Nossa carne é fraca

Paixão de Cristo - morte de Jesus
Material para catequese
Material para catequese

Mais que simples denominação de uma operação sanitária, o título acima é a constatação de nossa triste realidade: a carne que ocupamos um dia irá desaparecer… Para esta dispensa-se qualquer controle de qualidade ou selo de garantia. Nem procedência, nem referência de criação, nem carteira completa de vacinação, nada irá preservar ou garantir nossa ilibada reputação biológica ou genética racial. Nada! Somos pó, nada mais!

Diante de descrição tão mórbida e derrotista muitos irão parar a leitura por aqui. Afinal já disse tudo: a vida é uma ilusão passageira e ponto final. Será? Então o desafio a continuar.

Nosso espírito é forte. Possui o DNA da Eternidade, a genética do divino. Não à toa, no limiar da própria morte, o Nazareno o devolveu ao Criador: “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito”! Ao contrário da própria carne, que entregou a nós, escravos e prisioneiros terrenos, um igual na sua vida terrena, mas um carente na compreensão do outro lado dessa realidade humana. Um corpo, um espírito! Jesus, em seu momento crucial, bem separou essa realidade terrena e transcendental de que estamos revestidos, o “Lugar da Caveira” onde plantaram sua cruz sacrifical, da porta de transposição terrena, onde “Tudo está realizado”, em sua plenitude espiritual. Essa seria a grande motivação da submissão de Cristo diante de sua cruz: levar-nos à compreensão da nossa própria imortalidade.

A morte de Jesus foi a maior lição de vida que nós humanos pudéssemos receber de seus ensinamentos. Aceitou seu holocausto, ser abatido como ovelha no altar, como vítima de oblação e oferenda sagrada, apenas e tão somente para abrir os horizontes humanos para o outro lado da nossa própria realidade. A carne talvez seja realmente fraca, mas o espírito que esta abriga é grandioso o suficiente para vencer qualquer limite, até a morte. “Sabemos muito bem que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que o corpo do pecado fosse destruído e assim não sejamos mais escravos do pecado” (Rom 6, 6). Querem melhores razões do que estas? Não seria a consciência de nossos limites o freio necessário para não nos arvorarmos em donos da verdade e senhores absolutos duma história de vida que se esvai ilusoriamente? Sem maiores esperanças, a vida humana cairia no vazio da inutilidade, da decepção e nenhum esforço humano para ampliar sua vida, realizar seus sonhos, construir melhorias, alcançar sucesso, nada disso teria sentido. Assim pensando, às favas nossas normas, leis, etiquetas, conveniências sociais, aprimoramento cultural, estudo, família, tudo, tudo que nos impõe limites. Abaixo padrões de comportamento, abaixo Deus com seus anjos e demônios, padres e santos! Assim pensando, iríamos todos para o abatedouro da esperança, o frigorífico da insensatez!

Mas, oh glória! Cristo morreu para nos ensinar a viver. E também morrer com Ele… “De fato, quem está morto, está livre do pecado. Mas, se estamos mortos com Cristo, acreditamos que também viveremos com ele, pois sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele” (Rom 6, 7-9). Sua carne será realmente verdadeira comida e seu sangue verdadeira comida. “Pois quem come minha carne e bebe meu sangue, terá a vida eterna”! Querem alimento mais precioso?