O PECADO
(Itens 1846 a 1869 do Catecismo da Igreja Católica)
A misericórdia e o pecado -: o Evangelho é a revelação da misericórdia de Deus para com os pecadores. Porém, acolher a misericórdia de Deus exige de nossa parte a confissão de nossos pecados. “Se dissermos: `não temos pecado´, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda injustiça” (1Jo 1, 8 – 9).
Como afirma São Paulo Apóstolo, “onde o pecado abundou, a Graça superabundou”. Mas, para realizar seu trabalho, a Graça de Deus deve descobrir o pecado, a fim de converter o nosso coração. Como o médico que examina a ferida antes de curá-la, assim Deus projeta uma luz viva sobre o pecado, por sua Palavra e por seu Espírito. Assim, a misericórdia de Deus requer que se lance uma luz (a confissão) sobre o pecado cometido, bem como um julgamento do erro pela nossa consciência (o arrependimento). Quando possível, ao perdão da falta exige a sua reparação.
A definição do pecado -: o pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta contra o amor verdadeiro, contra Deus e contra o próximo. Tudo isso acontece, na maioria das vezes, por causa de um apego doentio a certos bens, materiais ou não. O pecado foi definido como sendo uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei de Deus. O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações.
A diversidade do pecado -: a variedade dos pecados é grande. Podemos distinguir os pecados segundo o seu objetivo, ou segundo as virtudes a que eles se opõem, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Podemos também classificá-los conforme ofendem a Deus, ao próximo ou a pessoa mesma. Os pecados podem ainda ser divididos em pecados espirituais e pecados materiais e também em pecados por pensamentos, palavras, atos e omissões. Finalmente, os pecados podem ser cometidos por um só indivíduo (pecado individual) ou por várias pessoas em conjunto (pecado social).
A gravidade do pecado: mortal e venial -: todo pecado é uma ofensa (grave ou moderada) contra o princípio primeiro da lei de Deus que é a caridade, aqui compreendida como o amor a Deus. O pecado mortal destrói a caridade, o que exige as condições já comentadas acima para a sua reparação (confissão, arrependimento e reparação). O pecado venial não destrói a caridade, embora a ofenda.
Para que o pecado seja mortal, requerem-se três condições: matéria grave, pleno conhecimento e pleno consentimento. A matéria grave significa ofensa contra um ou mais dos dez mandamentos da Deus. O pecador deve ainda saber que aquilo é pecado e desejar fazê-lo. Se uma destas três condições faltar, o pecador não será culpado de pecado mortal.
A ignorância involuntária pode diminuir ou até anular a responsabilidade do pecado mortal. Entretanto, supõe-se que ninguém ignore a lei moral que existe, conforme já vimos, dentro da própria consciência de cada um, lá colocada por Deus.
Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria não grave, a medida exigida pela lei moral. O pecado venial enfraquece a caridade, o que resulta numa afeição exagerada pelos bens terrenos, debilitando o progresso nas virtudes e na sua prática. Mas o pecado venial não nos torna contrários à amizade com Deus e nem resulta na perda de Graça santificante, que são características do pecado mortal. Mas não se considere que os pecados veniais não tem importância: um grande número de gotas forma um rio, é bom lembrar.
Existe um pecado que não tem remissão: é o pecado contra o Espírito Santo. “Aquele que pecar contra o Espírito Santo não terá remissão para sempre. Pelo contrário, é culpado de um pecado eterno” (Mc 3, 29). A misericórdia de Deus não tem limites, mas aquele que se recusar deliberadamente a acolhê-la pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Isso levará à perdição eterna.
A proliferação do pecado -: na maioria das vezes, o pecado é um ato pessoal. Mas temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros quando cooperamos com eles:
– participando neles direta e voluntáriamente;
– mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados;
– não os revelando ou não os impedindo;
– protegendo o pecador.
Dessa forma, o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros na proliferação do mal pelo mundo, e faz reinar entre eles a ambição desmedida, a injustiça e a violência.