A oração é, sem dúvida, a vida do coração do cristão e a base de sua vida de oração. Inicialmente, ela deveria nos animar a cada momento. Porém, a vida material frequentemente nos leva a esquecer daquele que é a nossa verdadeira Vida: Deus. Por isso, a Igreja, especialmente na tradição do Deuteronômio e dos Profetas, insiste na oração como uma “recordação de Deus”, um despertar da memória do coração. Conforme São Gregório, “é preciso se lembrar de Deus com maior frequência do que se respira”.
Sobretudo, a Tradição da Igreja propõe aos fiéis ritmos de oração para evitar o esquecimento de Deus. Esses ritmos incluem as orações da manhã, tarde e noite, bem como momentos antes e depois das refeições. Além disso, o domingo, centrado na Eucaristia, torna-se santo por meio da oração. Ademais, o ano litúrgico e suas celebrações são pilares fundamentais da vida de oração cristã.
As Expressões da Oração
A Oração Vocal: Um Caminho Acessível para Fortalecer a Vida de Oração
A oração vocal é a forma mais acessível de nos comunicarmos com Deus. Conforme São João Crisóstomo, “que a nossa oração seja ouvida, não depende da quantidade de palavras, mas do fervor de nossas almas”. Então, é essencial que a oração seja acompanhada da presença do coração. Não só Jesus ensinou aos discípulos o Pai Nosso, como também rezou em voz alta em várias ocasiões, como nas sinagogas e no Getsêmani.
Além disso, a oração vocal atende a uma necessidade humana de integrar os sentidos à espiritualidade. Assim, ao rezar com todo o nosso ser, damos à oração todo o seu poder transformador. Por isso, a oração vocal é essencialmente comunitária, mas sempre conduz à interiorização, fortalecendo a vida de oração, à medida em que reconhecemos com quem falamos.
A Meditação
A meditação é, acima de tudo, uma procura. Por meio dela, o cristão busca compreender os mistérios da fé e aderir ao que Jesus pede. Primeiramente, a meditação utiliza recursos como a Bíblia, os Evangelhos, textos litúrgicos e escritos de santos. Na sequência, o fiel reflete sobre o conteúdo e confronta-o com sua vida.
Os métodos de meditação são variados, permitindo ao cristão escolher o mais adequado à sua realidade. Afinal, sem uma prática frequente, o coração pode tornar-se semelhante aos terrenos inférteis da parábola do semeador. Portanto, a meditação envolve pensamento, imaginação e desejo, conduzindo à reflexão sobre a vida e obra de Cristo.
A Oração Mental
Por fim, a oração mental é descrita por Santa Teresa como “uma relação íntima de amizade em que conversamos a sós com Deus”. Diferentemente das outras formas, ela exige um tempo reservado e recolhimento total sob a ação do Espírito Santo. Dessa forma, a oração mental é um dom que transforma e fortalece o ser interior, enriquecendo a vida de oração de quem a pratica.
Igualmente, ela é um convite ao silêncio, um elemento essencial para ouvir a voz de Deus. Assim como dizia o camponês de Ars: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim”. Nesse silêncio, Deus nos purifica e nos une à prece de Cristo, permitindo que entremos em comunhão com Sua Pessoa e aprofundemos nossa vida de oração em intimidade e amor.
A Vida de Oração: Um Chamado à Intimidade e ao Amor de Deus
Enfim, a vida de oração é um chamado constante a recordar e amar a Deus em todas as suas formas: vocal, meditativa e mental. Portanto, é fundamental que reservemos momentos do dia para cultivar essa intimidade com o Senhor, deixando que Ele fortaleça o nosso coração e nos conduza no caminho da fé.