Curso 03 Aula 17 – O Décimo Mandamento

A Cobiça e o Décimo Mandamento: Reflexões do Catecismo
Material para catequese
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Introdução: O Décimo Mandamento e seu Propósito

“Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex 20, 17).
A mensagem contida no Décimo Mandamento tem um profundo significado espiritual e moral. Ele não apenas complementa o Nono Mandamento, mas também aborda diretamente as intenções do coração. Através de sua orientação, somos chamados a vencer a cobiça, evitando que desejos desordenados pelos bens alheios se transformem em ações que desagradam a Deus e ferem nosso próximo.

A Raiz da Cobiça: A Intenção do Coração

A cobiça é um desejo intenso por algo que pertence a outro. Embora o desejo de progresso ou posse de bens possa ser legítimo, quando ultrapassa os limites da razão, ele se torna prejudicial. Assim, o Décimo Mandamento nos alerta a direcionar corretamente nossas intenções:

  • Evitar o roubo e a violência, que são consequências da cobiça.
  • Rejeitar a injustiça, que desrespeita o direito do próximo.

Sobretudo, ele nos chama a examinar o coração e buscar a caridade como caminho de vida.

A Desordem das Concupiscências

A sensibilidade humana, geralmente, nos leva a desejar coisas que não possuímos, muitas vezes, de maneira desmedida. Dessa forma, esse apego desordenado aos bens materiais pode levar à avareza, como ensina a Sagrada Escritura:
“O avarento nunca se farta do dinheiro” (Eclo 5, 9).

Como superar a concupiscência?

  1. Reconheça a bondade em desejar progresso, mas respeite os limites impostos pela justiça.
  2. Banir a inveja, como exemplifica o profeta Natã ao rei Davi (2Sm 12, 1-4).
  3. Valorizar o que possuímos e agradecer pela providência divina.

Os Desejos do Espírito: O Caminho do Desapego

Deus nos orienta a evitar a sedução de bens que não nos pertencem, pois o Décimo Mandamento nos ensina a desapegar das riquezas terrenas. Em Lucas 14, 33, Jesus desafia seus discípulos:
“Renunciem a todos os bens por causa de mim e do Evangelho.”

O verdadeiro desapego dos bens materiais é um requisito para entrar no Reino de Deus. Exemplos como a viúva pobre de Jerusalém (Lc 21, 4) mostram como o desprendimento e a confiança em Deus levam à verdadeira felicidade.

A Pobreza de Coração e as Bem-Aventuranças

A pobreza de espírito é exaltada por Jesus nas Bem-Aventuranças:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 3).

O que significa ser pobre de espírito?

  1. Reconhecer que a riqueza material é passageira.
  2. Buscar a felicidade na graça de Deus, não nos bens terrenos.
  3. Praticar a caridade, caminho para a bem-aventurança eterna.

A Visão de Deus: O Fim Último dos Desejos

O desejo pela felicidade verdadeira deve nos libertar do apego às coisas deste mundo. Nosso coração deve estar direcionado para a contemplação de Deus, como ensina o Catecismo:
“Quero ver a Deus.”

Para isso, somos chamados a:

  • Lutar contra a concupiscência.
  • Superar as seduções do poder e das riquezas.
  • Buscar os bens espirituais prometidos por Deus.

A Cobiça e o Chamado à Comunhão com Deus

O Décimo Mandamento, portanto, nos convida a um exercício constante de retidão e desapego. Afinal, apenas por meio da graça divina e da prática da pobreza de coração é que alcançaremos a comunhão perfeita com Deus e, enfim, contemplaremos Sua face na eternidade.