CARTA AOS ROMANOS: O amor, uma única dívida (13,8 a 15,13)
Amar é cumprir a Lei: nesta parte da Carta aos Romanos, Paulo nos exorta a buscar o fundamental para que tenhamos vida: o Amor. Segundo Paulo, o amor é a raiz de tudo, e ele deixa isso bem claro em 13, 8: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo”. Devemos ao próximo o amor, assim como ele também nos deve.
E por que essa exigência? É simples: Deus nos deu a maior prova de amor, perdoando-nos e salvando-nos em Jesus Cristo. Como responder a esse amor de Deus? Somente amando também a Ele, na pessoa do próximo. Paulo sabe disso e nos mostra em que consiste amar a Deus e a seu Filho Jesus: “Quem ama o próximo cumpriu plenamente a Lei.
De fato, os mandamentos de não matar, não roubar, não cometer adultério, não cobiçar e todos os outros se resumem nesta sentença: ama a teu próximo como a ti mesmo” (13, 9). Entende-se, pois, que há somente uma forma de se amar a Deus: amar a cada pessoa do jeito que ela é. É um grande desafio à nossa capacidade de amar.
Dessa forma, quando somos incapazes de amar a todos igualmente, amigos e inimigos, nossa dívida com Deus se torna impagável, e nossa resposta a Ele é negativa.
O amor não pratica o mal contra o próximo: O capítulo 14 inteiro (14, 1 – 23) é dedicado ao conflito entre fracos e fortes. Havia conflitos entre os judeus convertidos ao cristianismo em questões ligadas ao antigo judaísmo, tais como comer carne originada de animais sacrificados nos templos pagãos (Paulo mostra que é “forte” na fé aquele que não liga para isso, pois Jesus nos ensinou que não é o que entra pela boca que faz mal, mas sim o que dela sai).
Por outro lado os “fracos” na fé chegaram até a se tornar vegetarianos por medo de comer carnes sacrificadas aos ídolos, mostrando que ainda estavam mais ligados ao judaísmo e aos costumes dos fariseus do que ao cristianismo e aos ensinamentos de Jesus.
Vejamos as duras palavras de Paulo aos “fracos” na fé: “O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida, e sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (14, 17). Em termos atuais, Paulo nos ensina que não devemos nos prender demais a rituais (corremos o perigo de nos tornar iguais aos fariseus) e sim viver o que Cristo nos ensina.
Paulo ensina que os tempos são outros, e diz claramente: “quem come de tudo o faz em honra do Senhor, porque agradece a Deus. Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e voltou à vida para ser o Senhor dos vivos e dos mortos” (14, 5 – 9). Em linguagem atual, Paulo nos diz que qualquer coisa que façamos, tenhamos consciência de que a fazemos ao Senhor. Logo, quando praticamos más ações, nós as fazemos a Jesus em primeiro lugar.
Amar é servir e acolher: a exemplo de Cristo, os verdadeiros cristãos (os “fortes”) são convidados a suportar as fraquezas dos “fracos” e procurar servi-los para que cresçam na fé. A vida inteira de Jesus foi de serviço aos outros, principalmente àqueles mais necessitados de tudo (comida, saúde, respeito etc.).
A seguir, Paulo exprime o seu primeiro desejo: “Que o Deus da perseverança e da consolação conceda que vocês tenham os mesmos sentimentos uns com os outros, a exemplo do Senhor Jesus. E assim, todos juntos, dêem glória ao Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo” (15, 5 – 6).
A meta de uma comunidade cristã é a busca dos mesmos sentimentos, ou seja, sermos um só em Cristo. Mas, muitas vezes, os sentimentos de uns são diferentes dos sentimentos de outros. Como, então, Paulo pede aos romanos (e a nós, é claro), que tenhamos todos os mesmos sentimentos? Mas ele mesmo nos dá a solução, associando a esse pedido a expressão “a exemplo do Senhor Jesus”. Em resumo, Paulo pede a todos os cristãos que façam a mesma opção de vida que Jesus fez. Qual é essa opção? Nada mais, nada menos que o amor que serve, à semelhança do que Jesus fez em toda a sua vida.
Sabemos que os cristãos romanos eram diferentes na sua origem, raças e culturas (assim como em nossa comunidade cursilhista também somos diferentes em muitas coisas). Jesus, porém, não discriminou ninguém. Se Jesus acolheu a todos, então é isso que devemos fazer também. Não discriminar ninguém e amar a todos igualmente.
Paulo termina esta parte de Carta aos Romanos com seu segundo desejo: “Que o Deus da esperança lhes dê completa alegria e paz na fé, para que vocês transbordem de esperança, pela força do Espírito Santo” (15, 13).
Conclusão da Carta aos Romanos: Paulo lembra aos Romanos (e a nós também) que o seu ministério foi concedido por Jesus para que ele pregasse principalmente aos não judeus. Dessa forma, seus ensinamentos são os ensinamentos do próprio Cristo, enviados a todos nós.
Esta carta foi escrita em Corinto, na Grécia, antes de Paulo empreender a viagem a Jerusalém levando o dinheiro da coleta feita em suas comunidades para doá-la aos Apóstolos, que estavam enfrentando dificuldades econômicas devidas às perseguições. Sabemos que nem todos os cristãos de Jerusalém confiavam em Paulo, lembrando que ele havia perseguido cristãos durante muito tempo. Resultado: Paulo chegou a ser preso em Jerusalém, mas acabou conquistando a confiança dos Apóstolos e foi libertado.
A carta termina com um solene louvor a Deus e a seu Filho Jesus Cristo.