Rezar com insistência e humildade o Pai Nosso!

Rezar com insistência e humildade o Pai Nosso
Material para catequese
Material para catequese

O tema fundamental que a liturgia nos convida a refletir, neste 17º domingo do Tempo Comum, é o tema da oração. Ao colocar diante dos nossos olhos os exemplos de Abraão e de Jesus, a Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração e ensina-nos a atitude que os batizados devem assumir no seu diálogo com Deus.

Cento e cinquenta são os salmos que um judeu piedoso conhecia decorado a maioria deles e muitas outras orações de bênçãos ligadas às diversas circunstâncias da vida e da atividade cotidiana.

A primeira leitura (Cf. Gn 18,20-32) sugere que a verdadeira oração é um diálogo “face a face”, no qual o homem – com humildade, reverência, respeito, mas também com ousadia e confiança – apresenta a Deus as suas inquietações, as suas dúvidas, os seus anseios e tenta perceber os projetos de Deus para o mundo e para os homens.

O Evangelho (Cf. Lc 11,1-13) senta-nos no banco da “escola de oração” de Jesus. Ensina que a oração do crente deve ser um diálogo confiante de uma criança com o seu “papá”. Com Jesus, o crente é convidado a descobrir em Deus “o Pai” e a dialogar frequentemente com Ele acerca desse mundo novo que o Pai/Deus quer oferecer aos homens.

O discípulo de Jesus que pediu para que ele ensinasse a rezar (Cf. Lc 11,1), não queria aprender mais uma oração, mas estava fascinado com o modo como Jesus orava, ou seja, a sua intimidade com o Pai. O desejo do discípulo era tornar-se um orante, como Jesus. A oração do Pai Nosso (Cf. Lc 11,2-4), mais do que uma fórmula de oração, é uma atitude de confiança filial ao cuidado do Pai do Céu. Cada batizado pode dirigir-se a Deus como “Pai”, porque o Cristo Senhor nos reconciliou com o Pai, através do seu sacrifício na cruz, perdoando os nossos pecados: somos perdoados e recriados como filhos no Filho Jesus. Assim, nós fomos incluídos como membros de Cristo, na vida divina, na vida do Filho, na intimidade e relação de Jesus com o Pai. Tal realidade, totalmente nova, é o coração da Oração do Senhor, ou Oração Dominical, o Pai Nosso que devemos rezar todos os dias. A novidade não está no conteúdo dos pedidos, pois os pagãos pediam pelos alimentos necessários, os judeus imploravam a vinda do Reino e o perdão dos pecados, mas na confiança, no abandono da vida do orante nas mãos de Deus. Jesus é o Orante por excelência; é por ele, com ele e nele, que nos dirigimos ao Pai no Espírito Santo. A oração cristã é participação na oração de Cristo, pois ele está à direita do Pai intercedendo por nós (Cf. Hb 7,25), ou seja, como Sumo e Eterno Sacerdote, ele continuamente se oferece ao Pai no Espírito para a nossa salvação.

A Liturgia cristã, pela celebração dos sacramentos, cujo centro é a Santa Eucaristia, a Liturgia das Horas e o Ano Litúrgico é a atualização da obra Redentora do Senhor Jesus, o Vivente, direcionada para a glória do Pai e para a santificação de cada pessoa. No fim do Evangelho, Jesus nos aponta o essencial que devemos pedir: o Espírito Santo. Nossa vida, nossa oração, nossos pedidos, devem estar em comunhão do Espírito Santo, ou seja, de acordo com o querer de Deus. O Pai só ouve o coração que se deixa conduzir pelo seu Espírito ou a oração que contribui para uma maior abertura à ação do Paráclito.

A segunda leitura (Cf. Cl 2,12-14), sem aludir diretamente ao tema da oração, convida a fazer de Cristo a referência fundamental (neste contexto de reflexão sobre a oração, podemos dizer que Cristo tem de ser a referência e o modelo do crente que reza: quer na frequência com que se dirige ao Pai, quer na forma como dialoga com o Pai).

Rezemos com grande confiança a Oração do Pai Nosso: não tenhamos medo de chamar a Deus de Pai. Devemos fazer do nosso coração o lugar da acolhida do projeto de Deus na nossa vida. Diante do Pai, com fé, esperança e confiança, vamos bater à porta, suplicar, chorar apresentando todas as preocupações. Tenho plena certeza de que o Todo-Poderoso ouvirá, atenderá, e responderá abundantemente de acordo com o tamanho da nossa oração. O desafio se chama: persistência, disciplina e fidelidade na oração. Portanto, como disse Paulo aos novos convertidos de Tessalônica também digo a ti: reze sem cessar, ou seja: Não pare de rezar! Confie e Deus irá ouvir as suas preces!

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG