus, com suas alegrias, dons e dificuldades. Pode até faltar vinho, como em Caná da Galileia, mas não o amor e o verdadeiro culto a Deus, bem como a comunhão entre os irmãos e irmãs. Cuidemos, portanto, de não confundir o essencial com o acidental nem o verdadeiro ensinamento, com os enfeites. O vinho que faltou, não foi o das adegas, mas o do amor e do culto autêntico. O que faltava aos noivos e convidados, era a verdadeira felicidade de viver, a novidade do Reino Deus. Pergunto: Jesus faria, porventura um milagre, para dar de beber a pessoas, já meio embriagadas? Não. Ele veio para dar o sinal e a realidade do verdadeiro amor: da felicidade. De fato, as seis talhas de pedra do recinto, estavam vazias. Para que serviam então? Para Jesus, fazer a sua parte.

Jesus é o centro de tudo. Aliás, Ele é o verdadeiro noivo. É a solução, não o problema. A Mãe (a sua) ajuda, na busca da solução. Ela obtém a intervenção do Filho e mandou obedecer-Lhe. Faz sua parte. Vê as atrapalhadas dos noivos e ajuda a resolvê-las, dizendo: eles não têm vinho. Repito: Ela manda levar Jesus a sério, dizendo: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo2,6). Na Igreja de hoje, Ela tem sempre um lugar especial? Ao lado de Jesus, como Mãe e servidora?  Pergunto novamente: nosso culto (missas), hoje, às vezes, não parece frias, sem alma e sem beleza? Não se assemelham, frequentemente, a um velório? Falta a Mãe… E o vinho de Jesus. Não falo de outros (vinhos)…

Notemos bem: Jesus está começando sua atividade missionária e evangelizador. Não quer faze-lo, sozinho. Chamou então os doze. Com eles, apresenta o Reino de Deus (do Pai). Quer nele, amor, justiça, solidariedade e fraternidade. Deseja mostrar a glória (do Pai). Não busca levar, apenas, os fiéis (infiéis!) ao templo ou às igrejas, mas sim, para a casa do Pai (o Reino). Não quer, que os seus passem vergonha, fome, nem tão pouco que morram, como na pandemia. Quer famílias autênticas, que comecem bem, vivam bem e promovam a felicidade, a paz e a união. Pergunto, uma vez mais: nossas talhas continuam ainda vazias, como em Caná? Por que? Respondei-me vos. Respondei-me, também: que lugar tem a Mãe de Jesus, em nossas comunidades? Não faltam os sinais de Jesus, por que, Ela não foi convidada, e assim não tem ocasião para interceder?

+Carmo João Rhoden, SCJ

Bispo Emérito de Taubaté-SP

Presidente da Pró Saúde.