Muitas pessoas pensam que não perdoaram de coração porque continuam a sentir dor, raiva, raiva ou impotência diante de uma ofensa que receberam. Isso está correto?
Acho que não . Perdoar não significa que não machuco mais alguma coisa. Na verdade, na maioria das vezes, quando a ofensa foi profunda, a dor pode acompanhá-lo por muito tempo, até mesmo por toda a vida.
Não é a dor que mede se você perdoou ou não. O que a determina é a disposição de aceitar que o outro errou – como eu também posso errar – e que ele merece minha compaixão.
De fato, o Dicionário define o perdão como a “remissão da pena merecida, da ofensa recebida ou de qualquer dívida ou obrigação pendente”. Ou seja, perdoar consiste em não exigir uma compensação por algo que talvez mereça.
Se eu for submetido a uma cirurgia ligamentar do joelho, sairei da sala de cirurgia com dores que podem me acompanhar por vários dias e semanas. Isso não significa que não estou curado, mas sim que devo trabalhar para me reabilitar totalmente.
Da mesma forma, perdoar me cura, porque tira de mim um tumor que, de outra forma, acabaria me devorando. Mas não basta jogar fora, agora tenho que trabalhar para me fortalecer. Em que pode consistir esta terapia?
1. Escolha o amor, não os rancores
Os rancores são como o ácido que pouco a pouco corrói a alma. É como engolir pedaços de vidro. Se não for removido, acabará por destruí-lo completamente.
Escolher o amor é aceitar o outro como ele é, com seus defeitos e suas qualidades. Sem deixar que seus erros ofusquem seus sucessos.
2. Escolha a compaixão, não a vingança
Ser compassivo é se colocar no lugar do outro, é tentar experimentar seu próprio arrependimento ou, na falta disso, sua fraqueza.
A vingança não cura o coração, mas o envenena mais profundamente. Porque a ofensa que alguém nos faz sempre será de fora, mas nós criamos a vingança dentro de nós.
3. Escolher crescer, não estagnar no mesmo
O perdão deve nos levar a crescer, a ser mais maduros e fortes.
Certa vez, uma pessoa me confessou que ter perdoado o marido infiel durante anos lhe dera a liberdade necessária para amar de maneira mais profunda e consciente.
4. Escolha a humildade, não a arrogância
E muito fácil julgar os outros pelo que fizeram, principalmente quando é uma ofensa clara contra mim. Mas,quem garante que você não fará o mesmo com o passar dos anos?
Escolher a humildade significa reconhecer que também não sou perfeito, que posso errar e que sou capaz de cometer os mesmos erros, ou até piores. O arrogante acredita estar acima dos outros, quando é apenas mais um ser humano tão imperfeito quanto todos os outros.
5. Escolha a força de Deus, não a sua
Este último exercício é o mais importante. Porque perdoar de coração só é possível se for feito a partir do próprio Coração de Jesus. Porque Ele mesmo nos disse: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai celestial, que faz nascer o sol sobre maus e bons, e chover sobre justos e injustos. ” Mt 5, 44-45
Por: P. Adolfo Güémez