A felicidade não existe para ser buscada

Dicas para ser feliz no seu dia a dia
Material para catequese
Material para catequese

Todos nós trazemos dentro do nosso coração o desejo de felicidade

Embora o tema principal deste artigo seja “felicidade”, considero relevante informar que não se trata de um texto que se enquadre na categoria de autoajuda. Portanto, nas linhas abaixo, não será apresentada uma sequência de “passos para se atingir a felicidade”.

Isso posto, quero iniciar o assunto com uma afirmação bastante contundente e, a meu ver, inequívoca: A grande maioria das pessoas, se não todas, busca a felicidade. Você conhece alguém que tenha como meta uma vida infeliz? Acredito que não, muito embora momentos de infelicidade façam parte da vida humana.

Trazemos em nós o desejo pela felicidade

Uma breve consulta no parágrafo 1718 do Catecismo da Igreja Católica nos faria entender que o desejo pela felicidade é natural e de origem divina. Foi o próprio Deus quem colocou essa aspiração no coração do homem a fim de atraí-lo a si.

Muitos santos da Igreja não apenas nos levam a entender um pouco mais desse impulso interior pela felicidade, mas nos aponta para a Sagrada Escritura e para o seu verdadeiro autor. Santo Tomás de Aquino, por exemplo, afirma: “só Deus satisfaz”. Santa Tereza d’Avila segue essa mesma linha de pensamento ao afirmar: “só Deus basta”.

Logo nos primeiros versículos do Salmo 1, o salmista exclama: “como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite”.

Os deuses e a felicidade

Em determinada ocasião, ouvi de um pregador uma pequena fábula que se enquadra muito bem no nosso assunto. Narra o conto que, em certa oportunidade, todos os deuses do panteão se reuniram para criar algo que fosse o mais perfeito possível. Eles trabalharam nessa criação com muito carinho e esmero. O resultado de todo esse cuidadoso trabalho foi o ser humano.

Ao perceber a estupenda obra criada, um dos deuses tomou a palavra e disse: “Realmente, fizemos um excelente trabalho! Mas temo que essa perfeição humana não seja positiva. Temo que, pelo fato de o homem ter sido criado com tamanha perfeição, ele possa pensar que não necessita mais de nós, seus criadores”. Um silêncio reinou naquele lugar.

Outro deus tomou a palavra e disse: “Acho que tenho a solução. Deixemos o homem da maneira como o criamos, porém, sugiro escondermos deles uma única coisa: o segredo da felicidade”. Ao ouvir essa fala, o deus mais pessimista retrucou: “Isso não vai adiantar. Nós criamos os seres humanos muito inteligentes! Mais cedo ou mais tarde, eles vão acabar descobrindo esse segredo também”.

O mais sábio dos deuses se levantou e disse: “Tenho uma solução. Vamos esconder esse segredo em um lugar onde eles nunca poderão encontrar”. Nesse momento, um burburinho tomou conta do templo “panteônico”. Os outros deuses se perguntavam: “Que lugar seria esse?”. O deus mais sábio finamente respondeu: “Vamos esconder o segredo da felicidade no interior deles mesmos”.

Engana-se quem pensa que a felicidade deve ser buscada!

Essa breve fábula foi apenas para ilustrar um princípio verdadeiro, todos nós portamos o segredo para felicidade dentro de nós. Esse desejo pela felicidade, que existe no meu e no seu coração, é um ingrediente sublime, e por que não dizer transcendente, que o próprio Deus colocou em nós para nos atrair a Ele?

Agora, gostaria de fazer uma afirmação até certo ponto polêmica: a rigor, a felicidade não foi criada por Deus para ser buscada. Antes que você discorde dessa afirmação, entenda os meus argumentos. Estou querendo mostrar que a felicidade não deve ser buscada enquanto fim último. Felicidade é consequência, e não fim. Muitos estão buscando momentos de felicidade nas drogas, no sexo, na fofoca, nas maledicências. Outros a estão buscando no dinheiro, no conforto, nas posses. Lamento informar, mas não vão encontrar.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 384, referindo-se ao Paraíso, afirma que a felicidade deriva da amizade do ser humano com Deus. Portanto, a felicidade é consequência, não fim. Não busque a felicidade, busque ser amigo de Deus e será feliz.

“Viver para o dom significa viver para uma causa [a causa de Jesus], dedicar-se a uma causa, entregar-se por esta causa, por essa missão. Seremos felizes? Sim. Mas a felicidade não é para ser buscada, a felicidade chega, a felicidade é consequência de uma vida vivida com significado”.

Seja amigo de Deus

Se a nossa vida fosse uma massa de bolo, o pecado não seria apenas um ingrediente fora da receita, mas um ingrediente podre, um corpo estranho que estraga toda a massa. O pecado, portanto, é o que faz o rompimento da nossa amizade com Deus, distancia-nos d’Ele. A consequência é óbvia, a infelicidade, a angústia, o vazio, a falta de sentido.

É possível ser muito rico e feliz da mesma forma que é possível ser muito pobre e feliz. A felicidade não está na quantidade de dinheiro, mas na amizade com Deus. Seja amigo de Deus e a felicidade permeará a sua vida, mesmo nos sofrimentos.

Quando perceber que a tentação o está empurrando para o pecado, lembre-se: esse é o caminho da infelicidade.

Deus abençoe você!
Até a próxima!

Gleidson Carvalho
www.cancaonova.com