O conhecimento da vida dos santos é uma experiência que enriquece nossa vida espiritual, mas também nos leva a contemplar mais a natureza humana, a personalidade, o temperamento destas pessoas.
Sabemos que todas as pessoas carregam uma herança genética, uma constituição física com suas características e os traços de temperamento, entre outros, que podem ser denominados de nossas disposições. O primeiro mapa dos temperamentos humanos remonta a Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.) e os quais temos: Temperamento Colérico, Temperamento Sanguíneo, Temperamento Fleumático e Temperamento Melancólico.
Estas disposições ou formas de reagir, podemos encontrá-las na vida de São Pedro.
Obviamente já sabemos que em todas as pessoas, até nos santos existem aspectos positivos e negativos.
Em primeiro lugar, sempre devemo-nos lembrar de que, em todo chamado que Deus faz a uma pessoa, existem dois aspectos: a gratuidade do chamado e a missão, que sobrepassa todos os seus talentos naturais.
Na vida de São Pedro, podemos ver como ele era uma pessoa ansiosa, forte, teimosa, um homem sem medo, impulsivo, um pescador que tinha seu negócio próprio. E quando o Senhor o chama, não duvida e se entrega rapidamente.
Pedro repreende ao Senhor, e lhe diz que não vai deixar que ele sofra, e o Senhor lhe diz “afasta-te de mim Satanás” (Mt 16,23). Pedro buscava reconhecimento e recebe uma “dura” do Senhor.
Depois na cena do Lava-pés, Pedro lhe diz ao Senhor: “Tu, me lavar os pés?!” E o Senhor lhe diz: “Se você não se deixa, não tem parte comigo”. E Pedro lhe responde: “Senhor, então não só os pés senão me lava todo o corpo”.
Pedro, ama intensamente o Senhor, mas, como todos nós, ele tem as suas inconsistências.
Posteriormente, na cena da tormenta no mar, Pedro, com sua fé, pede ao Senhor que o mande ir com Ele. Quem de nós seria capaz de fazer uma coisa assim? Pedro foi virtuoso, mas, depois duvidou.
E, por último, o momento da tripla negação. Pedro cai, trai ao Senhor, mas, apesar da sua covardia, ele segue aderido ao Senhor.
Toda vocação, todo chamado do Senhor é para sermos santos, com a nossa humanidade e inconsistências. Por isso, lembremos: “Não foste vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16). Como dizia León Bloy: “Não há maior tristeza do que a de não ser santos”.
Tenhamos o temperamento que tenhamos, o convite do Senhor a sermos santos é para todos, para qualquer estado de vida.
Dante Aragón
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