“‘Cristo Ressuscitou’. É este o acontecimento novo e prodigioso, verdadeiro e incontroverso, sobre o qual tudo se funda; é esta, de há muito e para sempre, a Pedra Angular, rejeitada pelos construtores. E, em nenhuma outra, senão nela, existe a Salvação’” (São João Paulo II)
Hoje, celebramos a “noite mais clara que o dia” onde a semente da Vida Divina é lançada no meio de nós, em que o início do Anúncio da Boa Nova é realizado pelos discípulos, sendo estes testemunhas, nas palavras do próprio São Pedro: “a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (cf. At 10, 41b – 42)
“Este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl 117) afinal foi através da Ressurreição do Filho Unigênito de Deus que foi aberta, a todos nós, as portas da eternidade. E o que nos é pedido em troca, além do amor, é a busca incessante das coisas do alto. São Paulo, na Carta aos Colossenses, nos orienta e nos adverte: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto (…), aspirai as coisas celestes e não às coisas terrestres (cf. Cl 3, 1-4), afinal um novo Céu e uma nova Terra foi inaugurada após Cristo ressurgir dos mortos para cumprir as Escrituras.
Mas nos é advertido que há um caminho de cruz a ser seguido para o alcance da Ressureição, exemplo disto é o que vivemos nesta Semana Santa. E Santo Agostinho nos orienta: “Aos cristãos não é poupado o sofrimento, aliás, a eles cabe um pouco mais, porque viver a fé expressa a coragem de enfrentar a vida e a história mais em profundidade. Contudo só assim, experimentando o sofrimento, conhecemos a vida na sua profundidade, na sua beleza, na grande esperança suscitada por Cristo crucificado e ressuscitado”.
Certos disto, permanecemos fiéis na luta constante pela nossa libertação, para que no fim da nossa jornada terrestre sejamos merecedores de dizer: “Vi Cristo Ressuscitado”!
Hoje ressoa na Igreja o anúncio pascal: Cristo ressuscitou! Ele vive para além da morte! Somos inseridos na Páscoa de Jesus e realiza-se a esperança plantada no coração da humanidade.
Por isso o Evangelho da Missa da Páscoa(cf. Jo 20,1-9) a Igreja quer declarar que a realidade de Jesus Ressuscitado se torna acessível em primeiro lugar à fé, á esperança e ao amor. A Igreja quer que hoje corramos para o túmulo vazio. Assim fez Maria Madalena. Ela amava o seu Mestre ardentemente, e nem a morte dele era capaz de pôr fim à sua devoção. Logo que ela fez o anúncio do túmulo vazio a Pedro e João, ambos saíram correndo, como flechas disparadas: “Eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”(cf. Jo 20,9). Mas as palavras de Maria Madalena fizeram nascer nos seus corações uma esperança que não podia ser abafada. Eles tiveram de ir e ver, e o quanto antes. A esperança de que o mestre estivesse vivo. A João foi dado correr além da esperança, até à fé. Quando entrou no túmulo, algo mudou para ele. Não mais se tratava de uma esperança, mas sim de uma certeza: “Entrou, viu e creu”(cf. Jo 29,8). Normalmente pensamos que tudo vai da fé para a esperança e finalmente para o amor. No Evangelho desta Festa, começamos com o amor de Madalena, passamos para a esperança de São Pedro e terminamos com a fé de São João. Que este seja o nosso percurso também neste santo dia da Festa da Páscoa!
“O Cristo, que leva as céus, caminha à frente dos seus! Ressuscitou de verdade. Ó Rei, ó Cristo, piedade!”
Saudações em Cristo Ressuscitado! Santa Páscoa, Aleluia, Aleluia, Aleluia!
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG