É fácil imaginar o estado de espírito dos escribas e fariseus após o constrangimento que experimentaram com a questão da mulher adúltera. Eles foram humilhados. A humildade dá paz e liberta das garras do pecado e de suas confusões; mas a humilhação gera ódio, ressentimento, violência, cegueira, escravidão. Os acontecimentos dos dias seguintes, em que se desenrolam polêmicas cheias de amargura e violência, o mostrarão.
A Festa dos Tabernáculos foi celebrada também lembrando a nuvem e o fogo que guiou os israelitas no deserto. No Pátio das Mulheres, grandes candelabros de vários metros de comprimento iluminavam toda Jerusalém. Os padres e muitos habitantes da cidade fizeram procissões de tochas em torno dela em um espetáculo altamente atraente. Nesse contexto“Disse Jesus: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo). A luz plena é somente Deus. Fora de Deus, e no pecado, há trevas. Proclamar-se a luz do mundo é uma afirmação velada de sua divindade. Suas palavras não podem ser tomadas como outro testemunho, mas como emanações da luz que atinge todos os homens. Os fatos acima mostram essa distância –intransponível- entre a luz e as trevas.
Então surge uma grande controvérsia e “então os fariseus lhe disseram: Você testemunha de si mesmo; seu testemunho não é válido” . Isso é o que a lei disse no tribunal. Mas isso não foi um julgamento, mas uma manifestação da verdade.“Respondeu-lhes Jesus: Embora eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque sei de onde venho e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho nem para onde vou. Julgais segundo a carne, Eu não julgo a ninguém, e se eu julgar, o meu julgamento é verdadeiro, porque eu não estou sozinho, mas eu e o Pai que me enviou. Na tua lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido. Eu sou aquele que dá testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou também dá testemunho de mim ” . É um momento chave de sua verdade: eu sou e o Pai dá testemunho Dele, mas onde está esse testemunho dado? Na consciência e nas Escrituras. E “disseram-lhe então: Onde está o teu Pai? Respondeu Jesus: Não me conheces nem a mim nem ao meu Pai; se me conhecesses, conhecerias também o meu Pai”
Jesus estava falando de sua divindade. Aceitá-lo era entrar em uma nova dimensão: O Deus conosco era Aquele que estava diante deles. A humanidade acabava de entrar em uma nova era divinizada. Se não foi aceito, continuaram no escuro, acusando Jesus de ser um blasfemador. “Estas palavras disse Jesus no gazofilacio, ensinando no Templo; e ninguém o prendeu porque ainda não tinha chegado a sua hora” .
