Eu quero: fica curado!

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“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” (cf. Mc 1,41).

A Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum, nos convida a refletir sobre o acolhimento de Deus na busca da reintegração de homens e mulheres à comunidade de Seus filhos amados, em que a exclusão, segregação e marginalização são alvos da crítica de Jesus através do gesto mais simples, acolher o leproso/pecador como gesto de amor e compaixão.

Na Primeira Leitura extraída do Livro do Levítico (Lv 13,1-2.44-46), é relatado a orientação da Lei dada àqueles que são leprosos e a “pena” a qual sofrerá: “Se o homem estiver leproso é impuro, e como tal o sacerdote o deve declarar. O homem atingido por este mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro!’ Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento’” (cf. Lv 13,44-46). Aqui, percebe-se a capacidade dos homens em deturpada a imagem de Deus ao inventar mecanismos de rejeição e discriminação em Seu nome. Fato é que vemos, até hoje, tais ações em nossa sociedade contemporânea, principalmente daqueles que se dizem “terrivelmente cristãos”, mas que não sabem vivenciar o verdadeiro testemunho do acolhimento.

O Evangelho de Marcos (Mc 1,40-45), reafirma este vivenciar o verdadeiro acolhimento e vai além… Jesus ao demonstrar sua compaixão para o leproso, torna-se partícipe da situação do homem marginalizado e, através do gesto do tocar, Jesus toma pra si aquela condição de impureza, em que tal gesto nos recorda que Cristo “carregou sobre si nossos sofrimentos”. E é, através deste mesmo gesto que o leproso é liberto e purificado da doença que tinha, e pode ser reintegrado à comunidade. Assim, também é conosco, quando estamos em situação de pecado, marginalizados, à deriva da vida plena do amor, onde ao reconhecermos nossa condição não hesitamos em pedir a cura e reconciliação e, ouvimos as mesmas Palavras de Jesus do Evangelho – “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” (cf. Mc 1,41).

A Segunda Leitura, extraída da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 10,31-11,1), nos recorda em buscar a imitar Jesus sempre para a glória de Deus e o bem dos irmãos. Afinal, o exemplo supremo de Cristo é da obediência fiel nos projetos de Deus e a consequência do dom de amor em prol da libertação de cada um de nós.

Imersos na Palavra desta Liturgia, possamos vivenciar em nossas vidas o dom do amor através do acolher e ser acolhido, do amar e ser amado, por meio do exemplo que Jesus Cristo fez com o leproso e ouvir dos lábios do Salvador: ‘Eu quero: fica curado!’

Saudações em Cristo!

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG