“Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta.” (Tiago 2,26). No XXIX Dia Mundial do Doente, é preciso que façamos uma reflexão. Estamos passando por tempos difíceis, muitos irmãos e irmãs estão morrendo devido à pandemia do novo coronavírus. Já passam de dois milhões de vidas perdidas em todo o mundo. Mas o que estamos fazendo para ajudar aqueles que tanto precisam?
A solidão na enfermidade entristece, piora muitas vezes os casos, e precisamos curar por meio da aproximação, porém, é quase impossível fazer isso quando o contato está limitado e a benção precisa ser feita a distância. A enfermidade é uma experiência com a qual todos nós nos deparamos um dia na vida, e isso nos leva a questionamentos, que pela fé nos levam a Deus.
É preciso entender que o doente tem um rosto, um nome e uma família que espera ansiosamente pelo seu retorno. Por isso, devemos ter empatia pelo outro, esse é o remédio para nossa hipocrisia. O ato de compaixão, de sentir a dificuldade do irmão, com o desejo de diminuí-la. Em sua mensagem anual, o Santo Papa nos recorda que “o investimento de recursos nos cuidados e assistência das pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário. Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas: com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares. Uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por fixar aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximo em virtude da pertença comum à família humana”
Visitar um doente em seu leito gera uma confiança e muitas curas são realizadas, não por mágica, mas pela fé do conforto que é levado a esses que necessitam. Seja por uma Pastoral, amigos, familiares, ou até mesmo os próprios profissionais da saúde. O Papa Francisco nos convida a não deixarmos ninguém “órfão”, pois a sociedade é mais humana quando se relaciona, quando cuida do outro, quando interage e convive.
Na Pró-Saúde, o trabalho pastoral, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, não abandonou os que sofrem, caminhando lado a lado na medida em que foi possível, prezando sempre pela segurança de todos, mas sem deixar irmãos excluídos e padecidos de sofrimento. Como lembra Pedro (Atos 3, 6), “não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu lhe dou.”
Neste dia 11 de fevereiro, além de ser o Dia Mundial do Enfermo, é dia de Nossa Senhora de Lourdes, que mesmo desacreditada e desprezada por muitos, continuou fiel a Deus e a sua missão. Onde a Virgem aparecia, fontes de água medicinal brotavam, que por anos atraiu milhares de pessoas.
Que possamos olhar para o próximo com o olhar de Jesus, o Bom Samaritano, que acolhe e conforta todos os cansados e oprimidos, trazendo-lhes alívio no corpo e no espírito. (Mt 11,28).
Que Nossa Senhora de Lourdes seja refúgio dos doentes e consoladora dos aflitos, que junto a Jesus interceda por todos os enfermos e colaboradores da Pró-Saúde.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Presidente Emérito da Pró-Saúde