Caros amigos, a família é uma realidade maravilhosa, obra das mãos de Deus que, formada por Seus filhos e filhas, traz em si os perfis da Trindade Santa. Porém, esta obra não nasce pronta, mas está em constante aperfeiçoamento.
O Santo Padre apresenta como intensão para este mês de agosto a oração pelas famílias, a fim de que sejam o melhor legado possível que homens e mulheres deixam para o mundo e o futuro. E lembrou que as famílias são verdadeiras escolas do amanhã.
Mas é importante ter em consideração que a vida familiar é um caminho de progressiva perfeição no amor, não uma relação perfeita desde o início.
Assim, ensina o Papa Francisco, contemplar a plenitude que ainda não alcançamos permite-nos também relativizar o percurso histórico que estamos fazendo como família, para deixar de pretender que as relações interpessoais sejam uma perfeição, uma pureza de intenções e uma coerência que só poderemos encontrar no Reino definitivo. Além disso, somos constrangidos a não julgar com dureza aqueles que vivem em condições de grande fragilidade (cf. Amoris Laetitia, 325).
Em outras palavras, poderíamos dizer que a “ilusão da família perfeita” é um dos piores inimigos da harmonia das famílias reais, pois, em geral, o ser humano tem grande dificuldade de aceitar suas próprias falhas e limitações e, por isso, também resiste em aceitar as falhas e limitações do outro. Quando estas reações, profundamente humanas, não são iluminadas pelo Evangelho de Jesus Cristo e instalam-se nos lares, temos uma grande possibilidade de formar “famílias de fachada”, brigas silenciosas ou declaradas, e, infelizmente, divórcios e outras divisões.
Não somos perfeitos! Sejamos, pois, mais misericordiosos com os irmãos, sobretudo os mais próximos, principalmente com nossa própria família!
Continua o Santo Padre: “Todos somos chamados a manter viva a atenção para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família procure viver neste estímulo constante. Avancemos famílias! Continuemos a caminhar! Aquilo que nos é prometido é sempre mais. Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas, também, não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (Idem).
Se, por um lado, as famílias cristãs precisam aceitar que não são perfeitas, por outro, não podem perder de vista sua vocação divina à santidade. Assim sendo, a única fórmula possível para a sobrevivência da família é o amor, capaz de encarar os limites próprios e alheios sem supervalorizá-los. Pois, “o amor é paciente, é benfazejo (…) tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13, 4.7).
Dom Edney Gouvêa Mattoso
Bispo de Nova Friburgo