Vinde Espírito Santo!

Material para catequese
Material para catequese

Nesta Solenidade de Pentecostes vamos pedir a graça do Espírito Santo: nesse dia o Espírito Santo desceu com poder sobre os discípulos, reunidos no Cenáculo.

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os batizados, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

O Evangelho(cf. Jo 20,19-23) apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências. O Evangelho nos situa no Cenáculo, mas na noite do Domingo da Ressurreição(cf. Jo 20,19). Jesus diz, duas vezes, aos Onze: “A paz esteja convosco!”(cf. Jo 20,19. Jo 20,21). A Paz, dom do Senhor Ressuscitado, é o fruto da reconciliação, do seu Sacrifício que nos redimiu da escravidão do pecado e da morte. Esta Paz nos é concedida no Sacramento da Reconciliação: por meio dos Ministros da Igreja(Bispos e padres) nos é dado o perdão dos pecados(cf. Jo 20,22-23). Fica claro que o dom do perdão dos pecados pacifica os corações. A paz de Cristo só se difunde através dos corações renovados de homens e de mulheres reconciliados, que se tornaram servos da justiça, prontos a espalhar pelo mundo a paz unicamente com a força da verdade, sem fazer compromissos com a mentalidade mundana, porque o mundo não pode doar a paz de Cristo. A Igreja, fermento de reconciliação que provém de Deus, anuncia e testemunha a Paz que o Ressuscitado trouxe em Pentecostes e que permanece viva no coração dos homens e mulheres reconciliados em Cristo.

Na primeira leitura(cf. At 2,1-11), São Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas. Antes da Ascensão ao céu, Jesus ordenou aos Onze que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem que se cumprisse a promessa do Pai(cf. At 1,4-5). Os Apóstolos permaneceram juntos e unânimes na oração, com a Virgem Maria, algumas mulheres e outros discípulos(cf. At 1,13s). Este fato evidencia que a eficiência missionária depende da oração, da concórdia na comunidade dos fiéis e principalmente da ação do Divino Espírito Santo, o verdadeiro protagonista da Santa Mãe Igreja. São Lucas usa as imagens do vento e do fogo para indicar a vinda do Espírito Santo. Estas imagens recordam o recebimento da Lei no monte Sinai(cf. Ex 19,33s). As línguas de fogo representam o Pentecostes como um novo Sinai, ou seja, a Aliança com Israel se torna universal, isto é, católica. A Igreja é católica e missionária desde a sua origem. O Espírito Santo capacita os corações de compreenderem as línguas de todos porque restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a terra e o céu. O Divino Espírito Santo é amor.

Na segunda leitura(cf. 1Cor 12,3b-7.12-13), São Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

É fundamental ressaltar que na celebração do Pentecostes, cumpre-se a promessa de Jesus aos discípulos: “O Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier dará testemunho de mim e vocês também darão testemunho de mim” (15, 26-27a). Reconhecer esta presença de Deus, que se fez um conosco, nos impulsiona a testemunhar e testemunhando anunciar que Ele esteve morto, mas agora vive. Que foi por nós, pregado numa Cruz, mas que para nossa salvação, ressuscita glorioso. Vem de Deus para nos trazer Deus. Volta para Deus para nos levar consigo até Deus. “Se eu não for para junto do Pai, não poderei enviar-lhes o Dom do Pai”. Se eu não voltar para o meu Pai, não poderei levá-los para junto do meu Pai. É necessária esta passagem. Fez-se necessária à sua morte. Foi uma realidade este evento, é necessário total acolhida da nossa parte para recebermos o Dom do Pai. O Espírito Santo nos é oferecido para que vivamos no hoje da nossa história a alegria plena, pela certeza de que já fomos salvos pelo Cristo de Deus.

A docilidade dos dons do Divino Espírito Santo, no testemunho da paz evangélica, nos ensina que tudo é renovado na união com Jesus no seu mistério pascal. Por isso rezemos: Espirito de Deus, enviai dos céus um raio de luz. Vinde, Pai dos Pobres, dai aos corações vossos sete dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alivio, vinde! No labor, descanso, na aflição, remanso, no calor, aragem, Ao sujo, lavai. Ao seco, regai. Curai o doente. Ao sujo, lavai. Ao seco, regai. Curai o doente. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. Enchei, luz bendita, chama que crepita o íntimo de nós. Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. Dai a vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai, em prêmio ao forte, uma santa morte, alegria eterna. Amém. Dai, em prêmio ao forte, uma santa morte, alegria eterna. Amém.

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG