Ao falarmos da dúvida, logo pensamos em tudo aquilo que não se encaixaria como conhecimento, ou a “dúvida” como um caminho tortuoso e que não levaria a lugar algum. Porém, um filósofo francês do século XVI utilizou deste grande artifício para mostrar ao mundo que é por meio da dúvida que chegamos ao conhecimento.
Descartes, ao escrever o “Discurso do Método”, coloca a dúvida como o caminho para descobrir se algo é realmente verdadeiro ou apenas uma falácia propagada por homens ao longo do tempo.
Primeiramente, ele percebe que tudo aquilo que lhe causa dúvida, principalmente aquelas “verdades” universais ao qual muitos se apegam, no menor sinal de dúvida pode-se coloca-las em xeque, pois estão entre a falsidade e a verdade.
Sendo assim, o método criado por Descartes parte primeiramente das coisas mais simples e caminhando até os pensamentos mais complexos, procura perceber quais pensamentos são verdadeiros e quais são falsos.
Ao colocarmos em prática o método cartesiano, percebemos que existem poucos pensamentos baseados e fundamentados na verdade. A dúvida leva o ser humano ao questionamento tanto de si mesmo quanto de tudo aquilo que lhe é oferecido pelo mundo.
O ato de duvidar não exclui o conhecimento, mas ao contrário, ajuda o homem a purificar seu conhecimento. O método, então é como uma peneira que deixa cair às impurezas, restando apenas aquilo que é edificante e verdadeiro.
Logo, um caminho para o conhecimento é a dúvida. Não duvidar é deixar-se influenciar por falsas verdades. Hoje, com a rápida tecnologia de comunicação e informação, circulam entre as pessoas diversas inverdades (fake news) que acabam por prejudicar aqueles que buscam revelar a verdade a partir do ensino, da ciência, da informação.
Acreditar em falsas verdades é estar em dívida com a verdade. E isso, com o passar do tempo, nos é cobrado, pois mentiras caem como folhas secas de uma árvore e a verdade surge como belas flores.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.
