Na cultura moderna, muitos rejeitam a palavra dogma, considerando-a uma imposição doutrinária inflexível, criada pela Igreja, que seria irremediável e ultrapassada. Contudo, essa visão distorcida ignora a verdadeira essência e importância dos dogmas para a fé cristã.
A rejeição ao dogma na sociedade e no protestantismo
Inicialmente, é importante destacar que a rejeição ao dogma é comum no protestantismo mais recente e em comunidades religiosas não denominacionais. Para muitos, esses grupos promovem a ideia de um “relacionamento” ao invés de uma “religião”, afastando-se, na teoria, de doutrinas rígidas. No entanto, mesmo os protestantes tradicionais, que discordam da Igreja Católica em diversos pontos, reconhecem a existência de dogmas e a centralidade do cristianismo como religião.
Dogma-fobia no catolicismo modernista
Infelizmente, a “dogma-fobia” também penetrou em setores do catolicismo influenciados por ideias modernistas. Um exemplo marcante foi a declaração do padre Juan Zapatero Ballesteros, ao tentar defender a irmã Lucía Caram, que negou o dogma da virgindade de Maria. Em uma entrevista, ele afirmou: “Quão ruim seria se minha fé fosse baseada em dogmas! Graças a Deus não é assim, longe disso.” Tal posição reflete uma grave incompreensão da relevância dos dogmas para a fé católica.
O que é um dogma?
De acordo com a Igreja, um dogma é uma verdade absoluta, definitiva e imutável, revelada por Deus e proclamada solenemente pela Igreja. Nenhum dogma pode ser revogado, nem mesmo pelo Papa ou por um concílio. Por isso, os dogmas são a base sólida sobre a qual toda a Doutrina Católica é construída.
Os católicos entendem dogma como uma verdade de fé ou moral revelada por Deus, transmitida pelos Apóstolos por meio da Escritura e da Tradição, e proposta pela Igreja para aceitação pelos fiéis.
A importância do dogma
Sobretudo, os dogmas são essenciais porque permitem que todos os católicos professem uma mesma fé. São Paulo destaca essa unidade ao dizer: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4,5). Além disso, ele exorta os cristãos a evitar divisões e a se manterem unidos em mente e coração (1 Cor 4,1). Essa unidade de fé não seria possível sem os dogmas.
Por exemplo, imagine um católico que não acredita na divindade de Cristo enquanto outro acredita. Ambos poderiam se declarar católicos? Essa falta de uniformidade enfraqueceria a identidade da fé católica e abriria precedentes para doutrinas contraditórias.
Todos têm seus “dogmas”
Curiosamente, até mesmo aqueles que rejeitam a ideia de dogma acabam adotando suas próprias verdades inquestionáveis, muitas vezes baseadas em opiniões pessoais ou doutrinas de líderes religiosos. Esses “dogmas pessoais” não têm, entretanto, a mesma autoridade das verdades reveladas por Deus e definidas pela Igreja.
Um exemplo disso é o padre que afirma que sua fé não se baseia em dogmas, mas, ao mesmo tempo, professa acreditar que Cristo é o Filho de Deus — o que é, em essência, um dogma. Esse tipo de contradição revela a falta de compreensão do significado profundo de um dogma na fé católica.
Dogma como fundamento da fé católica
Os dogmas são os pilares que sustentam a identidade católica. Negar um único dogma significa rejeitar parte da fé transmitida pela Igreja. Isso diferencia a Igreja Católica de denominações protestantes, que frequentemente se dividem em novas igrejas quando surgem discordâncias doutrinárias.
Na Igreja Católica, entretanto, a autoridade divina protege a fé, garantindo sua transmissão como um todo, com unidade e imutabilidade.Como ensina São Paulo: “Não devemos ser como crianças, levadas ao sabor de qualquer vento de doutrina” (Ef 4,14). A fé católica baseia-se em uma única verdade, revelada por Deus, e os dogmas são a expressão dessa verdade.
Reflexão final: por que os dogmas importam?
Em suma, os dogmas são verdades que Deus revela e a Igreja proclama como fundamentais para a salvação. Sua rejeição, consciente ou inconsciente, representa um afastamento da fé católica. Como católicos, somos chamados a abraçar os dogmas com humildade e confiança, reconhecendo neles o reflexo da vontade divina.
Se alguém considera arrogante a certeza que os dogmas nos oferecem, isso indica uma incompreensão da verdadeira natureza da fé católica. A arrogância está, na verdade, em acreditar que cada um pode criar suas próprias verdades. Os dogmas, ao contrário, nos conectam com a verdade divina que transcende nossa compreensão limitada.