Sempre que tem uma festa de Jesus, celebramos o Sagrado Coração de Jesus que foi também o dia mundial de santificação do clero, quando se tem uma memória correspondente, celebra-se logo no dia seguinte uma festa em honra da Virgem Maria. Hoje celebraríamos também a memória do Apostolo do Brasil, São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil.
No dia imediato a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja celebra essa festa do Imaculado Coração de Maria, a fim de mostrar que estes dois corações são inseparáveis e que Maria sempre leva a Jesus. O Papa Pio XII, em 1944, institui esta comemoração para que, por intercessão de Maria se obtenha “a paz entre as nações, liberdade para a Igreja, a conversão dos pecadores, amor à pureza e a prática da virtude”. O Papa São João Paulo II declarou que esta festividade em honra à Mãe de Deus é obrigatória e não opcional. Ou seja, deve ser realizada em todo o mundo católico e fez uma bela oração de consagração do mundo a esse imaculado coração.
Na liturgia deste Sábado, do Imaculado Coração de Maria. Ouvimos que Jesus que ficou no templo em Jerusalém, quando Maria e José o encontram Jesus fala que estava ao serviço de Deus. Maria guardava tudo no seu coração.
Guardar no coração é guardar na própria vida, na memória, na história. Quando nós falamos no coração de Maria, não apenas como órgão do corpo, mas o que ele simboliza: guardar as memórias, para enxergar a ação de Deus na própria história. Maria, com o seu sim ao plano de Deus, quando o anjo a pergunta se Ela aceita ser mãe do Filho de Deus. Maria vai guardando no coração e na memória aquilo que vai ser revelado, que o seu Filho tem uma missão de salvar a humanidade, de salvar a todos, por isso que a festa do Imaculado Coração de Maria sucede a festa do Sagrado Coração de Jesus. Maria que acompanha o seu Filho, a figura da Igreja que acompanha o seu Filho. Tudo que se fala de Maria é que se fala da Igreja e vice-versa.
A devoção ao Imaculado Coração no Evangelho é bíblica, porque segundo São Lucas, o “pintor” da Santíssima Virgem: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51). Enxergar os sinais!
Os sinais dos tempos que possamos ver como Deus vai agindo em nossa vida pessoal, como Deus vai agindo na comunidade. Os leigos e leigas, santos e santas, que dão a sua vida pela causa do Evangelho, que já partiram deste mundo e que serviram a Deus. Que o testemunho de tantas vidas santas ilumine a tantos leigos e leigas para hoje testemunhar o Ressuscitado e transformar o mundo.
Devemos caminhar procurando ver os sinais de Deus. Nem sempre se conhece a presença de Deus na grande cidade, mas nós somos chamados a ver no cotidiano, tanta gente que vive a santidade, que caminha buscando o Senhor. A Igreja simbolizada no Coração de Maria também é chamada a ver a história, com quantas pessoas que passaram pela caminhada de fé, guardando no coração, e enxergando os sinais.
A leitura primeira deste sábado (cf. Is 61,9-11) e o salmo de resposta (1Sm 2) falam da alegria, exultar de alegria, que Maria utiliza no Magnificat. Vemos já no antigo testamento. Primeira leitura e no salmo de resposta, vivendo nos sinais de Deus, anunciando a boa notícia, e viver a misericórdia para testemunhar o amor de Deus no meio de vicissitudes, dificuldades éticas, financeiras, a questão da violência, tudo isso tem que ser mudado, guarda no coração, alegre-se no Senhor, sendo uma Igreja em saída para transmitir a esperança e a confiança.
Que o sinal de Maria, com seu imaculado coração, que guardava todos os sinais de Deus nos ajude a cumprir a nossa missão, como padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas, para que sentindo com a Igreja enxergar os sinais, guardar no coração, pedindo a ela a sua intercessão alegrando-se com o Senhor que está em nossa vida e em nossa caminhada amem!
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ