O Advento é um tempo de graças muito especiais! É tempo de espera, esperança e alegria. Esperando – pelo nascimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo; Esperança – porque Jesus veio para nos salvar; finalmente, Alegria – porque o nascimento, vida e ressurreição de Jesus são uma promessa de vida eterna para aqueles que obedecem a Seus mandamentos e O amam.
Noite silenciosa
Na véspera de Natal, é mais apropriado cantar o hino Noite Silenciosa. Nas profundezas daquela noite tão especial, Jesus nasceu em silêncio. Quão importante é o silêncio para aqueles que realmente buscam a presença de Deus. O profeta Elias buscou a Deus em sua experiência nas montanhas. Este Deus misterioso não foi encontrado no terremoto, nem nos estrondos dos trovões, nem nos relâmpagos. Em vez disso, o Deus Todo-Poderoso poderia ser encontrado no sussurro suave do vento, na brisa suave.
No meio de um mundo tão absorvido pelo ruído – você pode até chamá-lo de “poluição sonora” – há uma necessidade urgente de silêncio. Na verdade, existem muitos frutos positivos que fluem do silêncio. Citaremos apenas alguns para nos encorajar a buscar momentos de silêncio em nossos dias.
1. Clareza de pensamento
Para termos grande clareza em nosso processo de pensamento, temos uma necessidade absoluta de silêncio. Bombardeado por um ataque constante de barulho como nós somos, o silêncio torna uma vida de pensamento clara, transparente e honesta para florescer e dar frutos. Os sublimes escritos teológicos de Santo Tomás de Aquino foram escritos em silêncio. A perícia literária dos escritos de Shakespeare nasceu do silêncio. A profundidade penetrante e a compreensão da teoria da relatividade descoberta por Albert Einstein ocorreram na aura de silêncio. Os maiores místicos, contemplativos e santos encontraram Deus em silêncio. Que todos nós possamos saborear momentos de silêncio em nossa vida diária!
2. Detectando a tentação
Em nossas vidas somos constantemente bombardeados por pensamentos negativos e a fonte destes são os inimigos que chamamos de diabo. Santo Inácio o chama de “inimigo da nossa salvação”; Santo Tomás de Aquino o chama de “Tentador”; São Pedro o compara a um leão zangado à solta, procurando nos devorar. Se não tivermos momentos de silêncio, zonas de silêncio, será quase impossível para nós sermos capazes de discernir e detectar a cauda feia do diabo que está sempre procurando maneiras de nos tentar, nos manipular e nos persuadir a cair no pecado. A reflexão silenciosa nos dá uma consciência mais aguda das estratégias e manipulações do inimigo de nossa salvação.
No deserto, Jesus estava em silêncio enquanto orava e jejuava. O diabo atacou Jesus, mas rejeitou o inimigo confiando no poder e eficácia da Palavra de Deus. “O homem não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” Grande parte da guerra espiritual deve ser travada por meio do silêncio e da oração.
3. Inspiração celestial
Não apenas podemos captar as táticas do inimigo nas profundezas de um coração silencioso e perspicaz, mas ainda mais importante, podemos captar as vibrações celestiais – ou seja, as inspirações que vêm do Espírito Santo. Na verdade, Deus está sempre presente; Todo o seu ser penetra e permeia todo o universo. Deus realmente nunca está ausente de nós, mas podemos facilmente nos tornar ausentes Dele. Um ateu dogmático que nega categoricamente a existência de Deus não pode alterar ou modificar no menor grau a realidade da existência de Deus. São Paulo citou o poeta grego com referência à onipresença de Deus: “ Nele vivemos, nos movemos e existimos”.
Dito isso, o Espírito Santo deseja falar ao nosso coração, mas Ele respeita nossa liberdade ao máximo! Se estivermos muito ocupados e excessivamente absortos em barulho, atividades frenéticas, movimento ininterrupto e barulho constante, então não há espaço para o Espírito Santo falar aos nossos corações por meio de Suas inspirações celestiais. Nunca se esqueça: O aniversário da Igreja – Pentecostes foi precedido por oração fervorosa, jejum, a presença de Nossa Senhora (Esposa Mística do Espírito Santo) e silêncio. Portanto, com silêncio e um coração recolhido, podemos captar essas vibrações celestiais e ser transformados pelo próprio Deus – o Espírito Santo!
4. Discernir a vontade de Deus
Descobrir a vontade de Deus em nossas vidas e nos esforçar para implementá-la é de fato a chave para a santidade, bem como paz de espírito, coração e alma. Se estamos correndo uma milha por minuto, se estamos nos movendo como uma galinha com a cabeça cortada, se estamos em um estado constante de agitação, se caímos em um estado perpétuo de ativismo colocando nossas ações acima do próprio Deus, então será muito difícil, senão impossível, discernir a vontade de Deus em nossas vidas. O discernimento da própria vocação ou do seu estado de vida é possivelmente a decisão mais importante de toda a vida. Casamento ou vida de solteiro, sacerdócio ou vida religiosa – a escolha que se faz nesta área vocacional é de suma importância. Uma escolha errada devido ao ruído excessivo, pouca ou nenhuma reflexão, maus conselhos de amigos mundanos podem revelar-se nada menos do que um desastre.
Por isso, Santo Inácio de Loyola, que legou ao mundo os Exercícios Espirituais, oferece uma série de reflexões, meditações, para ajudar o retirante a discernir qual é o seu estado de vida. Este processo inaciano de discernimento feito em SILÊNCIO e reflexão com um diretor espiritual bem treinado pode revelar-se inestimável na escolha da própria vocação, honrando e glorificando a Deus e buscando a própria conversão e santificação pessoal. Isso não pode ser feito sem silêncio!
5. O Exemplo de São José
O Grande São José é o pai terreno de Jesus, que é o Filho Eterno do Pai; São José também é marido de Maria, a Rainha dos anjos e dos santos. A teologia dá a São José o culto da protodulia – primeiro na veneração entre os santos. Uma nota muito interessante sobre o grande São José é o seu silêncio profundo. Não temos nenhuma palavra de São José registrada em toda a Sagrada Escritura. O silêncio de São José fala com eloquência. Ele se calou, como um exemplo para nós, para que aprendêssemos no silêncio a ouvir a Palavra de Deus e a colocá-la em prática.
Em suma, que todos apreciemos e valorizemos o SILÊNCIO. Se for feito com uma atitude de oração, Deus falará mais eloqüentemente do fundo de nossos corações.
Por Fr. Ed Broom, OMV