Curso 01 Aula 15 – Esperar é resistir

aqui

16- 2ª CARTA AOS TESSALONICENSES: ESPERAR É RESISTIR (Carta inteira)

Dúvidas sobre a 2ª. carta aos Tessalonicenses-: esta carta, a 2ª. endereçada à comunidade de Tessalonica, não dá nenhuma pista sobre quando nem em que local ela foi escrita. Pelo seu conteúdo, pelo menos ficamos sabendo que ela é posterior à primeira, daí essa ordem. Pelo estilo, não é difícil afirmar-se que, tal como a primeira, esta segunda carta também foi elaborada conjuntamente por Paulo, Timóteo e Silvano.

Segundo parece, esta carta foi escrita porque Paulo e seus companheiros ficaram sabendo que, usando o nome de Paulo, alguém tentou perturbar a vida da comunidade escrevendo cartas afirmando que o dia do Senhor (o Juízo Final) estava próximo. As pessoas que fizeram isso se diziam inspiradas e que eram porta-vozes de Paulo e os seus amigos. Por isso, Paulo, desmentindo essa idéia, afirma nesta 2ª. carta que fez questão de assiná-la de próprio punho, pois os tessalonicenses conheciam a sua assinatura.

Contra a vadiagem -: Paulo sempre se mostrou muito incomodado com o fato de que sempre havia, nas suas comunidades, pessoas que não queriam trabalhar e se julgavam merecedoras de viver à custa da comunidade. Nesta carta, Paulo perde a paciência com tais pessoas e deixa isso bem claro com esta frase: “Quem não quer trabalhar, também não coma!”(2Ts 3, 10).

Isso porque Paulo julgava que essa prática de vadiagem tornava a comunidade desigual e as relações não eram mais de fraternidade, pois a maioria tinha que trabalhar, ao passo que alguns viviam às custas dos outros. Por isso, Paulo sempre fez questão de assinalar, em seus escritos, que trabalhava como todos e nunca foi peso para ninguém.

Um tipo de complemento -: alguns temas desenvolvidos nesta segunda carta aos tessalonicenses são uma espécie de continuação de alguns temas da primeira carta, de modo que uma complementa a outra. Como vimos, o eixo central da primeira carta é formado pela fé ativa, pelo amor capaz de sacrifícios e pela firme esperança em Jesus Cristo e no seu Evangelho.

Ora, esse tema reaparece na segunda carta, quando Paulo afirma “… desse modo, podemos gloriar-nos de vocês entre as Igrejas de Deus, pelo amor que vocês tem uns pelos outros e a firmeza da fé que vocês mostram em meio a todas as perseguições e tribulações que suportam.” (2Ts 1, 3 – 4).

No entanto, a carta não se refere à firme esperança da comunidade. Isso leva a suspeitar que a comunidade estava perturbada quanto à questão da segunda vinda de Cristo. Por isso, Paulo é taxativo quando escreve: “Irmãos, quanto à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com Ele, pedimos que vocês não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem como se o dia do Senhor estivesse para chegar logo, mesmo que isso esteja sendo afirmado por alguma suposta inspiração, palavra ou carta atribuída a nós. Não se deixem enganar de nenhum modo!” (2Ts 2, 1 – 3ª). Por estas frases, pode-se ver que a esperança em Cristo tinha sido abalada e estava para desaparecer. Paulo mostra que é preciso resistir até o fim, como Cristo resistiu e esperar sempre em Jesus. Por isso, para os tessalonicenses, o novo nome da firme esperança passou a ser perseverança.

Nos conflitos, Deus não é neutro -: diante do sofrimento, todos nós fazemos uma série de perguntas: É justo que isso aconteça? Será que Deus quer o sofrimento? Por que os fracos e inocentes sempre tem que sofrer?

A carta não responde a essas perguntas, mesmo porque o sofrimento sempre foi e sempre será um mistério. Na maioria dos casos, o sofrimento é provocado por umas pessoas em prejuízo de outras, como no caso das comunidades de Paulo: os que aceitaram o Evangelho foram sempre perseguidos por uma sociedade injusta, tal como aconteceu com Jesus.

Em cada cidade pela qual passava, Paulo criava um pequeno núcleo cristão e esperava desse núcleo que espalhasse o Evangelho por toda a cidade e arredores. Isso, porém, não acontecia sem conflitos de interesses. Naquele tempo, como hoje em dia, havia muita gente interessada em manter as diferenças sociais, acumulando riquezas enquanto outros passavam fome. Surgem assim os conflitos e as perseguições. Isso aconteceu com Jesus, com Paulo e com os tessalonicenses também. Mas Paulo mostra que o sofrimento tem o seu valor: “Essas tribulações são o sinal do justo julgamento de Deus: elas existem para que vocês se tornem dignos do Reino de Deus, pelo qual estão sofrendo.” (2Ts 1, 5).

O importante é resistir -: esta carta convida, pois, a comunidade a não se preocupar com o quando a Parusia (a 2ª. vinda de Cristo) irá acontecer e sim com o modo de agir até que o Senhor se manifeste no final dos tempos. Esse quando só a Deus pertence.

Paulo indica aos tessalonicenses (e também a nós todos) que é preciso resistir às falsas tentações que o demônio (hoje em dia representado pela sociedade injusta e atéia e que Paulo chama de ímpio)coloca à nossa frente: “A vinda do ímpio vai acontecer graças ao poder de Satanás, com todo o tipo de falsos milagres, sinais e prodígios e com toda a sedução que a injustiça exerce sobre os que se perdem, por não se terem aberto ao amor da verdade, que os teria salvo.

Por isso Deus permite que o poder da sedução tenha efeito sobre eles, para que acreditem na mentira. Desse modo serão condenados todos os que não acreditaram na verdade, mas preferiram permanecer na injustiça”. (2Ts 2, 9 – 12).