Existe ódio. Lê-se em insultos na Internet. Ouve-se em comentários entre conhecidos. É visto em gritos de raiva uns contra os outros.
Esse ódio, às vezes, entra na própria vida. Surge diante de uma injustiça. Alimenta-se da memória. Ele fica animado ao ver o cinismo de um culpado impune.
Em suas formas extremas, o ódio atira suas flechas contra grupos inteiros de pessoas, contra nacionalidades, contra classes sociais, contra categorias profissionais, contra todos os membros de um partido.
Outras vezes, é limitado a pessoas específicas. É um ódio que ao menos evita as injustiças: concentra-se naquela pessoa que nos traiu, que nos fez muito mal. Mas não para de destruir o coração de quem o abriga.
Porque o ódio, embora às vezes não se perceba, corrói quem o cultiva e sempre os coloca naquela ladeira escorregadia que leva aos insultos em público, às agressões e até à violência.
Não é fácil apagar o fogo do ódio quando ele cresce a cada dia, especialmente se ele se cristalizou no desejo de vingança e nas atitudes internas de raiva insatisfeita. Além disso, às vezes foge de si mesmo, contagia os outros e se torna um mal que não acaba.
Muitos conflitos sociais surgem do ódio e o alimentam. Os conflitos políticos vivem do ódio até “aproveitarem-se” dele para aumentar o número de votos. Chegam até a ataques contra pessoas inocentes ou guerras absurdas.
No “Catecismo da Igreja Católica” (n. 2303) lemos: “O ódio voluntário é contrário à caridade. Odiar o próximo é pecado quando você deliberadamente deseja mal a ele. O ódio ao próximo é um pecado grave quando um dano grave é deliberadamente desejado.”
Cristo nos convida a perdoar, a não nos deixarmos levar por aquela raiva interior que destrói quem a aceita e abre espaço para feridas maiores.
O mal vence-se com o bem, a injustiça com a verdade unida à misericórdia, a ofensa com a mansidão (cf. Rm 12,17-21; Mt 5,43-48).
Já existe muito ódio em nosso mundo. Se começarmos a arrancar do nosso coração as suas pequenas raízes, e se pedirmos a Deus que nos dê forças para perdoar e acolher também o inimigo, começaremos a vencer o ódio e a irradiar o que o nosso tempo tanto necessita: o amor autêntico.