Celebramos neste domingo o 29º do Tempo Comum. Somos convidados a nos colocar a serviço do irmão, escutando a Palavra do Senhor e sendo missionários, levando adiante a construção do Reino de Deus. Uma vez mais nos reunimos para celebrar o Senhor que venceu a morte e o pecado, morrendo por nós na cruz e nos garantindo a vida eterna por meio da ressurreição. Estamos no mês das missões e no dia da abertura diocesana do Sínodo dos Bispos.
Na liturgia deste domingo, a partir do que ouviremos no Evangelho, somos convidados a ocupar o último lugar, ou seja, não devemos querer ser os privilegiados ocupando o primeiro lugar, mas deveremos servir aos irmãos na humildade. É através das nossas ações diárias que será medido se mereceremos ou não a vida eterna. No final da nossa vida, será medido o quanto fomos capazes de amar o nosso próximo.
Enquanto estamos peregrinando nesta terra, devemos amar o próximo. Jesus nos ensinou isso quando esteve entre nós. A nossa vida é curta, pode durar 50, 60 ou 70 anos. Os mais velhos talvez cheguem a 80, 90. Por isso, devemos valorizar enquanto estamos aqui para pôr em prática aquilo que Jesus nos recomendou, que é amar ao próximo sem medida; e assim garantiremos a vida eterna.
A primeira leitura da missa (Is 53, 10-11) é extraído do chamado livro do “servo sofredor” de Isaías, que remete à figura de Jesus, pois assim como esse servo, Jesus sofreu em silêncio por amor a nós. O sofrimento, muitas vezes, vem para provar o tamanho da nossa fé e o quanto confiamos em Deus e, a partir do sofrimento, podemos vislumbrar lições que nos garantirão a vida eterna.
No Salmo Responsorial 33 (34), o refrão pede que venha a graça do Senhor sobre nós, pois n’Ele esperamos confiantes. O Senhor vem em auxílio daqueles que são justos e o temem e todos aqueles que vivem retamente. Peçamos ao Senhor para que venha em nosso auxílio e nos liberte de todo o mal, sobretudo o mal da pandemia da Covid-19.
A segunda leitura (Hb 4, 14 -16) pede para que nos mantenhamos firmes na fé, pois temos um sumo sacerdote eminente no céu, que sempre intercede por nós em nossas necessidades: Jesus Cristo. Aproximemo-nos do altar do Senhor e confiemos em sua misericórdia pedindo o perdão de nossos pecados.
No Evangelho (Mc 10, 35 -45) nos conta que os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram pedir a Jesus para que Ele deixasse um sentar à direita e outro à esquerda d’Ele na eternidade. Jesus, então, lhes pergunta: “Por acaso podeis beber o cálice que vou beber? Podereis ser batizados com o batismo que serei batizado? Eles respondem que poderão. Jesus lhes diz que eles de fato poderão, mas não cabe a Ele conceder um lugar à direita ou à esquerda d’Ele, isso compete ao Pai e para aqueles que foi reservado.
Os outros discípulos ao ouvirem isso se revoltaram com os dois irmãos, e Jesus lhes ensina que quem deve ser o primeiro é aquele que serve e que não menospreza os outros. Nós seremos julgados à medida que fomos capazes de amar o nosso próximo.
Quem deve ser o primeiro é aquele que tem essa disposição de se colocar a serviço dos irmãos, ajudando sobretudo os mais pobres e doentes. Estamos no Mês Missionário, que nos impulsiona a sairmos em missão para anunciar o reino de Deus
Jesus nos deu uma grande lição do que é o amor ao próximo quando lava os pés dos discípulos, ou seja, aquele que era o mestre foi capaz de se curvar diante de seus discípulos para dar-lhes o exemplo do que é o amor. Com esse gesto, Jesus quer nos dizer que não importa o grau de instrução que temos ou qual o nosso cargo, devemos amar a toda e qualquer pessoa, pois todos têm a mesma dignidade de Filhos de Deus.
Amemo-nos uns aos outros e coloquemo-nos a serviço do próximo e assim faremos parte do Reino de Deus iniciando aqui na terra e almejando o Reino que viveremos na eternidade ao lado de Jesus. São as nossas ações que nos julgarão e dirão se acolhemos o dom de Deus ou não na gratuidade da Salvação.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ