Jesus tem o poder que vem de Deus, por isso Ele sempre vence o mal.
Vamos caminhando em nosso tempo comum, sempre mirando na vida eterna. O importante no tempo comum é buscar viver em comunhão profunda com Deus já numa preparação mais essencial com os dias solenes na vida da Igreja.
O tema deste 10.º Domingo do Tempo Comum gravita à volta da identidade de Jesus e da comunhão que Ele deseja estabelecer com aqueles que se colocam na disposição de o seguir: fica claro que Jesus não tem qualquer aliança com o Demônio e com o poder do mal e que se quer definir pela sua relação de obediência com Deus Pai, à qual convida todos aqueles que se querem sentir parte da sua família.
No Evangelho(Mc 3,20-35), Jesus demonstra que, na sua atividade de libertação do poder do mal, não pode estar a pactuar com o Demônio, mas vem para libertar os homens e as mulheres de todos os tempos. Também nisso está a fazer a vontade de Deus e convida todos a fazer comunidade centrada na sua pessoa e decidida a construir um mundo que se baseie neste desejo de fazer a vontade de Deus. Jesus tem o poder que vem de Deus, por isso Ele sempre vence o mal. A verdadeira família de Jesus é formada por aqueles que fazem a vontade de Deus e se engajam na concretização do Reino de Deus.
Não podendo negar os muitos e poderosos milagres de Jesus, os líderes judaicos tentaram vinculá-los a Satanás. Interiormente, sentiam que esses milagres eram resultado da manifestação divina, mas após terem acusado e perseguido Jesus, ficava difícil admitir a origem divina da obra feita por Ele. O orgulho, ou seja, a falta de humildade, levou tais líderes a essa situação.
O argumento de Cristo permaneceu sem resposta: Como Seus milagres poderiam provir de Satanás, se os destruíam a obra dele? (saúde em vez de doença, libertação de demônios em vez de escravidão a eles). Há aqui uma lição para todos: o orgulho pode obliterar a visão espiritual a ponto de alguém “ao mal chamar bem, e ao bem chamar mal” (Is 5,20). Quando uma pessoa chega a esse ponto, corre o risco de pecar ou “blasfemar contra o Espírito Santo” e “não ter perdão para sempre” (Mc. 3,29). Por quê? O fato é que todo pecado pode ser perdoado, desde que seja confessado (I João 1,9). Mas, se alguém chegar ao ponto de achar que o mal é o bem (de que a falsa acusação deles quanto aos milagres de Cristo era correta), então nunca haverão de se arrepender disto, e por conseguinte, não obterão o perdão. Estarão cometendo o “pecado imperdoável”, pois nunca foi confessado para ser perdoado. Poderíamos dizer, então, que “pecado imperdoável” é pecado não confessado e deixado, como esses dos líderes judaicos.
Os escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles percebem que Jesus, com seu anúncio da verdade e do amor, é uma ameaça para o poder e os privilégios deles. Jesus já havia expulsado o espírito impuro que dominava um homem em uma sinagoga. Eles se empenham em difamar Jesus, para afastá-lo do povo.
Depois do pecado, a humanidade se sente nua diante de Deus. A pessoa ouve a voz da serpente e se deixa levar por suas propostas; não consegue assumir os próprios atos e joga a culpa nos outros. Deus, porém, não a rejeita nem condena. Ao contrário, vai-lhe ao encontro. Sempre parceiro da humanidade, o Senhor nunca os abandona, nem mesmo quando nos afastamos dele. A primeira leitura(Gn 3,9-15) traz-nos o diálogo de Deus com as figuras poéticas do primeiro homem e da primeira mulher, depois da queda. Este texto procura chamar-nos ao sentido da existência, deixando claro que todos somos chamados a não pactuar com o mal e a estar de sobreaviso diante das tentações do Maligno.
Na segunda leitura(2Cor 4,13-5,1), São Paulo mostra como as tribulações que sofre não abrandam o seu ardor missionário, que se caracteriza pela grande confiança em Deus e na vida eterna que há de conceder; duas grandes atitudes qualificam o ministério de Paulo: a esperança de estar unido com Jesus na ressurreição tal como o está na tribulação terrena e o desejo íntimo de estar em comunhão com os cristãos a quem anuncia o Evangelho de Jesus Cristo. Pela força da fé, o homem pode ver as coisas invisíveis aos olhos humanos, como Deus as vê. Se cremos que Cristo morreu e ressuscitou, encontramos também uma explicação para a ousadia apostólica, pois nada deve nos deter na busca da concretização dos valores perenes. O homem exterior pode se deteriorar, mas o interior se renova em Cristo.
Jesus vem para vencer a Satanás, o adversário que divide. Jesus vem criar uma nova família, a família dos que reconhecem Nele o poder de Deus sobre o mal, sobre a divisão. Jesus vem para formar uma comunidade de gente responsável que, respeitando as diferenças, busca a união e cria pontes de misericórdia e de concórdia. Vem, Senhor Jesus!